14 julho 2016

Reboot feminino de "Caça-Fantasmas" tem grandes efeitos visuais e pouca graça


Nova equipe de "Caça Fantasmas" é formada por Kate McKinnon, Kristen Wiig, Leslie Jones, Melissa McCarthy (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Trinta e dois anos depois, a Sony Pictures aposta suas fichas na refilmagem, com nova roupagem (agora feminina) do grande sucesso de 1984, "Caça-Fantasmas" ("Ghostbusters"). Os cientistas Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis e o faz tudo Ernie Hudson dão lugar às comediantes do momento - Kristen Wiig, Melissa McCarthy, Kate McKinnon e Leslie Jones - na versão 2016 de "Caça-Fantasmas", que estreia nesta quinta-feira. A troca do elenco, no entanto, não evita a comparação das duas produções.

Apesar de ter muita ação e ótimas comediantes, o novo "Caça-Fantasmas" não provoca muitas risadas. O quarteto está bem, afinadinho, e ainda conta com o supergato Chris Hemsworth no papel de um recepcionista gostoso e burro. Para completar, grandes e ótimos efeitos especiais, que superam muitos filmes de ficção do momento. 

Ou seja, o diretor Paul Feng poderia tirar nota 10. Mas escorregou e quase perde média. A história se perde às vezes, o potencial cômico das quatro atrizes foi pouco explorado - Kate McKinnon e Leslie Jones fazem as melhores performances, juntamente com Hemsworth, deixando McCarthy e Wiig certinhas demais e sem graça. O vilão também é bem mais fraco que Zull, do primeiro filme, mas não importa tanto, pois seus fantasmas dominam as cenas e interpretam bem seus papéis, nas ruas, no metrô ou no museu.

A aposta no time feminino foi boa, mas ainda ficou um "Q" de discriminação do diretor Paul Feng, por mais que todo o elenco negue isso. Três brancas são cientistas e a única negra é Jones, a bilheteira do metrô. O mesmo aconteceu no primeiro com Ernie Hudson. E nos dois casos, os atores negros foram destaques, principalmente na nova versão.

A versão pode ser nova, alguns fantasmas também (o nosso gosmento verde comedor de salsicha está lá), mas o velho time poderia ter dado uma melhorada no enredo que eles conhecem bem. Dan Aykroyd, Ivan Reitman e Harold Ramis são os autores da obra original, participaram do primeiro filme e são produtores do atual. Poderiam ter aprendido com a "sapatada" que levaram com o péssimo "Caça-Fantasmas 2" (1989) e sua gosma rosa e melhorado o enredo.

Por falar em time antigo, Bill Murray, Ernie Hudson, Dan Aykroyd, Sigourney Weaver e Annie Potts deixaram sua marca em aparições rápidas no filme. Para completar, o elenco ainda conta com nomes como o Andy Garcia, Charles Dance e Michael K. Williams.

Com novas bugigangas tecnológicas e usando um carro semelhante ao original mas de origem duvidosa, o filme começa com o reencontro de Erin Gilbert (Wiig), uma respeitada professora da Universidade de Columbia, e Abby Yates (McCarthy), sua amiga de infância também cientista com quem escreveu um livro sobre fantasmas.

Ao ter seu passado descoberto, Erin perde o emprego e se junta Abby e à também cientista Jillian Holtzmann (McKinnon) para investigar fatos estranhos sobrenaturais. Empolgada com a visão que teve de um fantasma nos trilhos do metrô onde trabalha, Patty Tola (Jones) se une ao trio para investigar as terríveis aparições que estão deixando Nova York mais louca do que já é.

Vale como curiosidade para os fãs do primeiro filme e pode agradar a nova geração, que será brindada com outras produções com o quarteto, como já prometeu a roteirista Katie Dippold em entrevista recente. "Caça-Fantasmas" pode ser conferido em 34 salas de 19 shoppings de BH, Betim e Contagem nas versões 2D, 3D e Imax (apesar dos ótimos efeitos visuais, recomendo o ingresso mais barato), em sessões dublada e legendada.




Ficha técnica:
Direção: Paul Feig
Produção: Columbia Pictures / Village Roadshow Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h56
Gêneros: Ação / Comédia
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #cacafantasmas, #MelissaMcCarthy, #KristenWiig, #KateMcKinnon, #LeslieJones, #ChrisHemsworth, #AndyGarcia, #comédia, #ação, #PaulFeig, #DanAykroyd, #BillMurray, SonyPictures, #ColumbiaPictures, #CinemanoEscurinho

11 julho 2016

Scrat se supera e muda o universo em "A Era do Gelo - O Big Bang"

Manny, Diego, Sid e seus amigos precisam deixar seus lares para tentar evitar a destruição da Terra por um meteoro (Fotos: Fox Film/Divulgação)

Maristela Bretas


Garantia de boas risadas, apesar de usar uma velha fórmula e sempre o mesmo personagem para dar início ao caos completo. Assim é "A Era do Gelo - O Big Bang" ("Ice Age: Collision Course"), quinto filme da franquia que vem garantindo boas bilheterias desde o primeiro em 2002. Impossível ficar indiferente e ficar analisando os dados técnicos quando o atrapalhado esquilo Scrat surge na tela com sua noz amada e começa toda a confusão que vai parar no espaço e provoca o Big Bang.

Engana-se quem acha que o universo foi criado por algo orquestrado. Como diz o narrador, ele pode ter surgido apenas como o resultado de "uma coisa mais boba". E Scrat estava lá para dar uma mãozinha e fazer tudo sair do lugar da forma mais divertida. E claro, sempre correndo atrás de sua noz.

