28 abril 2022

"Como Matar a Besta": um filme que tenta ser feroz, mas é bem manso

Produção latina foi filmada na região das Missões, na fronteira da Argentina e Brasil (Fotos: Vitrine Filmes/Divulgação)


Wallace Graciano


Quando anunciado, “Como Matar a Besta” ("Matar a La Bestia", filme de 2021) logo chamou a atenção. Para além do título, imaginava-se que a coprodução latina (Argentina, Brasil e Chile), que foi dirigida e roteirizada por Agustina San Martin, traria aspectos culturais e folclóricos do cone sul. Bom, não foi bem assim no resultado. Se muito se imaginava algo bestial, o que se viu no resultado foi uma trama lenta e pouco convincente. 


A trama de 1h20 conta a história de Emília (a estreante Tamara Rocca), uma jovem latina de 17 anos, residente em Buenos Aires. Porém, a garota precisa viajar para a fronteira do país com o Brasil, mais precisamente à casa de sua tia Inés (Ana Brun). No local, descobre que seu irmão, Mateo, sumiu. 

Não obstante, precisa lidar com o pavor de uma besta à solta, que faz com que ela tema o pior. O elenco conta ainda com ator brasileiro João Miguel, interpretando Lautaro, um homem que cruza o caminho de Emília.


Porém, o início promissor se desfaz tal qual um vampiro ao ver a luz de um dia. O clima fantasioso paira no local e passa a ser o único elemento de destaque em meio a um filme de poucos diálogos. Ou seja, para ser absorvido pela trama, você precisa contemplar a emoção dos atores, que pouco têm a lhe dizer, o que traz monotonia ao longa. 


Não fosse simples, a história poderia, e muito, confundir o espectador, que se vê em uma tentativa fracassada de thriller. De relevante (e muito relevante), o figurino e a fotografia, que ditam bem o ambiente e conseguem ser convidativas, uma vez que "Como Matar a Besta" foi filmado na bela região das Missões, que abrange o sul do Brasil e norte da Argentina. O filme estreia nesta quinta-feira em várias cidades brasileiras, incluindo Belo Horizonte e inaugura a Sessão Vitrine 2022.



Ficha técnica:
Direção e roteiro:
Agustina San Martín
Produção: Estúdio Giz
Distribuição: Vitrine Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h20
Classificação: 14 anos
Países: Argentina, Brasil e Chile
Gêneros: drama / terror

25 abril 2022

“Space Jam – O Jogo do Século”: a mistura de live-action e desenho animado que conquistou gerações

Michael Jordan se junta aos Looney Tunes e Bill Murray numa louca e divertida aventura para salvar o mundo (Warner Bros. Pictures)


Marcos Tadeu - blog Narrativa Cinematográfica


Quem ler essa crítica hoje em dia e estiver na faixa dos 40 anos possivelmente terá visto muitos desenhos dos Looney Tunes. A turma do Pernalonga foi sem dúvida, um marco na história de muitos de nossos seguidores. Sucesso de TV no Bom Dia & Cia, fomos criados com várias aventuras e demos muitas risadas com essa turma para lá de louquinha e exagerada do desenho animado. Até que no ano de 1996 fomos contemplados com o famoso “Space Jam: O Jogo do Século”, uma mistura de live-action e personagens animados jogando basquete.


Quando um grupo de alienígenas quer que Pernalonga e seus amigos se tornem escravos em um Parque de Diversão sombrio em um planeta chamado Montanha Bobolândia, o coelho propõe um jogo de basquete e convoca o reforço de um dos mais famosos atletas do esporte na época, Michael Jordan. 

O Sr. Swackhammer é o grande vilão por trás dos seus capangas, enquanto os Monstars são pequenas criaturas que ele controla com o medo. Falar em motivação aqui é importante. Somente quando os Monstars roubam os talentos dos jogadores da NBA e os Looney Tunes sequestram Michael Jordan é que o filme fecha todas as pontas soltas.


