15 janeiro 2024

Sorria, mas cuidado com as presas porque "Meu Cunhado é um Vampiro"

Leandro Hassum e Rômulo Arantes Neto protagonizam esta comédia que está provocando boas risadas
(Fotos: Netflix)


Filipe Matheus
Comentando Sucessos


Imagina receber seu cunhado em casa e descobrir que ele é um ser das trevas. Que medo! Pois é com esta história que Leandro Hassum está movimentando a internet e provocando boas risadas no filme "Meu Cunhado é um Vampiro", em exibição na Netflix.

Fernandinho (Hassum) é um pai de família tranquilo, comentarista de podcast e ex-jogador de futebol. Sempre alegre e divertido, vive uma vida feliz com a esposa e os filhos até a chegada de Gregório (Rômulo Arantes Neto), um cunhado preguiçoso que tem hábitos estranhos, entre eles, gostar de sangue.

A história do filme se torna intrigante quando Fernandinho precisa provar para a família que o irmão de sua esposa Vanessa (Monique Alfradique) é um vampiro que está atacando pessoas na cidade. Mas ninguém acredita nele.


Embora Hassum apresente nuances legais, sua interpretação se assemelha a de outros personagens desempenhados por ele. Faltou algo inovador para tornar o longa diferenciado e mais dinâmico.

Mel Maia, Edson Celulari, Eliezer Motta e Antônio Fragoso compõem o restante do elenco dessa comédia vampiresca, que ainda conta com a ótima atuação de Renata Brás (integrante do humorístico "A Praça é Nossa", do SBT), como a vilã Michele. Uma comédia repleta de talentos que entregam uma divertida experiência cinematográfica. 


Um ponto positivo é ver a versatilidade de produções sobre vampiros e figuras sobrenaturais e exóticas no cinema nacional. Na televisão, Chico Anysio já era sucesso nas décadas de 1980 1990 com o personagem Bento Carneiro, o vampiro brasileiro que se dava mal quando procurava sangue em suas aventuras. 

A novela "Vamp" também explorou bem o assunto, deixando o Brasil ansioso por cada capítulo em 1991.


"Meu Cunhado é um Vampiro" tem roteiro de Paulo Cursino, conhecido por colaborar em outras produções com Hassum, como "O Candidato Honesto" (2014) e "Até Que a Sorte nos Separe - Falência Final" (2016), sempre trazendo um texto cativante para os espectadores.

A trilha sonora alegra quem assiste ao longa, especialmente com o sucesso musical "Mistérios da Meia-Noite", de Zé Ramalho, que deixa o filme com ares de um divertido e sombrio mistério. Então, prepare o alho, a água benta e o crucifixo, porque os vampiros estão soltos e atrás de sangue e gargalhadas.


Ficha técnica:
Direção: Alê McHaddo
Roteiro: Paulo Cursino
Exibição: Netflix
Duração: 1h28
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gênero: Comédia

13 janeiro 2024

Premiada, mas confusa e reticente, a série “O Urso” é um prato cheio de metáforas

Tensão constante, brigas, suicídio, pancadarias e conflitos familiares marcam as duas temporadas disponíveis na plataforma Star Plus (Fotos: FX/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


A primeira dúvida a confundir a cabeça do espectador que começa a assistir à premiada série “O Urso” (“The Bear”, exibido no Star Plus) é quando se descobre que a produção é classificada como comédia. 

Definitivamente, não é o que parece. Tensão constante, brigas, suicídio, pancadarias e conflitos familiares desmentem qualquer clima de amenidades já nos primeiros dos 18 episódios distribuídos em duas temporadas. O trabalho é uma criação da dupla Christopher Storer e Joanna Galo.


Com o suicídio do irmão Mike (Jon Bernthal), Carmy (Jeremy Allen White) volta a Chicago com a missão de reerguer a lanchonete decadente da família falida e endividada. 

A missão é dificílima, pra não dizer impossível para esse chef conceituado e estrelado, que trabalhou nos melhores restaurantes dos Estados Unidos. Mas ele precisa topar e começa um trabalho penoso com a equipe indisciplinada e ignorante que encontra na casa.


Os capítulos iniciais, repletos de brigas e gritarias, podem desanimar o espectador. São tantos e tão repetidos os embates entre Carmy e seu primo Rick (Ebon Moss-Bachrach), que cria-se uma expectativa de que algo mais dramático está para acontecer. Só que não. 

Quem teima em continuar, vai percebendo, aos poucos, que nada acontece. A entrada em cena de uma outra chef, Sidney (Ayo Edebiri) só confirma a confusão generalizada. 

Enquanto isso, o público vê longas tomadas de uma Chicago movimentadíssima, com seus trens, metrôs, elevados, túneis e viadutos. Os episódios vão passando, mas pouco se esclarece. 


Os diálogos são sempre reticentes e a pergunta que mais se ouve é: “Você está bem?” Claro que a série é repleta de metáforas, mas a forma como elas se apresentam, muitas vezes em situações que beiram o surreal, não ajudam.

É como se a vida fosse uma cozinha de restaurante, com suas necessidades, atropelos, falhas, conflitos, ciúmes, urgências. “Cada segundo conta” é a máxima exaustivamente repetida entre chefs, auxiliares e atendentes. Fala-se também muito do valor dos detalhes e do prazer de servir. Mas muitas pontas permanecem soltas.


Um conselho: não assista a “O Urso” com fome. Constantemente, alguém está cortando algum alimento, assando uma carne, fritando alguma delícia, fazendo um molho, montando um prato. Nesse quesito, a série ganha nota 10. São maravilhosas e irresistíveis as preparações. De dar água na boca. 

Em certo momento, sem nenhuma explicação prévia, Marcus (Lionel Boyce), um dos auxiliares, vai para a Dinamarca fazer o que parece ser um estágio só de sobremesas. Prato cheio para quem curte gastronomia. Dá gosto ver as minúcias, os detalhes quase cirúrgicos das montagens dos pratos. Verdadeiro espetáculo!

O grande trunfo de “O Urso”, pelo menos nas duas temporadas disponíveis no Star Plus, é mesmo o carisma do elenco, que dá show do começo ao fim. Não por acaso, Jeremy e Ayo acabam de ganhar o Globo de Ouro de Melhores Ator e Atriz em série de comédia – acreditem.


Brilham também e merecem aplausos Abby Elliott como a irmã Natalie de Carmy, Chris Witaske como o cunhado bonzinho Pete, Matty Mathelson como o ajudante Neil Kak, Jon Bernthal como o irmão suicida Mike, Oliver Platt como o tio capitalista Jimmy, Liza Colón-Zayas como a ajudante Tina – que mereceu grande parte de um capítulo se exibindo como cantora num caraoquê qualquer. 

É preciso registrar a “canja” luxuosa de Joel McHale, conhecido apresentador da TV americana e de ninguém menos do que Olivia Colman. Ambos são chefs em Nova York e ajudam na formação do rebelde Rick.

Que venha, portanto, uma terceira e – quem sabe – esclarecedora temporada para matar a fome do espectador de uma trama mais bem amarrada, situações mais reais e até algum romance. Cabe dizer que o primeiro beijo da série só vai acontecer no quinto episódio da segunda temporada, quando Carmy reencontra Claire (Molly Gordon). Afinal, a gente não quer só comida.


Ficha técnica:
Criação: Christopher Storer e Joanna Galo
Produção: Hulu
Exibição: Star Plus
Duração: 2 temporadas - 18 episódios
País: EUA
Gêneros: comédia, drama