Com certeza o esquilo ainda consegue ser o personagem principal, não desmerecendo os demais. Mas basta ele aparecer que a risada é certa. E se no espaço a confusão é geral, na Terra a turma ganha futuros pretendentes, novos inimigos (fraquinhos e não oferecem muito perigo) e corre grande risco de sumir do universo. Manny, Diego e Sid (nas vozes em português de Diogo Vilela, Márcio Garcia e Tadeu Mello) continuam unidos, agora com suas famílias integrando o grupo. Apenas Sid está sozinho, sempre em busca de um grande amor.

Ao longo da animação, quando tudo parece que vai se acalmar, o esquilo trapalhão faz mais uma "caquinha" no espaço e bagunça tudo de novo no universo. A coisa só vai piorando e provocando mais risadas. Enquanto isso, na Terra, a atração é a vovó de Sid, com suas tiradas e sarcasmo no ponto certo. Os dois são a diversão da produção, roubando as cenas em que aparecem.

Manny e Ellie vivem o drama de ver a filha Amora arranjar um namorado e querer sair de casa para conhecer o mundo com ele. Diego e Shira pensam em ter filhos, mas não conseguem que outros filhotes se aproximem deles. O Sid. Ah, esse parece ser um caso perdido. Ou não. O mais simpático, carinhoso e falador do grupo ainda não encontrou seu par e quer muito ter uma família como seus amigos. Só lhe resta cuidar da vovó. 

Animais com dramas humanos do dia a dia, um aspecto que a franquia sempre soube explorar muito bem ao direcionar suas animações para todas as idades, unindo os gêneros aventura e família para atrair o público.

Em "A Era do Gelo: O Big Bang", a confusão de Scrat e sua noz provoca a queda de um gigantesco meteoro que se dirige para a Terra e pode acabar com o Planeta. Manny, Diego, Sid e suas famílias são obrigados a deixar sues lares em busca de uma saída para evitar a catástrofe. 

O único jeito é confiar no plano de Buck, a doninha que usa tapa-olho, muito inteligente mas doida de jogar pedra na lua. Se já não bastasse, durante sua jornada para tentar salvar o planeta o grupo ainda terá de enfrentar um trio alado, que está mais para Três Patetas do que para vilões.

Uma ótima opção para a família e para aqueles que vêm acompanhando a saga destes amigos da Era do Gelo desde o início. Vale o ingresso inclusive em 3D, graças aos ótimos efeitos de animação, além do balde de pipoca e o copão de refrigerante. "A Era do Gelo: O Big Bang" está em exibição nas versões dublada e legendada, em 2D e 3D, em 41 salas de 18 shoppings de BH, Betim e Contagem.



Ficha técnica:
Direção: Mike Thurmeier
Produção: Blue Sky Studios/ Fox Animations Studios
Distribuição: Fox Film
Duração: 1h34
Gêneros: Animação / Aventura / Família
País: EUA
Classificação: Livre 
Nota: 4,5 (0 a 5)

Tags: #aeradogeloobigbang, #aeradogelo, #Manny, #Diego, #Sid, #Scrat, #espaço, #noz, #bigbang, #BlueSkyStudios, #FoxAnimationStudios, #animação, #família, #aventura, #CinemanoEscurinho

10 julho 2016

"Carrossel 2" mantém estilo infantil da série em aventura urbana dos adolescentes

A turma da professora Helena precisará estar mais unida para encontrar e salvar Maria Joaquina dos vilões (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


Em 2015, a turma da Escola Mundial saiu da TV e ganhou espaço nas telas de cinema com "Carrossel - O Filme". Os pequenos alunos da professora Helena já eram adolescentes, mas não perderam o carisma e conquistaram novos fãs e uma ótima bilheteria. Eles voltam em "Carrossel 2 - O Sumiço de Maria Joaquina" mantendo o mesmo estilo infantil da série, mas agora vivendo uma aventura urbana para adolescentes que deve agradar também aos pequenos.

O grupo é o mesmo do primeiro filme, mais maduro, apesar de ainda ser da classe da professora Helena, interpretada por Rosanne Mulholland (que não participou do primeiro filme por estar gravando uma novela). A amizade entre eles é colocada à prova durante um quando a chata e arrogante Maria Joaquina (Larissa Manoela), desaparece.

Mas como uma boa história precisa de bons vilãos, essa não poderia ser diferente, ainda que sejam os mesmos da primeira versão. Gonzales (Paulo Miklos, da banda Titãs) e Gonzalito (interpretado por Oscar Filho) retornam com um plano quase perfeito para se vingarem dos adolescentes que os mandaram para a cadeia. Mais maldosos e atrapalhados eles agora são chefiados por um misterioso inimigo da turma de adolescentes.

Nessa aventura que explora o cenário de São Paulo, a professora Helena vai contar com Lucas Santos (Paulo), Thomaz Costa (Daniel), Jean Paulo Campos (Cirilo), Gabriel Calamari (Alan), Matheus Ueta (Kokimoto), Guilherme Seta (Davi), Maísa Silva (Valéria), Nicholas Torres (Jaime) e Fernanda Concon (Alícia) para ajudá-la a encontrar Maria Joaquina. A jovem é raptada pela dupla de vilões durante um ensaio do grupo para um show com a cantora Didi Mel (Miá Mello), amiga de infância de Helena, que vai usar de sua influência para ajudar nas buscas.


