30 janeiro 2025

"Covil de Ladrões 2" - para quem gosta de muita ação e perseguições frenéticas

Gerard Butler e O'Shea Jackson Jr. demonstram uma boa química como os protagonistas desse longa sobre roubo de diamantes (Fotos: Diamond Films)


Maristela Bretas


Oito anos se passaram desde o primeiro "Covil de Ladrões" e a sequência, dirigida e roteirizada novamente por Christian Gudegast, chega às telas nesta quinta-feira (30) prometendo mais adrenalina e reviravoltas. 

E "Covil de Ladrões 2" ("Den of Thieves 2: Pantera") entrega o que promete: cenas de ação frenéticas, perseguições eletrizantes e um planejamento de roubo meticulosamente detalhado que prende a atenção do espectador.

Big Nick (Gerard Butler) está à procura de Donnie (O'Shea Jackson Jr.), que escapou dele em Londres e está planejando um grande roubo ao Centro de Diamantes, na França, que tem um acervo de mais de 800 milhões de euros em pedras preciosas e é considerado o prédio mais seguro da Europa Continental. 


Desta vez, porém, o ex-policial e xerife Big Nick troca de lado e quer fazer parte do assalto organizado por Donnie e seu grupo, Os Panteras. O que eles não esperavam era que nos cofres da famosa instituição estava guardada uma peça valiosa pertencente à máfia italiana.

Gerard Butler e O'Shea Jackson Jr. demonstram uma boa química e parecem mais à vontade em seus personagens, entregando performances mais sólidas e complexas do que no primeiro filme. Butler ficou com a parte divertida, apesar de se revelar um ótimo estrategista no roubo.


O bem detalhado planejamento do assalto é um dos destaques do longa. Os elementos de engenharia, como a entrada no Centro de Diamantes e a interação com o complexo sistema de segurança, adicionam uma camada de realismo que pode agradar o público. 

Por outro lado, os vilões deixam a desejar. Seus personagens são pouco desenvolvidos e suas atuações, em sua maioria, bastante fracas. Essa falta de profundidade nos antagonistas acaba enfraquecendo a narrativa e torna as reviravoltas previsíveis.


Além disso, o roteiro, apesar de ter um grande potencial, acaba desperdiçado, mesmo apresentando um plano de roubo intrigante e detalhado. Ele não explora a fundo as motivações dos personagens e as consequências de suas ações. A trama, por vezes, se perde em subplots desnecessários e deixa a desejar no desenvolvimento dos personagens secundários.

"Covil de Ladrões 2" tem uma boa direção de Christian Gudegast e as sequências de ação são bem coreografadas. É divertido e com muitas reviravoltas, mas deixa a desejar em alguns aspectos. Para quem busca um filme para passar o tempo, com cenas de perseguição, pode ser um bom entretenimento.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Christian Gudegast
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h10
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, policial, suspense

29 janeiro 2025

"Trilha Sonora Para Um Golpe de Estado" mistura jazz, colonialismo e muita criatividade

Documentário chega aos cinemas brasileiros após conquistar vários prêmios em festivais internacionais
e é forte candidato ao Oscar 2025 (Fotos: Pandora Filmes)


Eduardo Jr.


Sem os mesmos holofotes de obras como “Ainda Estou Aqui”, “Emília Perez” ou “Wicked”, o longa “Trilha Sonora Para um Golpe de Estado” ("Soundtrack To a Coup D’Etat"), indicado ao Oscar 2025 para o prêmio de Melhor Documentário, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (30) e promete agradar bastante ao público. 

Dirigido pelo cineasta belga Johan Grimonprez, o longa costura de forma genial o colonialismo da Bélgica sobre o Congo, o interesse internacional no país que buscava ser independente e a produção musical do jazz norte-americano entre as décadas de 1950 e 1960. A distribuição fica a cargo da Pandora Filmes. 


O documentário chama a atenção não só por reunir nomes como Malcolm X, Nina Simone e Thelonious Monk, mas porque, desde a estreia no Festival de Sundance em 2024, vem conquistando prêmios como o Especial do Júri por Inovação Cinematográfica, Prêmio de Melhor Roteiro e de Melhor Montagem pela Associação Internacional de Documentários. 

Tudo começa com a apresentação dos artistas Abbey Lincoln e Max Roach, que entraram em uma assembleia da ONU para denunciar o assassinato do líder congolês Patrice Lumumba. 

Este, que pode parecer um spoiler, é apenas o primeiro passo para uma trilha investigativa sobre tudo o que foi arquitetado para que Bélgica e Estados Unidos mantivessem seus planos imperialistas sobre o país africano. 


E como o jazz se funde a essa trama? A frase de Max Roach pode ser vista como resposta: “Nós usamos a música como uma arma contra a desumanidade do homem contra o homem”. A linguagem universal da música foi o suporte para contar partes dessa história. 

No desenrolar do documentário o espectador vai descobrindo como os Estados Unidos tentaram se aproveitar do talento de artistas como Dizzy Gillespie e Louis Armstrong, como a Bélgica se comportava no papel de colonizadora e como a ONU foi usada nesta trama. Tudo isso costurado com maestria na edição de Rik Chaubet e no design de som de Ranko Paukovic. 


A excelente produção de arquivo de Sara Skrodzka entrega entrevistas, discursos políticos da época e apresentações musicais que aderem perfeitamente à obra, construindo uma narrativa que impressiona. 

Grimonprez, além de dirigir, roteiriza uma obra que tem força para se manter na memória, tamanha inventividade colocada na tela. Trata-se de uma visão anti-imperialista, criativa e educativa, posto que tal capítulo da história mundial não se ensina nas escolas (eu, pelo menos, não tive uma aula tão esclarecedora sobre esse golpe). E certamente, as aulas que tive foram mais exaustivas, enquanto as duas horas e meia do documentário desfilaram hipnotizando meu olhar. 

E parece jazz. Dá a impressão de certa desordem em alguns instantes, provoca tensão, mas no final tudo se harmoniza e você se pega até sorrindo com a genialidade da obra. 

Tal qual um show de blues, pode ser um documentário apresentado em um palco à meia luz, mas no final, aposto que você aplaudir. Confira e me conte. 


Ficha Técnica:
Direção: Johan Grimonprez
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h30
Classificação: 14 anos
Países: Bélgica, França, Holanda
Gênero: documentário