(Fotos: Acervo da Associação Cultural Ecológica Lagoa do Nado)
Da Redação
O Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado completa 30 anos de inauguração e para comemorar a data será exibido gratuitamente, neste sábado (21 de setembro), o documentário "Lagoa do Nado: a Festa de um Parque". Serão duas sessões, as 17 e 19 horas, no espaço Praça do Sol.
Direção e argumento são de Arthur B. Senra, que divide a produção com Fernando Torres e Izinho Benfica, e a pesquisa e roteiro com Luiz Navarro.
(Ilustração: Lor)
O rico arquivo audiovisual é composto de fotos, vídeos e material impresso do acervo da Associação Cultural Ecológica Lagoa do Nado, ilustrações do cartunista mineiro Lor e entrevistas em fita K7 do projeto Memória em Movimento (2002-2001).
O filme conta a trajetória de luta realizada pela comunidade da região Norte de Belo Horizonte no final dos anos 1980 para a defesa, preservação e implantação do parque numa antiga fazenda abandonada.
O movimento plural - que envolveu moradores, artistas, acadêmicos, ecologistas entre tantas outras contribuições, se destacou por ser pautado na alegria. Teve nas festas, a convergência dos sentimentos de preservação ambiental, manifestação cultural e de pertencimento dessa área, que se tornou um espaço público.
"Lagoa do Nado: a Festa de um Parque" foi selecionado e exibido na 13ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, realizado em junho deste ano, na categoria cinema de luta.
Serviço:
Documentário "Lagoa do Nado: a Festa de um Parque" Data: 21 de setembro (sábado) Horário das sessões: 17 e 19 horas Entrada: gratuita Local: Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado - Praça do Sol - Rua Min. Hermenegildo de Barros, 904 - bairro Itapoã (BH) Mais informações: Izinho Benfica - 99409-2026
Baseado em fatos reais, filme conta a história de cinco torturadores que vivem uma vida de luxo numa penitenciária chilena (Fotos: Retrato Filmes)
Silvana Monteiro
Aos pés da Cordilheira dos Andes acontecem cenas inimagináveis. O que era para ser um ambiente de cumprimento de pena, com regras e ordem, tornou-se local de privilégios e curtição. Os agentes prisionais são qualquer coisa, menos guardas de presos. Esta é a história de "Prisão nos Andes" ("Penal Cordillera"), dirigido e roteirizado pelo chileno Felipe Carmona, que estreia nesta quinta-feira (19), nos cinemas.
Baseado em uma história real, o filme apresenta um olhar provocativo sobre os resquícios da ditadura do presidente Augusto Pinochet por meio da perspectiva de cinco torturadores que, após serem condenados, vivem em uma prisão que mais se assemelha a um resort de luxo.
A partir de uma ambientação robusta e de uma estética realista, a contradição entre a aparente paz do local e os horrores do passado, torna-se um dos pontos centrais da narrativa, evidenciando como regalias persistem mesmo em contextos de punição.
Uma coprodução entre Brasil e Chile que marca a estreia de Carmona em longas-metragens. O longa demonstra que nenhum cidadão chileno, prejudicado pelas feridas do regime que provocou a prisão de mais de 80 mil pessoas, a tortura de outras 30 mil e a morte de mais de três mil cidadãos, consegue imaginar o que se passa no pico daquela cordilheira.
Nesse contexto, a obra consegue abordar questões complexas sobre a personalidade e os reflexos da impunidade nos perpetradores de crimes contra a humanidade. A história coloca em foco a banalidade do mal, revelando como esses homens desfrutam de certo conforto emocional e material, mesmo após suas ações violentas.
O que poderia parecer uma situação de comédia de costumes se torna um retrato sombrio quando um acontecimento externo provoca uma desestabilização da dinâmica interna.
Uma intervenção jornalística (repercussão do importante trabalho da imprensa) serve como gatilho para o desnudamento das arrogâncias e das realidades emocionais dos "presidiários". Isso leva a uma escalada de violência que reflete não apenas a psicologia dos personagens, mas também ao redemoinho social que assola o Chile.
A produção traz um elenco que, apesar de sua força, não consegue sempre desenvolver a profundidade que os papéis exigem. A atuação de Hugo Medina, um ator que foi vítima do regime, é um dos destaques, acrescentando uma camada de autenticidade ao filme.
Contudo, a falta de desenvolvimento de alguns personagens torna mais complexa a identificação com suas histórias. Os prisioneiros, como indivíduos, carecem de nuances, o que pode tornar o espectador confuso em meio às angústias e delírios desses homens.
O filme foi bem recebido em diversos festivais internacionais, o que evidencia sua relevância e potencial impacto. As vitórias em festivais são elogiosas, mas também sublinham a expectativa em torno da obra, que não se concretiza plenamente em termos de coesão narrativa.
A mescla de gêneros — um pouco de drama, suspense e sátira — parece confusa, e a transição entre esses elementos nem sempre é fluida.
Apesar dessas críticas, "Prisão nos Andes" propõe reflexões pertinentes sobre a memória coletiva e os efeitos de uma ideologia que ainda permeia a sociedade chilena.
Ao abordar o passado de maneira crítica, e analisar o presente, o filme traça um paralelo entre o que foi e o que é, com foco em um dos períodos mais sombrios da história da América do Sul.
A obra, com seus pontos fortes e fracos, consegue sublinhar a necessidade de confrontar a história para entender as dinâmicas sociais contemporâneas.
Se o filme conseguisse sustentar a intensidade de suas melhores ideias ao longo de toda a narrativa, teria certamente alcançado um status mais elevado. Entretanto, em sua forma atual, ele permanece como um esforço válido na exploração de uma temática delicada e política.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Felipe Carmona Produção: Multiverso Produções e Cinestación Distribuição: Retrato Filmes Exibição: nos cinemas Duração: 1h45 Classificação: 16 anos Países: Brasil e Chile Gênero: drama