Entre lutas de sumô, partidas de futebol conta o time do jogador Falcão, uma experiência gastronômica no estilo Hell's Kitchen, uma mãe desorientada e surda como uma porta vivida por Elke Maravilha, a turma vai se unir ainda mais para divertir o público infantil. "Carrossel 2". Uma produção indicada para família, mostrando bons valores, a revelação pura de novos amores entre os adolescentes, a importância da união e da amizade e, claro, um final feliz, sem a baixaria que tem inundado as telas de nossas TVs diariamente.

Duro é sair do cinema com a estrofe da música-tema na cabeça: "Embarque nesse carrossel, onde o mundo faz de conta, a terra é quase o céu". "Carrossel 2" pode ser conferido em 24 salas de 18 shoppings de BH, Betim e Contagem.




Ficha técnica:
Direção: Maurício Eça
Produção: SBT Produções / Paris Produções /Televisa Cine
Distribuição: Paris Filmes / Downtown Filmes
Duração: 1h33
Gêneros: Infantil / Família / Aventura
País: Brasil
Classificação: Livre
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #carrossel2osumicodemariajoaquina, #carrossel, #mariajoaquina, #Gonzales, #Gonzalito, #professoraHelena, #aventura, #família,##infantil, #SBT, #LarissaManoela, #JeanPauloCampos, #MaisaSilva, #PauloMiklos, #RosanneMulholland, #MiáMello, #Falcão, #ElkeMaravilha, Paris Filmes, #DowntownFilmes, CinemanoEscurinho

08 julho 2016

"Julieta": nada mais Almodóvar


Culpa, acaso e destino são as cores fortes do recente melodrama do diretor espanhol (Fotos: Manolo Pavón/ El Deseo/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Mesmo os que leram o belo "Fugitiva", livro de contos da canadense Alice Munro, Nobel de Literatura de 2004, levam algum tempo para identificar as três histórias que foram livremente adaptadas e serviram de inspiração para "Julieta", o mais recente filme de Pedro Almodóvar em cartaz nos cinemas de BH. Depois de anos, o diretor está de volta ao tema que o consagrou e que conhece muito bem: as mulheres.

Interpretada por duas atrizes talentosas - Adriana Ugarte na juventude e Emma Suárez na maturidade - Julieta está se preparando para mudar de Madrid para Lisboa com o namorado Lorenzo (o argentino Dario Grandinetti de "Fale com Ela") quando um encontro casual na rua com Beatriz (Michelle Jenner), amiga de sua filha na infância, muda o rumo de sua vida. Demora um pouco para o espectador descobrir por que é que aquela mulher, professora de mitologia grega, que viveu um grande amor no passado, está obrigatoriamente separada de sua filha Antía há mais de dez anos.

Como sempre acontece nos filmes de Almodóvar, os atores parecem ter sido talhados para os papéis. A começar pela jovem Adriana Ugarte, cuja beleza chega a ser desconcertante, e Emma Suárez, que além de manter a beleza e a sensualidade depois de madura, parece carregar gestos e trejeitos da moça que foi. Inma Cuesta dá seu recado como a artista plástica Ava; Blanca Parés está na medida como a adolescente Antía e Daniel Grao dá credibilidade ao pescador Xoan, pai de Antía. Mas merece destaque especial a atuação ligeira, mas importantíssima na trama, da conhecida atriz Rossy de Palma, a empregada esquisita de Xoan.

Houve quem achasse "Julieta" comedido. Nem tanto. Estão lá as cores fortes, o melodrama e a tensão, elementos típicos do diretor espanhol que continua a falar de temas universais como culpa, passado, acaso, destino, incertezas. Está no filme também aquela quase angústia que o diretor sempre provoca no público, atento e preso a uma história que se desenrola sem pistas nem sinais. À todo momento tudo pode acontecer, tudo pode mudar, nada é previsível. Nada mais surpreendente. Ao final, enquanto sobem os créditos, uma canção doída parece fisgar e paralisar o espectador. Nada mais Almodóvar.

Com duração de 1h40, o drama "Julieta", vigésimo filme do diretor espanhol, está em cartaz nas salas 1 do Belas Artes (sessões 14h30, 16h50, 19 horas e 21h20), 2 do Pátio Savassi (16h15 e 21h30), 2 do Net Cineart Ponteio (19 horas) e Net Cineart Ponteio Premier (14h30, 16h30 e 20h40). Classificação: 14 anos



Tags: #julieta, #PedroAlmodovar#, #drama, #AdrianaUgarte, #EmmaSuárez, #BlancaParés, #DarioGrandinetti, #Fugitiva, #AliceMunro, #CinemanoEscurinho, #PortalUAI

07 julho 2016

Oi, eu sou a Dory, e agora quero achar minha família

Dory está de volta, com novos amigos e determinada a achar sua família e redescobrir seu passado (Fotos: Disney/Divulgação)

Maristela Bretas


Oi, eu sou a Dory. Eu sofro de perda de memória recente. Tudo bem Dory, nós não esquecemos de você nesses 13 anos desde "Procurando Nemo". E fomos fiéis, esperamos todo este tempo para ver um filme em que você fosse a estrela principal. Finalmente ele chegou e é ótimo. "Procurando Dory" é a homenagem merecida à "peixinha" azul mais simpática e esquecida do cinema.

Os velhos amigos Marlin e Nemo também estão de volta e são sua segunda família. Por falar nisso, onde está a família de Dory? Ela não nasceu sozinha, veio de algum lugar e deve ter alguém procurando por ela - pais, amigos. Um passado que nunca foi explicado e que o diretor e também criador dos personagens Andrew Stanton resolveu contar neste filme.