A trama tem um enredo muito simples e consegue mesclar personagens reais e de animações em uma mesma tela. A temática do basquete encanta, como também todo o universo em que somos inseridos, desde a abertura de "Space Jam" às próprias músicas. O que mais chama atenção nos créditos iniciais é a trajetória de Jordan até se tornar um jogador de basquete famoso. Com a aposentadoria, ele decide se profissionalizar no golfe. 


Os Looney Tunes são exatamente como nas animações clássicas, com muito bom humor. Pernalonga e Patolino são praticamente os líderes, deixando a trama ainda mais divertida. O tempo de tela entre os personagens animados e os reais é muito bem definido, um não atrapalha o outro e agrada ao telespectador. 

É ótimo rever Frajola querendo comer Piu Piu, Lola Bunny chegando conquistando o coração de Pernalonga, Patolino falando cuspindo em todos, Coiote correndo atrás de Papa-Léguas. Todas as suas ações são sempre remetendo ao que eles fazem em seus desenhos individuais e isso ajuda a pesar no fator nostalgia.


Michael Jordan consegue entregar uma excelente atuação que transita entre os dois mundos, o real e o animado. A estrela do basquete tem um papel primordial na história. Além de treinar os tunes, é quase como uma missão recuperar os talentos de seus antigos companheiros de quadra. 

Ele é bem humano em sua atuação, tanto em fazer parte da equipe da turma de Patolino e Pernalonga, quanto ao enfrentar os vilões. Acho interessante como a presença de Jordan engrandece o enredo e faz com que o filme caminhe de maneira orgânica em relação aos acontecimentos. Até quando é sequestrado por Pernalonga e Patolino, ele quer entender em qual universo está inserido e o que deve fazer.


Falando um pouco dos aspectos técnicos dessa produção, foi empregada nos personagens uma caprichada animação em 2D. Há todo um cuidado com a textura, os trejeitos, sons e tudo que somente os personagens animados sabem fazer. O jeito doido e exagerado dos Looney Tunes funciona muito bem ao lado de Jordan, um cara mais contido, mas que lida bem com toda a turma.

A trilha sonora é outro fator que chama a atenção, especialmente "Space Jam", música tema do filme. Composta pela dupla Quad City DJs foi muito bem colocada na abertura e já trouxe o contexto da ambientação do mundo do basquete. Outra canção que fez muito sucesso foi  “I Believe I Can Fly"  produzida e interpretada pelo cantor gospel  R. Kelly. No longa, ela é apresentada desde a infância de Jordan até sua vida adulta como profissional de tênis. Provavelmente, você deve estar cantando junto essas músicas ao ler a crítica ou já colocou pra tocar.


Mas o deleite para os olhos é o jogo do século, que coloca à prova os acordos feitos entre Jordan e o Sr.Swackhammer. Tanto os efeitos especiais, quanto a animação dos personagens e até a presença dos Monstars conseguem entregar muita emoção ao telespectador. Por ser um filme de 1996, já existe uma qualidade maior em como isso é mostrado ao público. Bill Murray também faz uma participação super especial e pontual, agregando mais diversão ao jogo do Tune Squad.


Talvez o que deixe a desejar seja o fato de explorar pouco a relação de Jordan com sua família. Conhecemos pouco (diferentemente do segundo filme, lançado em 2021, “Space Jam – Um Legado”, que teve como astro do basquete LeBron James). Outro ponto que deixa a desejar é como surgiram os Monstars e a Montanha Bobolândia.

"Space Jam – O Jogo do Século" é aquele filme que vale pela trama, pelos efeitos, por enaltecer o basquete como esporte de equipe e também pela trilha sonora. Sem esquecer as participações especiais de grandes astros da NBA, que dão um brilho à produção. O longa ainda carrega toda aquela good vibes de filmes de anos 1990. Um prato cheio de nostalgia e volta no tempo, que consegue agradar tanto o público infantil, quanto o adulto. Quem quiser rever essa belezinha de filme é só dar uma conferida na HBOMAX.


Ficha técnica:
Direção: Joe Pytka
Produção: Warner Bros. Animation
Exibição: HBO Max
Duração: 1h28
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: Comédia / Fantasia / Aventura