21 agosto 2024

Festival Bárbara de Cocais abre hoje com cinema, palestras, oficinas e creche parental pública

(Fotos: Divulgação)


Da Redação


De hoje a 24 de agosto, as cidades de Santa Bárbara e Barão de Cocais, a 98 Km de Belo Horizonte, recebem o 1º Festival Bárbara de Cocais - Cinema e Formação Humana, que combina palestras, mostra de cinema, oficinas e creche parental pública. A edição acontece em diferentes espaços situados nos arredores da Praça Monsenhor Gerardo Magela, em Barão de Cocais, e no Parque Recanto Verde, em Santa Bárbara. 

Com programação gratuita e atividades para públicos de todas as idades, o Festival Bárbara de Cocais promove a criação temporária de uma sala de cinema onde são exibidos filmes brasileiros e estrangeiros que abordam, de distintas maneiras, a questão da formação humana. A programação do festival pode ser conferida no site www.barbaradecocais.org

Dos 3 aos 3 (Pablo Lobato)

Com a curadoria de Pablo Lobato e Gustavo Jardim, a Mostra de Cinema será realizada no salão paroquial do Santuário de São João Batista, em Barão de Cocais. O evento combina diferentes recortes do cinema contemporâneo, desde o popular ao documentário experimental, com três sessões diárias, de quarta a sábado.

Entre os trabalhos que serão exibidos figuram títulos nacionais, como "República" (2020), de Grace Passô; "Fantasmas" (2010), de André Novais Oliveira; "Nada" (2017), de Gabriel Martins; "Dos 3 aos 3" (2023), de Pablo Lobato; "Que Horas Ela Volta?" (2015), de Anna Muylaert; "Últimas Conversas" (2014), de Eduardo Coutinho; e "Terra Deu, Terra Come" (2010), de Rodrigo Siqueira. 

Que Horas Ela Volta? (Anna Muylaert)

Além de obras estrangeiras, como o japonês "Meu Amigo Totoro" (1998), de Hayao Miyazaki; o francês "Tomboy" (2011), de Céline Sciamma; e o mexicano "Radical" (2023), de Christopher Zalla. 

No encerramento da mostra ocorre a pré-estreia do filme brasileiro "Oroboro" (2024), de Pablo Lobato, idealizador do evento. O documentário acompanha as descobertas, dores e alegrias vividas por duas turmas de estudantes ao adaptarem para o teatro as obras "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa, e "A Flauta Mágica", de Mozart. 

República (Grace Passô)

Atividades Formativas

A programação de palestras inclui grandes nomes do pensamento brasileiro: a filósofa, psicanalista e poeta Viviane Mosé, que apresenta "Educação, criação e vontade"; a poeta, dramaturga, ensaísta e professora Leda Maria Martins, com "Nos espirais da formação humana"; e a psicóloga, professora e pesquisadora Virgínia Kastrup, em "Encontros com o cinema: o cuidado e o cultivo do comum". As palestras serão realizadas de quarta a sexta, no Cine Rex, em Barão de Cocais, sempre às 18 horas.

Na grade de oficinas, o cineasta, curador e educador Gustavo Jardim ministra a atividade "O Cinema ao Redor", também no Cine Rex. Já a artista, escritora e professora Julia Panadés conduz a oficina "Desenho-Palavra em Movimento", na Cozinha Escola, também em Barão de Cocais. 

Oficina de cinema

O artista plástico e pesquisador, Gandhy Piorski, por sua vez, oferece duas edições da oficina "A criança, os cinco sentidos e o brincar", sendo uma no Cine Rex, em Barão de Cocais, e outra no Parque Recanto Verde, em Santa Bárbara.

Sob a condução da artista convidada Graziela Kunsch, a Creche Parental Pública será instalada na área externa do Santuário de São João Batista entre quarta e sábado, permanecendo aberta ao público entre 9 e 17 horas.