Apesar de esquecida, ela começa a ter flashes de memória com sua família e momentos de sua vida infância e resolve cruzar o oceano em busca de seu passado. Mesmo alegre, brincalhona e muita atirada, Dory sabe que não pode fazer essa aventura sozinha. E recruta seus fiéis amigos Nemo e Marlin para ajudá-la a chegar ao Instituto da Vida Marinha (IVM), na Califórnia, um centro de reabilitação e aquário onde ela espera encontrar sua família.

Mas como sempre, Dory não passa por um lugar sem fazer novos amigos e até reencontrar antigos. Só ela mesma para conhecer e gostar de Hank, um polvo rabugento de sete tentáculos (dublado em português por Antônio Tabet) que vive dando perdido nos funcionários do IVM; tem também o Bailey, uma baleia branca beluga que está convencida de que perdeu sua habilidade de ecolocalização. E dois leões marinhos cheios de marra e muito sacanas, além de um pássaro horroroso de olhos arregalados que ainda não consegui saber a qual espécie pertence. E claro, Destiny, um tubarão baleia míope, antiga companheira de longas conversas em baleiês.

É nesse ambiente, onde cada um tem uma deficiência, que se forma outra grande família, com todos tentando superar seus entraves para ajudar ao outro. Sem que perceba, o "jeito Dory de ser" é sempre a melhor maneira de conseguir fazer o que mais desejam.

Em "Procurando Dory", nossa amiguinha continua sem medo de se arriscar, ao contrário de Marlin. Mas bem lá no fundo ela teme esquecer de novo de uma hora para outra e perder o equilíbrio que conquistou desde que se separou de sua família. Dory sabe, no entanto que, apesar de sofrer de perda de memória recente, a emocional é muito boa. E é isso que a faz ir em busca de seus pais Charlie e Jenny, que nunca foram esquecidos.

Entre muitas risadas e momentos de solidão e sentimento de perda, "Procurando Dory" é uma doce e sincera animação que trata de superação, amizade sem preconceito, lealdade e, principalmente amor à família, assim como "Procurando Nemo". Faz rir, chorar, refletir e voltar a rir com as trapalhadas e artimanhas dos personagens para tentarem driblar os funcionários do IVM.

Imperdível, emocionante e engraçado. Vai criar novos fãs e matar a saudade daqueles que conheceram e curtiram Dory, Nemo e Marlin em 2003. A animação está nas versões 2D e 3D, dubladas e legendadas, e pode ser conferida em 40 salas de 19 shoppings de BH, Betim e Contagem.

Curta-metragem Piper

Antes da exibição de "Procurando Dory" o público confere o curta-metragem de animação "Piper", que conta a história de um jovem pássaro faminto que precisa perder o medo de se aventurar para conseguir o alimento sem a ajuda da mãe. Lindo, bem produzido e com belas imagens que encantam.



Ficha Técnica
Direção: Andrew Stanton (também roteirista, criador da ideia original e dos personagens originais) // Angus MacLane
Produção: Pixar Animations Studios
Distribuição: Disney/ Buena Vista
Duração: 1h42
Gêneros: Animação / Comédia
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 5 (0 a 5)

Tags: #procurandodory, #dory, #nemo, #marlin, #Pixar, #Disney, #animação, #AndrewStanton, #comédia, #amizade, #família, #lealdade, #baleia, #Hank, #Destiny, #polvo, #perdadememoriaacurtoprazo,  #tubaraobaleia, #CinemanoEscurinho

04 julho 2016

Filme francês "Doce Veneno" reedita "mito" Lolita

Vincent Cassel e a atriz estreante Lola Le Lann em cena de "Doce Veneno", em cartaz na cidade (Fotos: California Filmes/ Divulgação)

Patricia Cassese


Quando, nos momentos iniciais de "Doce Veneno" ("Un Moment d'Égarement", em cartaz no Belas Artes), a câmara avança pelo mar azul em direção à terra firme - no caso, a Córsega -, o espectador escuta um clássico da chanson française: "La Mer", na voz de Charles Trenet. A música, porém, divide a trilha sonora da produção francesa dirigida por Jean-François Richet com hits contemporâneos, como "I Follow Rivers", de Lykke Li (sim, também da trilha de "Azul é a Cor Mais Quente"), acabando por reverberar o que acontece em cena. Em férias, dois quarentões - Antoine (François Cluzet) e Laurent (Vincent Cassel) -, amigos de longa data, partem rumo à casa do primeiro, localizada na citada ilha mediterrânea. Os dois estão devidamente acompanhados das filhas únicas: respectivamente, Louna (Lola Le Lann), 17 anos, e Maria (Alice Isaaz), 18.

Mas o período promete poucas emoções: a casa em questão está abandonada há tempos, e até um rato morto é encontrado no piso. Não bastasse, a área externa vem sendo atacada por javalis, e a conexão com o wi-fi é "pra" lá de precária - para desespero das duas dignas representantes de uma geração que não vive longe de seus smartphones. Para consolo das meninas, eis que vem a notícia de que sim, há amigos, pessoas da geração delas, também passando férias por lá - e vêm as noitadas regadas a DJS, roupas ousadas e muito, muito álcool.

E é justamente numa dessas raves que Louna explicita a Laurent (ali para garantir que as garotas voltem a salvo para casa) seu poder de sedução. O estopim da atração, na verdade, foi detonado pouco antes, numa descida a uma cachoeira, programa feito pelos quatro personagens centrais. Já na rave, na esteira dos muitos goles a mais, Laurent cede à insistência da bela e sedutora garota na areia, após um mergulho nas águas geladas.

