14 dezembro 2024

Almodóvar e seu "O Quarto ao Lado" trazem, mais uma vez, um assunto espinhoso

Julianne Moore e Tilda Swinton são duas amigas que resolvem enfrentar a morte juntas (Fotos: El Deseo)


Eduardo Jr.


É errado escolher como se deseja morrer após ser diagnosticado com uma doença terminal? Essa é a pergunta que ecoa do filme "O Quarto ao Lado" ("The Room Next Door"), do diretor espanhol Pedro Almodóvar, em cartaz no UNA Cine Belas Artes. Distribuído pela Warner Bros. Pictures, este é o primeiro longa realizado em língua inglesa pelo cineasta. 

Baseado no livro "O Que Você Está Enfrentando", de Sigrid Nunez, o filme traz o tema da eutanásia. A escritora Ingrid (Julianne Moore) descobre que sua antiga colega de trabalho, Martha (Tilda Swinton), tem um câncer incurável. 

Ao visitá-la, se prontifica ao gesto humanitário de acompanhar a amiga, que pretende tomar uma pílula comprada na deep web e antecipar sua morte. Curiosamente, Ingrid acaba de lançar um livro sobre sua dificuldade de lidar com a morte. 


Além da finitude humana, pautas como a criminalização da eutanásia, relações familiares, escolhas de vida e fundamentalismo religioso integram o roteiro do longa. Mas os temas sérios não excluem as tradicionais pitadas de humor do diretor espanhol. 

Falas sobre aquecimento global e neoliberalismo também parecem expressar opiniões de Almodóvar. Apenas o tom com que o personagem Damian (vivido por John Turturro) dá a suas percepções é que soa professoral demais em alguns momentos. 


Apesar dessa crítica, vale destacar a interessante escolha do diretor para filmar sua Martha. A protagonista, que conta com serenidade seus planos de autoextermínio, em vários momentos é vista pelo espectador já na posição de um cadáver, na horizontal. 

Mas nada enche mais a tela do que o figurino escolhido para Tilda e os cenários de Almodóvar, com elementos vermelhos e tons terrosos. 


Embora este seja um filme mais "flat", sem as tradicionais personagens espalhafatosas, é possível identificar o velho e bom Almodóvar em "O Quarto ao Lado". As mulheres fortes estão lá, assim como as pautas incômodas para alguns, e a acidez para tirar sarro de determinadas situações. 

O longa agradou ao público no Festival de Veneza e rendeu ao espanhol seu primeiro Leão de Ouro. Talvez porque, embora a mortalidade seja tema central, tudo é apresentado com leveza, sem traços de terror ou exageros. 


Ficha técnica
Direção e roteiro: Pedro Almodóvar
Produção: Pathé Films e El Deseo Productions
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h50
Exibição: Una Cine Belas Artes, sala 2, sessão 14 horas
Classificação: 14 anos
Países: Espanha e EUA
Gêneros: drama, comédia

12 dezembro 2024

"Agente das Sombras" e "211: O Grande Assalto" entram no catálogo do Adrenalina Pura

Catálogo do canal reúne quase 400 produções originais com grandes astros de Hollywood (Fotos: Divulgação)


Maristela Bretas


O canal de streaming Adrenalina Pura passa a contar em seu catálogo com dois filmes de ação: "Agente das Sombras" (2022), protagonizado por Liam Nieeson, e "211: O Grande Assalto" (2018), com Nicolas Cage. 

Nos próximos dias, outros longas protagonizados por grandes astros de Hollywood serão inseridos na programação de dezembro. O Adrenalina Pura está disponível na Prime Vídeo, Apple TV e Claro TV+, com assinatura mensal de R$ 14,90. O canal reúne em seu catálogo quase 400 produções originais de ação, aventura e suspense.


Em "Agente das Sombras" ("Blacklight"), Liam Neeson interpreta o agente Travis Block que trabalha para o FBI com a função de extrair outros agentes em apuros. Até que descobre um programa sombrio chamado Operação Unidade, sob o comando de seu chefe Robinson (Aidan Quinn), com agentes matando cidadãos comuns inocentes. 

A partir daí, ele se torna alvo, juntamente com as pessoas próximas e uma jornalista (Raver-Lampman) que resolve investigar as mortes.


Sob a direção de Mark Williams, Liam Neeson segue o estilo que adotou em outros filmes de ação e espionagem, com muito tiro, porrada e bomba. Ele é aquele espião com cara de avozão, com poucas falas, mas que não tem escrúpulos em colocar uma bomba num acampamento ou descarregar pentes de balas de metralhadora nos inimigos.

"Agente das Sombras" tem muita ação em seus 108 minutos de duração, mas não apresenta nada de novo, tudo muito previsível. Ele deixa vários furos, especialmente o final, após uma cena com Neeson e Quinn, que do nada pula para um "felizes para sempre". Sem explicação do que realmente aconteceu. 

Não espere muito do roteiro, que entrega um filme comum como outros do gênero protagonizados por Liam Neeson. O longa atende como entretenimento para quem gosta do ator.


211: O Grande Assalto

A outra estreia, "211: O Grande Assalto" ("211"), com Nicolas Cage, desmerece o ator. Ele está apático, com cara de cachorro que caiu da mudança. Participa da ação, mas o roteiro não permite que entregue todo o seu talento. 

Apesar de ser inspirado em fatos reais, o diretor e roteirista York Alec Shackleton não aprofunda na história, deixa muitas pontas soltas e aproveita mal o elenco. 

Cage é o policial Mike Chandler, que junto com seu parceiro e genro Steve MacAvoy (Dwayne Cameron) tem de levar um aluno negro, Kenny (Michael Rainey Jr,) como passageiro durante uma ronda diária, como uma punição imposta pela escola. 


No entanto, os policiais, despreparados e sem armas suficientes, são surpreendidos com um assalto a banco em andamento cometido por um grupo de mercenários. A dupla policial terá de enfrentar os bandidos e salvar o jovem.

O elenco tem ainda o ator búlgaro Velizar Binev, que participou de filmes como "Os Mercenários 3" (2014) e "Dupla Explosiva" (2017). Mas como Cage, é só mais um nas cenas de ação. O restante do grupo é pouco. Tem até uma agente da Interpol, que não acrescenta muito à trama.


Tiros e explosões de sobra, mas chega a irritar a total falta de pontaria, tanto dos bandidos quanto da polícia. Há também dramas familiares, mas são pouco explorados, chegando a ser dispensáveis quando, na verdade, deveriam dar força ao enredo. 

A duração de 1h26 do longa, pelo que entrega, poderia ser menor. Vale para os fãs de Nicolas Cage, que até tenta, mas não consegue salvar a produção.