23 abril 2025

"Looney Tunes - O Filme: O Dia que a Terra Explodiu" eleva o caos clássico a uma escala cósmica

Gaguinho e Patolino estão de volta, agora com novos amigos para tentarem salvar o planeta de um extraterrestre (Fotos: Warner Bros. Animation)
 
 

Maristela Bretas

 
"Looney Tunes - O Filme: O Dia que a Terra Explodiu" ("The Day the Earth Blew Up: A Looney Tunes Movie"), que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (24) traz de volta a inconfundível dupla Gaguinho e Patolino (ambos dublados por Eric Bauza) para uma aventura que expande a tradicional loucura dos desenhos animados para proporções galácticas. 

A animação nos leva desde a infância dos icônicos personagens em uma fazenda até a vida adulta, com o comportamento de Patolino sempre resultando num caos completo e a constante tentativa de Gaguinho de consertar as situações, reforçando a marca registrada da dupla. 


A introdução da super cientista Petúnia (dublada por Candi Milo), uma porquinha que vai fazer o coração do Gaguinho disparar e também adicionar uma nova dinâmica ao time, que se une para a nobre missão de salvar o planeta de um invasor alienígena (voz de Peter MacNicol).

O filme abraça sem pudor a essência dos Looney Tunes, entregando uma avalanche de gritaria, explosões e ferramentas ACME (marca registrada dos desenhos), perseguições frenéticas e aquele humor físico e sem noção que definiu gerações. Ao mesmo tempo, reforça a importância da amizade e da confiança.


Para os fãs de longa data, a familiaridade com esse formato é, sem dúvida, um dos grandes atrativos. A animação não tenta reinventar a roda, mas sim entregar uma dose concentrada daquela loucura adorável que consagrou Pernalonga e sua turma.

"Looney Tunes: de Volta à Ação" serve como um lembrete do histórico da franquia em transitar para a tela grande, misturando a animação característica com elementos do mundo real. 


Bons exemplos disso são dois sucessos no cinema em que a turma contracenou com personagens reais: "Space Jam: O Jogo do Século" (1996), com a presença do astro Michael Jordan, e "Space Jam: Um Novo Legado (2021), com a também estrela do basquete, LeBron James.

Embora o diretor Peter Browngardt tenha optado por uma abordagem puramente animada, a comparação mostra que os Looney Tunes ainda mantêm um público cativo. Ideal para quem busca uma experiência nostálgica e quer relembrar o humor despretensioso, barulhento e divertido dos famosos lunáticos.


"O Dia que a Terra Explodiu" não chega a proporcionar gargalhadas, tem uma história comum, não muito diferente de outras animações com estes personagens. 

Mostra que a fórmula de muita gritaria e explosões ainda funciona, com o foco principal no humor físico e nas situações absurdas, em detrimento de um enredo mais elaborado. 

"Looney Tunes - O Filme: O Dia que a Terra Explodiu" é uma celebração da anarquia clássica, em proporções cósmicas e politicamente incorreta que os fãs da franquia tanto apreciam. Um convite para desligar o cérebro e se divertir com as palhaçadas de Gaguinho, Patolino e seus novos amigos.


Ficha técnica:
Direção: Peter Browngardt
Produção: Warner Bros. Animation
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h31
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: aventura, animação, comédia, família

18 abril 2025

"Pecadores": Michael B. Jordan interpreta ‘gângsteres’ gêmeos em "Crepúsculo" do século passado

Ambientado no sul dos EUA, filme aborda a ancestralidade preta que resistiu às perseguições nos anos
de 1930 (Fotos: Warner Bros. Pictures)
 
 

Larissa Figueiredo 

 
Imagine uma mistura entre "Crepúsculo" (2008) e "Assassinos da Lua das Flores" (2023) — é assim que "Pecadores" ("Sinners"), de Ryan Coogler, funciona. O longa, que conta com o protagonismo de Michael B. Jordan (de “Pantera Negra” - 2018, “Creed - Nascido para Lutar" - 2015) em um papel duplo como os irmãos Elijah e Elias Smoke, e Hailee Steinfeld ("Bumblebee" - 2018) como Mary, às vezes mocinha, às vezes vilã, já está em cartaz nos cinemas.

Ambientado nos anos de 1930 no sul dos Estados Unidos, "Pecadores" aborda, por meio do misticismo, a ancestralidade preta que resistiu às perseguições durante o segregacionismo norte-americano. 


A família do jovem músico Sammy Moore (Miles Caton) enfrenta preconceitos, vampiros e até a Ku Klux Klan, grupo extremista que surgiu nos EUA para perseguir e matar pessoas negras no país à época. A temática do filme, no entanto, está longe de se restringir ao racismo.

Com os gângsteres gêmeos Elijah e Elias de volta à cidade e dispostos a viver a melhor noite de suas vidas, Sammy vê a oportunidade de mostrar sua música fora da igreja. 

Ele embarca em uma missão para convidar a comunidade negra para uma noite de blues em um antigo celeiro da Klan. Com comida à vontade e bebida de qualidade, o grupo pretende abrir um clube de blues na cidade.


A jornada acontece em meio à evolução de uma trilha sonora impecável, composta por Ludwig Göransson, já nos primeiros minutos. A fotografia acompanha o ritmo a partir de planos abertos de encher os olhos, com destaque para as paisagens dos campos de algodão, que cumprem papel sociopolítico na narrativa.

Até o fim da primeira metade do longa, quase não é possível perceber a presença do gênero terror no roteiro. O espectador se acostuma por muito tempo com um ritmo de filme de aventura e se afeiçoa aos “heróis” apresentados. 


O misticismo chega junto da personagem Annie (Wunmi Mosaku), uma bruxa natural e interesse romântico de um dos protagonistas, que fala sobre perigos espirituais e vampiros pela primeira vez. O roteiro parece desconectado à primeira vista, como se fosse metade aventura e metade terror.

Apesar da estranheza dos jump scares aleatórios e da aparente desconexão do roteiro, o filme prende o espectador e não apresenta elementos desnecessários — apenas desorganizados. A caracterização dos vampiros beira ao satírico; resta ao diretor dizer se é proposital ou não. 


A partir da primeira aparição, os personagens se desenrolam com um quê de Stephenie Meyer (autora da saga "Crepúsculo"), com dentes gigantes, alho, estacas de madeira e romances cheios de química.

A trama vampiresca se encerra como começa: do nada. Coogler, que dirigiu Jordan em “Pantera Negra” e “Creed: Nascido para Lutar”, repete elementos do filme sobre o super-herói negro da Marvel. E mistura o espiritual e o real para emocionar, não economizando nos simbolismos para falar sobre a morte. 

A cena pós-créditos é dispensável e sem sentido, mas (infelizmente) existe e impacta um final irretocável. Assista por sua conta e risco.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Ryan Coogler
Produção: Warner Bros Pictures
Distribuição: Warner Bros.
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h17
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, suspense, terror