Mas, claro, como só acontece na vida, após a bebedeira, vem a ressaca. Diante da inocência do amigo e anfitrião Antoine, vem, também, o arrependimento, e a busca desesperada de Laurent para colocar um ponto final na situação. O que não será tarefa das mais fáceis. A começar que Louna vai se revelando uma menina ardilosa, manipuladora e levemente perturbada, a ponto de armar situações que colocam Laurent (a essa altura, já em pânico ante a iminência da descoberta do affair por parte de Antoine) em parafuso.

Paralelamente, Antoine tenta esquecer o  evidente fracasso de seu casamento (a esposa não acompanha marido e filha nas férias) flertando com garotas mais jovens ou se empenhando na  luta contra os tais javalis, preparando caçadas e armadilhas que suscitam, no espectador, a tensão de onde tais artimanhas podem desaguar.


Tendo chamarizes como a presença dos dois atores citados - Cluzet, vale lembrar, vem de um sucesso estrondoso do cinema francês, "Os Intocáveis",  êxito esse arrebanhado em nível internacional, enquanto Cassel é um dos rostos mais conhecidos das produções - e a beleza das duas meninas, "Doce Veneno" reedita a sedução das lolitas, já "n" vezes vista nos cinemas - inclusive em produções brasileiras, como "A Menina do Lado". O resultado é um filme interessante para uma tarde descompromissada, mas longe - muito longe - de deixar qualquer marca na memória.

Curiosidades

Falamos em Lolita e o nome da atriz que interpreta a ninfeta no filme é... Lola. Que, por sinal, lembra muito Laura Neiva, que, adolescente, interpretou a filha de Vincent Cassel na produção brasileira "À Deriva". No filme de Heitor Dhalia, Neiva é Filipa, uma adolescente que se entristece ao ver o pai quarentão se interessar por uma mulher mais jovem - tal como ocorre com a personagem Maria, a companheira de férias de Louna em "Doce  Veneno". Classificação: 14 anos



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01 julho 2016

Com poesia e algum delírio, "Big Jato" fala da podridão de que somos feitos

A história explora os conflitos entre os dois Francisco - o pai limpador de fossas e o filho poeta (Fotos: Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Atuando em dois papéis, Matheus Nachtergaele é a grande estrela de "Big Jato", filme dirigido por Cláudio Assis, responsável por outras boas esquisitices intrigantes do cinema nacional como "Baixio das Bestas", "A Febre do Rato" e "Amarelo Manga", pra ficar só nos mais conhecidos. Ao emprestar seu brilho e talento a dois irmãos, Francisco e Nelson, dois personagens antagônicos da história, Nachtergaele dá um tom mais real ao drama - às vezes surreal - do menino nordestino cujo pecado era querer ser poeta.


O filme é baseado em livro homônimo (autobiográfico?) do conhecido jornalista Xico Sá. Francisco, vivido pelo estreante Rafael Nicácio, é um adolescente, filho do também Francisco (um dos papéis de Nachtergaele), cuja ocupação é percorrer estradas num caminhão pipa limpando fossas em lugarejos aonde a evolução sanitária não chegou. 

Embora tenha um pai machista e ignorante, o menino tem como modelo o tio Nelson (o outro papel de Nachtergaele), radialista anárquico e delirante. Delirante é também, de certa forma, o filme como um todo. A começar pelo lugar onde a trama se passa, Peixe de Pedra, espécie de cidade fóssil. Sem contar outro personagem, Príncipe, vivido por ninguém menos que Jards Macalé, figura popular que gosta de contar suas conquistas e dores amorosas ao menino Chico. "Big Jato" tem um pé fora do real e, muitas vezes, lembra uma fábula.


Os conflitos entre Francisco pai e Francisco filho - um quer o feijão; o outro quer o sonho - percorrem todo o filme, mediados às vezes pela mãe, interpretada pela sempre fantástica Marcélia Cartaxo. É nessa família que o adolescente vive sua primeira paixão e sofre bulling dos amigos por ser um ajudante do pai na incômoda e fétida tarefa de limpar fossas.

E talvez esteja aí - na fossa - a melhor ideia de "Big Jato". Durante toda a história, há argumentos e discursos recorrentes sobre os excrementos, como a nos lembrar da merda de que somos feitos, da podridão e da finitude de que padecemos.

A comédia dramática "Big Jato" foi a grande vencedora do Festival de Brasília de 2015, conquistando os prêmios de Melhor Filme, Melhor Ator e Atriz, Melhor Trilha Sonora e Melhor Roteiro. Com 1h37 de duração está em exibição na sala 3 do Belas Artes, sessão de 16 horas, e no Cine 104, sessão das 17 horas. Classificação: 16 anos



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23 junho 2016

Vinte anos depois, a história se repete com mais efeito catástrofe alienígena

A história é quase a mesma com efeitos mais grandiosos e destruição em massa (Fotos: Fox Films/ Divulgação)

Maristela Bretas


Mesmo sem Will Smith, uma das estrelas do filme de 1996 (Capitão Steven Hiller), que é lembrado em fotos como herói ao longo da nova história, "Independence Day - O Ressurgimento" ("Independence Day: Ressurgence") é uma produção que vai agradar aos fãs pela quantidade e qualidade dos efeitos especiais e visuais, apesar da repetição da história e de alguns diálogos da primeira versão. Os alienígenas também são os mesmos, mas estão mais poderosos, destrutivos e pior, em número muito maior. Passados 20 anos desde o primeiro ataque, nem mesmo criando defesas contra uma nova invasão, as forças de segurança não esperavam algo tão colossal.

