21 julho 2024

"Eu Sou: Celine Dion" um relato da fragilidade e dos dias sombrios da artista

Documentário mostra o amor da artista em se apresentar em público, o desejo de voltar aos palcos e a paixão por sapatos (Reproduções Prime Video)

 

Marcos Tadeu


"Eu Sou: Celine Dion" é um dos bons documentários que vale a pena ser assistido no Prime Video. A produção revela um lado desconhecido da cantora canadense, mostrando sua rotina diária entre os afazeres de uma estrela, a vida doméstica, os momentos de vulnerabilidade. Além da paixão por sapatos - mais de 10 mil pares de diversos tamanhos -, guardados num depósito em Las Vegas, cidade onde a artista mora.


Celine Dion alcançou fama mundial nos anos 1990 com sucessos como "My Heart Will Go On" (da trilha sonora de "Titanic”), "The Power of Love" e "Because You Loved Me". Ganhou cinco Grammys Awards, incluindo Álbum do Ano e Melhor Performance Vocal Pop Feminina. 

E foi na entrega do Grammy de 2024, no dia 4 de fevereiro, que ela fez uma aparição surpresa ao anunciar o prêmio de Melhor Álbum do Ano, conquistado por Taylor Swift.

Conhecida por sua poderosa voz e emocionantes baladas, Dion vendeu mais de 200 milhões de álbuns globalmente. Além de sua carreira musical, realizou uma bem-sucedida passagem por Hollywood, com participações no cinema, como em "Era uma Vez... Deadpool" (2018)


Dirigido por Irene Taylor, o documentário nos apresenta a artista em seus dias comuns e como ela se tornou o sucesso atual, sem seguir uma linha cronológica. Conhecemos o auge de sua carreira, a relação com a família, e descobrimos que Céline Marie Claudette Dion é a mais jovem de 14 irmãos, todos com um amor pela música.

René Angélil, seu marido, também tem um papel importante no documentário, mostrando como o casal lidou com o nascimento de seus filhos em meio à fama e aos holofotes.


O documentário apresenta um dos aspectos mais comoventes da vida da cantora e compositora: seu diagnóstico de Síndrome da Pessoa Rígida (SPR), uma doença neurológica rara e autoimune, que causa rigidez e espasmos musculares dolorosos. 

Celine fala abertamente sobre suas dificuldades e sentimentos, contrastando com suas palavras de gratidão por tudo o que conquistou. Ela brilha e comove o público, especialmente quando vemos como a doença afetou o instrumento mais potente de sua vida - a voz.


Apesar da força do documentário, senti falta de depoimentos de pessoas próximas a Celine. Ouvir a família e amigos que a acompanham poderia reforçar a mensagem de que, mesmo sendo uma grande estrela, ela é frágil em seus momentos e não precisa ser forte o tempo todo. 

"Eu Sou: Celine Dion" é um convite para conhecer os dias sombrios da artista de maneira crua, forte e bela, impactando profundamente seu público e oferecendo a oportunidade para novos fãs conhecerem mais de sua história. Emocionante!


Ficha técnica:
Direção e roteiro:
Irene Taylor
Produção: Amazon MGM, Sony Music Entertainment, Vermilion Films
Exibição: Prime Video
Duração: 1h42
Classificação: Livre
Países: Canadá e EUA
Gêneros: documentário, musical

18 julho 2024

Minissérie “Ripley”, da Netflix, nos dá o direito de torcer pelo vilão

Andrew Scott interpreta o protagonista que vive de aplicar golpes, mas também tem um passado sombrio
(Fotos Netflix)


Jean Piter Miranda


Para quem gosta de torcer pelo vilão, está disponível na Netflix a minissérie “Ripley”. A obra tem como protagonista Tom Ripley (Andrew Scott), um homem que vive de aplicar pequenos golpes na Nova York dos anos 1960. Ele é recrutado por um empresário muito rico para uma missão: viajar para a Itália e convencer o filho desse milionário a voltar para casa. 