Creche parental

Serviço:
Festival Bárbara de Cocais - Cinema e Formação Humana
Data: de 21 a 24 de agosto de 2024 (quarta a sábado)
Locais: Barão de Cocais e Santa Bárbara (MG)
Programação: gratuita
Espaços que integram o festival:
- Santuário de São João Batista (salão paroquial e pátio lateral)
Praça Monsenhor Gerardo Magela, 12, centro - Barão de Cocais
- Cine Rex - Praça Monsenhor Gerardo Magela Pereira, 254, centro - Barão de Cocais
- Cozinha Escola - Rua São Manoel, 326, centro - Barão de Cocais
- Parque Recanto Verde (auditório) - Av. Raimundo Linhares, 430, São Vicente - Santa Bárbara
Informações:
Site: www.barbaradecocais.org ou no Instagram do evento: @barbaradecocais

20 agosto 2024

“O Último Pub”: preconceito, xenofobia e alguma esperança no ar

Longa se passa num vilarejo da Inglaterra preste a desaparecer, que recebe a chegada de imigrantes sírios com seus costumes
(Fotos: Why Not Productions)


Mirtes Helena Scalioni


Brilhante, atento e comprometido com as causas sociais, o diretor britânico Ken Loach entrega ao público mais uma obra que leva à reflexão. Em cartaz no Centro Cultural Unimed Minas-BH e no Cine UNA Belas Artes, “O Último Pub” toca em mais uma ferida atual e dolorida: a xenofobia. 


Depois de obras-primas como “Eu, Daniel Blake” (2016), sobre a perversidade da burocracia, e “Você Não Estava Aqui” (2018), sobre o que alguns chamam de uberização do trabalho, Loach continua certeiro e crítico. Com roteiro bem amarrado e sem firulas de Paul Laverty, a história se passa num vilarejo ao nordeste da Inglaterra, no Condado de Durham.

Praticamente falida e prestes a desaparecer desde que as minas da região deixaram de ser exploradas, a vila se vê diante de uma novidade: a chegada de imigrantes sírios com seus costumes, suas dores e disposição para recomeçar.


Enquanto a presença dos “cabeças de pano” acende preconceitos entre a maioria dos habitantes de Durham, o proprietário do único pub do lugar, T.J Ballantyne, decide atuar na contramão e, após fazer amizade com a jovem síria Yara, se junta a ela num trabalho de assistência aos refugiados. 

A dobradinha entre o velho e a jovem, interpretados na medida por Dave Turner e Ebla Mari, incomoda os moradores na mesma medida em que enternece o espectador.


O título original do filme em inglês é “The Old Oak” – "O Velho Carvalho", em tradução literal, exatamente o nome do pub de T.J Ballantyne. Suas janelas e portas são reabertas para a caridade pública após anos abrigando apenas antigas fotografias e memórias dos áureos tempos de exploração das minas com suas greves e conquistas.

Além da dupla Dave Turner e Elba Mari, destacam-se no elenco Claire Rodgerson, como Laura, que se junta aos dois, e Trevor Fox, como Charlie, o mais falante da turma de amigos que passa os dias tomando litros de cerveja no The Old Oak. 


Outro destaque é a beleza do lugar, com paisagens lindas e bucólicas, com direito a uma visita ao interior da catedral de Durham, em momento de muita emoção. Para quem gosta de animais, é preciso registrar que Ken Loach incluiu uma participação cheia de sensibilidade de Marra, a cachorrinha de Ballantyne.

Como o diretor chegou aos 87 anos, há quem diga que “O Último Pub” seja o derradeiro filme de Ken Loach. Tomara que não. Mas, se for, pode-se dizer, sem medo de errar, que ele encerra sua carreira deixando uma nesga de esperança. “O Último Pub” é, sem dúvida, sua produção mais otimista.


Ficha técnica:
Direção: Ken Loach
Roteiro: Paul Laverty
Produção: Why Not Productions, Sixteen Films, StudioCanal UK
Distribuição: Synapse Distribution
Exibição: sala 2 do Centro Cultural Unimed Minas-BH, sessão às 16h10; e sala 2 do Cine UNA Belas Artes, sessão às 20h30
Duração: 1h53
Classificação: 14 anos
Países: Bélgica, França, Reino Unido
Gênero: drama