E se já não bastassem os alienígenas em abundância, eles ainda têm a seu favor uma rainha-mãe vingativa e gigantesca, quase indestrutível. Junte a tudo isso batalhas aéreas semelhantes às de "Independence Day", com novas armas muito mais atraentes para os dois lados. Não poderiam faltar as mensagens constantes de patriotismo e supervalorização dos EUA como os heróis salvadores do planeta. Com direito a bandeira americana para todos os lados e discursos nacionalistas, remetendo 4 de julho, Dia da Independência do pais (como também ocorreu no primeiro).

Do elenco anterior estão de volta Jeff Goldblum (Dr. David Levinson), Bill Pullman (ex-presidente Tom Whitmore), Judd Hirsch (Julius Levinson) e Vivica A. Fox (Jasmine Hiller, agora como viúva do capitão Hiller). E são os três primeiros que retomam seus postos para dar a sustentação necessária ao filme. Para esta produção entraram novos rostos, alguns experientes, como Sela Ward (atual presidente dos EUA) e William Fichtner (general Adams).


O novo trio de combatentes - Liam Hemsworth (Jake Morrison), Jessie Usher (Dylan Hiller, filho do capitão Hiller) e Maika Monroe (Patrícia Whitmore, filha do ex-presidente) não é muito carismático, ao contrário do grupo original. Nem o romance do irmão de Thor com a lourinha bonitinha e sem sal convence muito. Muitos gritos e frases patrióticas, mas falta talento nas veias.


GALERIA DE FOTOS


Nesta continuação, duas décadas depois, a Terra vive a paz entre os povos que sofreram o primeiro ataque e criaram uma aliança de segurança usando as armas e a tecnologia do antigo inimigo. A nova invasão, no entanto, vai mostrar que não estavam preparados para o que estava por vir. Entram em cena os sobreviventes de 1996 - Dr. Levinson, o pai dele Julius, e o ex-presidente Whitmore - que terão de se unir aos jovens combatentes contra os novos alienígenas, ainda mais devastador, que quer a extinção do Planeta.


Mas se o público busca diversão, passe por cima disso tudo, compre seu ingresso e um balde de pipoca e aproveite o filme que unem ficção, ação e catástrofe. Não sobra pedra sobre pedra. E mais: o final deixa claro que Independence Day pode ganhar um terceiro capítulo, com batalhas no espaço, novos rostos integrando a força de segurança e um forte aliado.

"Independence Day - O Ressurgimento" estreia nesta quinta-feira em 34 salas de cinemas de BH, Betim e Contagem, nas versões dublada e legendada, em sessões 2D, 3D, Imax e XD. A produção vem com força total para tentar arrebatar bilheterias e ameaçar a liderança de dois fortes concorrentes - "Invocação do Mal 2" e "Como Eu Era Antes de Você".



Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Roland Emmerich
Produção: 20th Century Fox
Distribuição: Fox Films do Brasil
Duração: 2 horas
Gêneros: Ficção / Ação
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #IndependenceDayORessurgimento, #IndependenceDay, #alienígenas#4dejulho, #invasão, #JeffGoldblum, #BillPullman, #LiamHemsworth, #JessieUsher, #MaykaMonroe, #SelaWard, #JuddHirsch, #RolandEmmerich, #ficção, #ação, #FoxFilms, #20thCenturyFox, #CinemanoEscurinho, #PortalUAI

21 junho 2016

As Tartarugas Ninja deixam as sombras e voltam com muita pizza

Quarteto ganha reforço de mais heróis e novos vilões remetendo as Histórias em Quadrinhos (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Elas estão em sua terceira tentativa e ainda não encontraram um rumo certo. Não sabem se querem apenas divertir ou serem super-heróis parrudos transformados. Estou falando das Tartarugas Ninja, que estão no cinema com mais uma de suas histórias em "Fora das Sombras” ("Teenage Mutant Ninja Turtles: Out of the -Shadows"), desta vez recuperando três personagens dos quadrinhos para dar um suporte ao quarteto quelônio e à bela e ruim de serviço Megan Fox.

Mas mesmo com ajuda extra, o filme não é nenhuma maravilha. Tem piadas para todas as idades e uma dupla muito boba, que garante alguma diversão - Bebop (Gary Anthony Williams) e Rocksteady (Stephen Farrelly), dois vilões idiotas com piadas ainda mais bobas, mas que podem agradar a garotada. A outra novidade é o Stephen Amell (o Arqueiro Verde da série de TV "Arrow"). O público feminino que acompanha a série (como eu) talvez assista ao filme só pela presença dele, que interpreta o policial Casey Jones. Se os fãs novamente garantirem uma boa bilheteria possivelmente o veremos novamente, agora integrante da turma de heróis.

Megan Fox, que só tem beleza, encabeça o elenco e não é pelo talento. A queridinha do produtor Michael Bay, interpreta novamente a repórter April O'Neil, parceira dos heróis. Mas não evoluiu muito como atriz deste "Transformers". Talvez um botox a mais, que a faz sonho de consumo de muito adolescente e dos marmanjos também, que nem vão reparar se ela faz bem seu papel.

Não pode reparar nas falhas e erros grotescos, como a viagem dos heróis ao Brasil para capturar uma peça alienígena na Floresta Amazônica e eles despencarem das Cataratas do Iguaçu. Alguém deveria ter ensinado geografia ao diretor Dave Green. Tem até participação especial da brasileira Alessandra Ambrosio, no time das que faz uma figuração apenas para tornar o ambiente mais belo para o público masculino.

