09 janeiro 2025

“Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa”: uma jornada pela simplicidade da vida no sertão

Live-action tem o simpático e espevitado Isaac Amendoim como protagonista (Fotos: Paris Filmes)


Filipe Matheus
Parceiro Blog Maravilha de Cinema


Imagina a surpresa de Chico Bento ao descobrir que sua goiabeira preferida será derrubada para a construção de uma nova estrada nas terras de Nhô Lau (Luis Lobianco). Esse é o ponto de partida do filme “Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa”, que estreia nesta quinta-feira (9) nos cinemas. 

Dirigido por Fernando Fraiha, o live-action tem o simpático e espevitado Isaac Amendoim como protagonista. A atuação de Isaac Amendoim é um deleite para o espectador. Parece que o ator nasceu para viver o personagem, trazendo uma performance genuína, como se Chico Bento fosse uma pessoa real. Sua atuação brilhante dá vida ao personagem de forma natural e envolvente.



Criado em 1961 pelo cartunista Maurício de Sousa, Chico Bento é facilmente reconhecível pelo chapéu de palha, camiseta amarela, calça listrada rasgada e pés descalços. Com seu jeito simples e carismático, conquista fãs por onde passa, e é impossível esquecer o clássico “Ara, sô!” — uma marca registrada que encanta gerações.

Na trama, Chico leva uma vida tranquila na Vila Abobrinha, rodeado de amigos e goiabas, até que a construção de uma estrada, que vai derrubar seu pé de goiaba preferido, na fazenda do Nhô Lau, mobiliza toda sua turma.


Rosinha (vivida por Anna Júlia Dias) tem um papel fundamental na história, ao lado de Chico, fortalecendo o enredo da amizade e da preservação da natureza. No elenco jovem temos ainda Pedro Dantas (Zé Lelé, primo de Chico), Lorena de Oliveira (Tábata, melhor amiga de Rosinha), Davi Okabe e Guilherme Tavares como os inseparáveis amigos Hiro e Zé da Roça.

Débora Falabella interpreta a professora Marocas, e Taís Araújo traz uma nova perspectiva à trama, enriquecendo a história com um papel importante. Além de Augusto Madeira, como o coronel Dotô Agripino, e Enzo Henrique, como Genesinho, filho dele, que querem derrubar a goiabeira.


Após “Bem-Vinda, Violeta!” (2022), com Débora Falabella, o diretor Fernando Fraiha continua a mostrar sua sensibilidade, exibindo a vida no sertão, e mostrando a realidade vivida pelos personagens.

A fotografia de Gustavo Hadba, a atmosfera lúdica e as cores quentes do filme destacam sua importância para adultos e crianças, tocando o espectador com nostalgia.

Um dos grandes destaques do filme é a beleza da narrativa, que flui de maneira natural, sem forçar situações, e nos lembra da importância de apreciar as pequenas coisas e do valor essencial do ser humano. 


O longa combina ainda a inocência dos gibis com as belas ideias das graphic novels do personagem, agora ganhando vida nas telonas.

Com sua narrativa encantadora e personagens inesquecíveis, “Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa” toca o coração de quem assiste, mostrando a beleza das coisas simples e a importância de preservar o que amamos. 

Uma ótima opção para levar a criançada, especialmente aquelas que não conhecem este encantador personagem de Maurício de Sousa e um dos integrantes da Turma da Mônica.


Ficha técnica:
Direção: Fernando Fraiha
Roteiro: Elena Altheman, Fernando Fraiha e Raul Chequer
Produção: Biônica Filmes, coprodução Maurício de Sousa Produções, Paris Entretenimento, Paramount Pictures
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h30
Classificação: livre
País: Brasil
Gêneros: aventura, comédia, família

08 janeiro 2025

“Baby” marca retorno de cineasta mineiro em obra tocante

Produção vem conquistando diversas premiações em festivais nacionais e internacionais (Fotos: Aline Arruda e Joana Luz )


Eduardo Jr.


O diretor mineiro Marcelo Caetano está de volta às telonas, sete anos depois. Desta vez, “Baby” é o nome da obra, que tem estreia prevista para o dia 9 de janeiro de 2025, com distribuição pela Vitrine Filmes. 

“Baby” é uma ficção que mostra a busca por um lugar no mundo do jovem Wellington (João Pedro Mariano), de 18 anos, recém-saído de um centro de detenção juvenil. 

É quando conhece Ronaldo (Ricardo Teodoro), um garoto de programa que dá a ele o apelido de Baby, o ensina como sobreviver nas ruas e se torna para ele um símbolo de relacionamento (ou de paternidade).  


Assim como em “Corpo Elétrico” (2017), primeiro filme de Caetano, “Baby” também é um drama de cotidiano. Sem a localização da família, Baby só tem os amigos das ruas, a comunidade LGBT. 

Está aí um dos méritos do longa: apresentar a luta diária do grupo por respeito e sobrevivência, sem repetir abordagens já desgastadas. 


Apesar de o cenário ser constituído, em boa parte, por recortes que criam uma São Paulo hostil, as personagens não exprimem a maldade do ambiente. 

Trazem até o elemento da espontaneidade na interpretação, o que parece ser algo que o diretor admira, já que se pode observar isso também nas atuações do elenco de “Corpo Elétrico”. 


Vale destacar que essa espontaneidade de parte do elenco não compromete a obra. João Pedro Mariano e Ricardo Teodoro imprimem na medida necessária o drama, a ira, a doçura, a frustração, o ciúme, a cumplicidade… 

Talvez essa variedade de sentimentos, de possibilidades, explique um pouco o sucesso do longa, que já vem colhendo prêmios por aí. 

"Baby" foi selecionado para a 63ª Semana da Crítica do Festival de Cannes em 2024. Mas já garantiu várias premiações a seus integrantes. Marcelo Caetano foi vencedor de Melhor Direção no Festival do Rio e nos festivais queer MixBrasil e LesGaiCineMad (Madri). 


João Pedro Mariano foi escolhido Melhor Ator no Festival do Rio e Melhor Interpretação no Mix Brasil. Já Ricardo Teodoro levou a estatueta de Ator Revelação na Quinzena dos Cineastas de Cannes e Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Huelva. 

Esta não é uma produção a disputar espaço numa lista de Oscar como “Ainda Estou Aqui”, mas é tocante, entretém, cativa e pode ser mais um exemplo de como o cinema nacional pode ser importante para debater pautas como ressocialização, solidariedade, combate a preconceitos e novas configurações familiares (evidenciado pelo núcleo da ótima - e quase irreconhecível - Bruna Linzmeyer).  


Ficha técnica:
Direção: Marcelo Caetano
Roteiro: Marcelo Caetano e Gabriel Domingues
Produção: Cup Filmes, Desbun Filmes, Playeau Produções, Still Moving (França), Circe Films, Kaap Holland (Holanda)
Coprodução: SPCine, Vitrine Filmes, Canal Brasil, Telecine
Distribuição: Vitrine Filmes
Classificação: 18 anos
Duração: 1h47
Exibição: Una Cine Belas Artes
Países: Brasil, França, Holanda
Gêneros: drama, romance