Tom aceita. Além de ter todas as despesas pagas para passear pelo país europeu, a proposta inclui um bom pagamento em dinheiro. Nesse cenário, ele vê uma ótima oportunidade de ter ganhos ainda maiores. 


O filho do milionário é Dickie Greenleaf (Johnny Flynn), que vive na pequena e bela cidade de Atrani, no sul da Itália. Ele passa os dias com a namorada Marge Sherwood (Dakota Fanning), em uma rotina de muita tranquilidade. Entretanto, tudo muda com a chegada de Tom. 

Ao longo da trama, o golpista contratado usa mentiras e mais mentiras, se comportando como uma pessoa sensata, calma e centrada. Faz encenações e consegue disfarçar muito bem a pessoa fria, cruel, manipuladora e calculista que realmente é. Assim, aos poucos, se aproxima de Dickie e vai ganhando a confiança do jovem. Isso enquanto sua presença incomoda cada vez mais a bela Marge. 


A minissérie tem apenas oito capítulos e um poder enorme de prender a atenção do espectador. É um suspense psicológico. A dúvida é saber se Tom vai ser pego nessa vez ou na próxima. Ele parece ter sempre uma carta na manga e estar um passo à frente. Mesmo assim, a todo o momento fica a dúvida se deixou pistas, rastros, vestígios e como vai reagir se for pego de surpresa. 

Em um determinado momento, a obra vira uma trama policial. Investigação, corrida de gato e rato, sem deixar o suspense de lado.E no meio disso tudo, é supernormal torcer pelo vilão só pra ver onde tudo vai dar. 


Os oito capítulos são todos em preto e branco, o que deixa a ambientação ainda mais perfeita. As roupas, os carros, os cenários, tudo é feito com muito cuidado. Reproduzem com perfeição os anos 1960. Andrew Scott está impecável. Dakota Fanning também tem muita presença. Johnny Flynn destoa e entrega atuação bem sem graça. 

Coco Sumner, cantor e ator britânico, interpreta Freddie Miles de forma brilhante. Um personagem muito chato e bem arrogante que, quando está em tela, rouba as atenções. 

O elenco ainda é composto por vários atores italianos, falando o idioma local, o que traz um realismo ainda maior à minissérie. Não é como aqueles filmes em que todo mundo, convenientemente, fala inglês fluente onde quer que esteja. É um detalhe que faz muita diferença. 


Vale destacar que, mesmo com imagens monocromáticas, os cenários são lindos. Veneza, Nápoles, Roma e Sicília. Igrejas, esculturas, obras de artes, casarões, praias, paisagens, viagens de trem. Uma riqueza cultural sem tamanho. Dá muita vontade de viajar pela Itália. 

E para deixar a obra ainda mais rica, a trama amarra bem a história de Tom com a do grande pintor Caravaggio. É uma minissérie para maratonar e contemplar. 

Música

A trilha sonora está simplesmente perfeita. Não há outra forma de descrever o trabalho de Jeff Russo. Canções que podem ser ouvidas clicando nesta playlist


Adaptação

“Ripley” é baseado no livro “O Talentoso Ripley”, de Patricia Highsmith. A direção é do armênio-americano Steven Zaillian, que atuou como roteirista de grandes produções como “O Irlândês” (2019), “Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres” (2011) e “Gangues de Nova York” (2002). 

A obra, de 1955, considerada um clássico da literatura policial,já foi adaptada para o cinema em “O Sol por Testemunha” (1960), com Alain Delon como protagonista. 

Em 1999, outra versão foi lançada, mantendo o título original: “O Talentoso Ripley”. O filme tem Matt Damon como Ripley, Jude Law e Gwyneth Paltrow formando o casal Dickie e Marge, com a ótima direção de Anthony Minghella.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Steven Zaillian
Produção: Netflix e Filmrights
Exibição: Netflix
Duração: 8 episódios
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: drama, suspense, policial
Nota: 4,5 (0 a 5)