Na história, Raphael (Alan Ritchson), Michelangelo (Noel Fischer), Donatello (Jeremy Howard) e Leonardo (Pete Ploszek) vão enfrentar novamente seu maior inimigo, o Destruidor (Brian Tee), que consegue escapar do caminhão escoltado por Casey Jones que o levaria a uma prisão federal. Na fuga ele contou com a ajuda de um Krang (na voz original de Brad Garret), um alienígena muito mais perigoso e de outra dimensão que quer destruir a Terra. 

Os inimigos ainda vão contar com a ajuda de dois fortes bobalhões no combate aos heróis, que terão Casey como seu mais novo parceiro. Com fortes indícios de que venha a ser também o par romântico de Fox em outras possíveis futuras edições. E desta vez, o quarteto precisará deixar os esgotos de Nova York para enfrentar seus inimigos em plena luz do dia.

A produção é razoável, tem muita pancadaria, ação, briga de família, vilões daqui e de outra galáxia, um novo integrante muito gato, uma dupla abobalhada mais divertida e a mocinha que só tem beleza. Distração para uma sessão da tarde, que pode ser curtida com pizza. "As Tartarugas Ninja - Fora das Sombras" está em cartaz em 32 salas de 18 shoppings de BH, Betim e Contagem, nas versões dublada e legendada, em 2D e 3D.




Ficha técnica:
Direção: Dave Green
Produção: Paramount Pictures / Platinum Dunes / Nickelodeon Movies
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 1h52
Gêneros: Aventura / Ação
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

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18 junho 2016

"Mais forte que o mundo" e a diferença entre brigar e lutar

Filme narra a dura trajetória de um grande lutador na conquista do titulo de melhor do mundo (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


"Mais Forte que o Mundo - A História de José Aldo" é uma homenagem ao grande campeão brasileiro de UFC, dono do cinturão da categoria peso pena por dez anos, cuja trajetória foi marcada por violência e duras conquistas. O diretor Afonso Poyart soube captar bem esta história e passá-la ao público, mostrando os altos e baixos da carreira de José Aldo da Silva Oliveira Júnior, mais conhecido como José Aldo, primeiro a conquistar este título para o Brasil e consagrado com o prêmio de Lutador do Ano de 2010.

Na cinebiografia, José Aldo é interpretado pelo ator José Loreto, que além de apresentar um porte físico muito bem trabalhado, entrou de cabeça no personagem, passando boa credibilidade, principalmente nas cenas de luta. O papel da namorada ficou para Cléo Pires, que vem melhorando a cada filme suas interpretações e soube mostrar a importância e a força de Vivianne, mulher de Aldo, na vida pessoal dele e em sua carreira.

O segundo escalão, que na verdade dá a sustentação à primeira metade do filme contou com o talento de dois tarimbados atores, que deram a carga emocional necessária para o passado do lutador precisava - Jackson Antunes (excelente no papel) e Claudia Ohana, interpretando os pais de Aldo. Antunes é Seu José, um alcoólatra truculento, que bate na mulher Rocilene (Ohana) e quando não está cambaleando pelas ruas, está despejando sua agressividade na família e principalmente no filho. Ao mesmo tempo, se mostra seu maior incentivador. Já a mãe é uma mulher trabalhadora, sofrida, vítima de violência doméstica, e que atura tudo para manter a família unida.

José Aldo e as duas irmãs assistem a tudo e sofrem com a mãe. Para descarregar sua raiva ele se torna um bom lutador de jiu-jítsu, mas sempre se mete em confusões pelas ruas de Manaus, sua cidade natal. Cansado das agressões, brigas e prisões, ele decide deixar o Amazonas e tentar a vida como lutador no Rio de Janeiro, onde percebe que o sucesso fácil é uma grande ilusão. Trabalhando numa academia ele conhece Vivi, aquela que se tornará sua esposa um dia. E Dedé Pederneiras (Milhem Cortaz), o treinador que o levará à vitória nos ringues e ensinará a diferença entre brigar e lutar.

Mas José Aldo nunca apagou o passado de agressões e violência. E são estes sentimentos mal resolvidos que o transformam no toro furioso que massacrou durante anos seus opositores no octógono. Claro que numa biografia de um lutador tinha de haver luta. E apesar de não ser o foco principal, as cenas dos treinos e das disputas foram muito bem feitas, usando técnicas como slow-motion, demonstrando grande preocupação do diretor com o lado estético da produção.

"Mais Forte que o Mundo - A História de José Aldo" é um filme que passa a primeira metade explicando o passado do lutador e de onde vem toda a sua fúria na hora de lutar. A partir do momento em que ele chega ao Rio, a narrativa é explora o crescimento desse amazonense de apenas 1,71m nos ringues pelo mundo, até a conquista do cinturão na categoria peso pena.

No elenco estão ainda Rafinha Bastos, Rômulo Arantes Neto, Paloma Bernardi e vários representantes do mundo das lutas, uma vez que o filme conta com o apoio dos organizadores do UFC. Ótima produção, que vale a pena ser vista mesmo por aqueles que, como eu, não gostam da violência das lutas. Ele pode ser conferido em 15 salas de shoppings de Belo Horizonte e Contagem.



Ficha Técnica:
Diretor, roteirista e produtor: Afonso Poyart
Produção: Black Maria / Globo Filmes / Downtown Filmes / Paris Produções
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h55
País: Brasil
Gêneros: Drama / Biografia / Esporte
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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16 junho 2016

"Ponto Zero" é angustiante e sombrio como um pesadelo

Diretor escolhe caminhos não convencionais para falar sobre o rito de passagem de um adolescente (Fotos: Pandora Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Salvo engano, a expressão ponto zero significa um tal equilíbrio de energias, algo semelhante a um vazio. Na dramaturgia do diretor gaúcho José Pedro Goulart, "Ponto Zero" pode ser entendido como um rito de iniciação de um menino, algo como a dor do crescimento.

