12 setembro 2024

“Meu Amigo Pinguim”, um filme para assistir com o lencinho do lado

Produção internacional conta com o ator Jean Reno como protagonista sob direção de David Schurmann (Fotos: Paris Filmes)


Maristela Bretas


Emocionante, sensível e cativante com ótimas interpretações dos protagonistas, “Meu Amigo Pinguim” ("My Penguin Friend") tem tudo para mexer com o coração do público a partir de 12 de setembro, quando estreia nos cinemas. 

Apesar de ser uma produção norte-americana, ela foi filmada em boa parte no litoral brasileiro, em Ubatuba (SP), Paraty e Ilha Grande (RJ), com cenas complementares no sul da Patagônia Argentina.


Confesso que deixei as lágrimas escorrerem por diversas vezes durante a exibição para a imprensa. Especialmente porque o longa foi baseado em fatos reais ocorridos em 2011 sobre a amizade entre um humilde pescador desiludido com a vida e um pinguim perdido de seu bando, que é batizado com o nome de Dindim.

Dirigido pelo cineasta brasileiro David Schurmann, "Meu Amigo Pinguim" vai agradar a todas as idades. Nosso amiguinho de asas (que não voa) é muito fofo e simpático, desde sua primeira cena. Dá vontade de pegar no colo. 

E Jean Reno vai conquistando o público à medida que cresce a amizade e o carinho de seu personagem, João, por Dindim. Ele literalmente vira um "pai de pet" uma vez por ano.


Esta união se torna uma cura para ambos. João se afastou de tudo e de todos após uma tragédia, mas quando ele descobre o pinguim muito debilitado, à deriva sozinho no oceano, encharcado de óleo de um vazamento, passa a cuidar dele.

Inicialmente contrária à avezinha travessa e barulhenta em sua casa, Maria (interpretada pela atriz mexicana indicada ao Oscar, Adriana Barraza), esposa de João, acaba não resistindo a tanta fofura e lealdade. 

Dindim provoca uma revolução na vida da família e de toda a comunidade. Mas também chama a atenção do mundo por ter um comportamento diferente de sua espécie. E isso vai trazer consequências.


O longa reúne atores de diversas nacionalidades, inclusive brasileiros, o que justifica a dublagem em português, mesmo tendo sido quase todo filmado no Brasil. Fora isso, nada mais compromete a produção. 

Além de Jean Reno e Adriana Barraza, o longa conta ainda com Alexia Moyano (Adriana), Nicolás Francella (Carlos), Rocío Hernandez (Stephanie), Juan Queiroz (Pedro), Duda Galvão, Talma de Freitas (Calista), Ravel Cabral (Paulo), Pedro Caetano (João mais novo), Wilson Rabelo (Marcos).

Foto: Aquário de Ubatura/Terramare

"Meu Amigo Pinguim" contou com a participação de cerca de 150 profissionais. A trilha sonora de Fernando Velázquez reunindo sucessos da MPB completou a história e deu a brasilidade que o filme exigia. Uma produção para assistir no cinema, com o lencinho do lado.

Curiosidade

Dez pinguins-de-magalhães (espécie de Dindim) do Aquário de Ubatuba foram treinados pela produção do filme por três meses com Jean Reno para participarem das gravações. 

O que mais se destacou nos treinamentos e acabou virando o protagonista foi Maui, por ter uma história semelhante. Foram tomados todos os cuidados com os pinguins, sob a supervisão da empresa Terramare, parceira do aquário.


Ficha técnica
Direção: David Schurmann
Roteiro: Kristen Lazarian e Paulina Lagudi
Produção: City Hills Arts, Schurmann Filmes e Content Studios
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h37
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: família, aventura, drama

10 setembro 2024

O bem realizado "O Bastardo" revela mais do potencial de Mads Mikkelsen

Protagonista com carreira marcada por vilões dá vida a um capitão em uma jornada dramática (Fotos: Henrik Ohsten Zentropa)


Eduardo Jr.


Chega aos cinemas brasileiros no dia 12 de setembro o longa "O Bastardo" (Bastarden"). O drama, distribuído pela Pandora Filmes, traz Mads Mikkelsen, famoso por dar vida a vilões na série "Hannibal" - 2013 a 2015 e "007 - Casino Royale" - 2006, e por seu papel em "Druk - Mais uma Rodada" - 2021. Ele agora sai do papel de antagonista e explora uma interpretação diferente. Além disso, o filme é a escolha da Dinamarca para disputar o Oscar de Melhor Filme Internacional.


A obra se baseia no livro "The Captain and Ann Barbara", de Ida Jessen. Na telona, o diretor dinamarquês Nikolaj Arcel explica o porquê do título e nos apresenta a história do capitão Ludvig Kahlen, que decide colonizar uma terra inóspita - Jutlândia - e fundar uma colônia em nome do Rei da Dinamarca.

Na jornada do protagonista estão um solo difícil, temporais e solidão sob um sol causticante. Mas nada é tão ruim que não possa piorar. Um juiz arrogante deseja se apropriar daquela terra e, tendo seus planos frustrados, não poupa esforços para destruir o projeto - e a vida - do protagonista.  


Sabotagens e vilanias que podem parecer exageradas na atuação, combinam com o antagonista, o nobre Frederik De Schinkel (vivido por Simon Bennebjerg). Uma execução tão interessante que rapidamente estamos resmungando e odiando esse vilão.

Como o trabalho de colonizar um território hostil é tarefa para muitas mãos, e esse drama reserva muitos contratempos, vale destacar no elenco de apoio a pequena cigana Anmai Mus (personagem de Melina Hagberg), que traz alívio cômico e emoção para a frieza que o capitão carrega consigo.


No longa, o espectador está sempre acompanhando tudo a dois passos da ação, observando até as coisas que o protagonista observa. Embora uma ou outra situação possa ser pressentida pelo público, as escolhas do diretor se mostram acertadas. No meio dos altos e baixos da jornada do protagonista, a obra consegue deixar a pergunta: será que vai dar certo?

A busca por essa resposta o espectador poderá fazer nos cinemas, e ouso dizer que dificilmente vai se decepcionar com a história que o aguarda. Para usar um termo da moda, ali estarão muitas 'pautas': idealismo, embate entre afeto e convenções sociais, formação de família, relações de poder e vingança. 

Tudo isso em um longa que não se torna cansativo em suas duas horas de exibição, e que traz uma fotografia bem pensada. Um filme de época com um desfecho bem amarrado - e tão satisfatório que pode até levar pra casa a tão sonhada estatueta do Oscar.  


Ficha técnica:
Direção: Nikolaj Arcel
Produção: Zantrops Productions
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h08
Classificação: 18 anos
País: Dinamarca
Gêneros: drama, ação, histórico