Ênio é um adolescente típico dos seus 14 anos. Não é popular na escola, não tem amigos e se esconde por trás de uma franja que cobre boa parte do rosto. Começa a se interessar por sexo, fala pouco - quase nada - e enfrenta uma grave crise conjugal dos pais. Para completar, seu pai, um radialista de nenhum escrúpulo, trata muito mal a mãe e vive às voltas com amantes e mulheres de programa. E ela, a mãe, usa uma dose de chantagem levando o menino para, na falta do marido, dormir ao lado dela. Ou, às vezes, obrigando o filho a vigiar o pai.


Revoltado, numa noite chuvosa, Ênio pega o carro do pai e sai dirigindo pela cidade em busca não se sabe de que, talvez de si mesmo. A partir daí, são muitos os sustos, agonias e surpresas, misturando realidade e delírio. E é a parte maior do longa, o que o torna ainda mais impactante.

O silencioso e atormentado Ênio é interpretado pelo estreante Sandro Aliprandini, que se sai bem. Estão muito bem ainda os veteranos Eucir de Souza como o pai e Patrícia Selont como a mãe, dos quais o espectador nem sabe os nomes.

Há muitas maneiras de se contar uma história assim e José Pedro Goulart escolheu uma bastante incomum. O filme não é linear, as imagens são desequilibradas, a luz é escura e os ângulos eleitos pela câmara não são nem um pouco convencionais. Resultado: "Ponto Zero" é claustrofóbico e angustiante como um pesadelo que parece não ter fim. 




Tags: #pontozero, #JoséPedroGoulart, #SandroAliprandini, # EucirdeSouza, #PatríciaSelont, #drama, #PandoraFilmes, #CinemanoEscurinho, #PortalUAI

15 junho 2016

Com química fraca e pouca emoção, "Como Eu Era Antes de Você" faz chorar pouco

Emilia Clarke e Sam Claflin formam o casal principal do romance adaptado da obra de Jojo Moyes (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Ele tem um sorriso de derreter corações. Ela sorri com os olhos e é capaz de amolecer o mais duro dos corações. O texto foi adaptado de um dos best-seller da escritora água com açúcar Jojo Moyes, que também foi roteirista do filme. Tudo apontava para mais um drama de fazer chorar do início ao fim e sair do cinema com o peito aliviado e apaixonado. Pronto para virar também um sucesso de bilheteria, o que pode até acontecer. Mas alguma coisa se perdeu no caminho.

Ao contrário das produções do gênero do também escritor e roteirista Nicholas Sparks, "Como Eu Era Antes de Você" ("Me Before You") é um romance comum de história fraca, mas que poderia ter ganhado contornos mais emocionantes com um bom roteiro. No entanto, antes mesmo do meio da narrativa já se sabe como vai terminar. E isso tira a graça de quem vai ao cinema para ver uma produção como esta, para fazer chorar mesmo, como diriam minhas amigas de coração mole.

Mesmo assim, o público feminino (adolescente ou não) deve levar um lencinho na bolsa, porque vai ter choro. O casal é fofo - Emilia Clarke (de “Game of Thrones”) e Sam Claflin (da saga “Jogos Vorazes”) -, mas há momentos em que falta química entre eles, apesar de Clarke estar ótima em seu papel e ter presença mais marcante que seu par. 

Talvez a direção não tenha aproveitado devidamente o potencial destes dois atores, explorando melhor o lado "meloso". As cenas precisavam ter sido mais intensas, feitas com o coração. Clarke e Claflin tinham tudo para ficarem marcados como o par romântico do ano. Mas parece que não vai ser desta vez.

O enredo poderia ser mais atraente, até para compensar a adaptação, como faz Sparks com seus livros, que atraem milhares de leitores, que o seguem também nos filmes. Podem ter histórias fracas, mas faturam. Moyes, claro, quer seguir o mesmo caminho de sucesso, mas vai precisar aprender a fazer mudanças. Não li o livro de mesmo nome, mas o filme "Como Eu Era Antes de Você" é fraco, esperava mais, principalmente pela grande divulgação.

O longa-metragem conta a história de Louisa “Lou” Clark (Clarke), uma jovem sonhadora e alegre que mora em uma cidade no interior da Inglaterra. Sua vida vai mudar ao perder o emprego e, precisando ajudar no sustento da família, aceita trabalhar como cuidadora e acompanhante do belo e amargo Will Traynor (Claflin), um banqueiro rico que se tornou tetraplégico após um acidente ocorrido dois anos antes. Ele está prestes a desistir de tudo, mas Lou está determinada a mostrar ao jovem a alegria de se viver. Para ajudar a dar o clima certo, a música-tema do casal é “Not Today”, da banda Imagine Dragons. O filme tem trilha sonora do compositor Craig Armstrong (“O Grande Gatsby”).

Apesar de todos esses pontos negativos, espero que essa primeira tentativa sirva de lição para próximas produções, se acontecerem. Acho que vale a pena conferir "Como Eu Era Antes de Você" nos cinemas. Como uma dessas mulheres de coração mole, também chorei no final. Para os fãs de Moyes, uma boa oportunidade de ver no cinema um de seus livros adaptados. O filme entra em cartaz oficialmente nesta quinta-feira, mas já pode ser visto em várias salas que fizeram pré-estreias no último final de semana.




Ficha técnica:
Direção: Thea Sharrock
Produção: New Line Cinema / Metro Goldwyn Mayer (MGM)
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h50
Gêneros: Drama / Romance
País: Reino Unido
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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