12 setembro 2016

"O Sono da Morte" - os sonhos dele serão seus pesadelos

Trama envolve novamente uma criança, com bom suspense e fatos sobrenaturais (Fotos PlayArte Pictures /Divulgação)

Maristela Bretas


Ao mesmo tempo em que apresenta clichês comuns em filmes de terror, "O Sono da Morte" ("Before I Wake") faz uma abordagem diferente, com toques de drama, suspense e sobrenatural, expondo o medo das pessoas provocados por seus pesadelos, principalmente crianças.

"O Sono da Morte", como outros filmes do gênero, traz novamente uma criança como o elemento principal da trama para atrair e sensibilizar o público. E isso acontece, mais ainda porque desta vez ela não é do mal. 

Cody, interpretado pelo simpático queridinho infantil de Hollywood, Jacob Tremblay ("O Quarto de Jack") é um órfão que passa de lar em lar adotivo até parar na casa de Jessie (Kate Bosworth) e Mark (Thomas Jane), um casal que ainda tenta curar a ferida deixada pela morte brutal do filho pequeno, Sean, dentro de casa.

Os dois querem recomeçar a vida e adotam Cody, sem saber ao certo o que houve com ele no passado, principalmente os desaparecimentos envolvendo os pais adotivos anteriores. Os três passam pelo período de adaptação, com Jessie e Mark tentando proporcionar o melhor para o novo filho.

O garoto passa a gostar de seus novos pais, mas não conta para eles que não quer dormir, com medo dos pesadelos. No início, o casal passa a ter experiências boas quando o garoto dorme e sonha, sempre com borboletas coloridas. Mas aos poucos, os bons sonhos vão se transformando em terríveis pesadelos com um ser sobrenatural - o Homem Cancro - que coloca em risco a vida de todos ao redor do jovem.

Até aí a história, mesmo surreal, tem uma consistência e aos poucos os fatos vão se explicando e caminhando para um final esperado. Só que não. Quando este chega surgem novas dúvidas: tudo não passou de um surto pós-trauma? Foram ações sobrenaturais causadas pelo dom de Cody? O que realmente ocorreu com os pais adotivos que desapareceram? Isso realmente aconteceu?

"Sono da Morte" é um suspense que vale a pena assistir, tem bons sustos, um enredo que está mais para suspense e sobrenatural que para terror. E ainda conta com a ótima interpretação de Jacob Tramblay. O filme prende até o final, esclarece o mistério como era esperado, mas deixa muitos fatos sem explicação.

Em exibição nas salas 1 do BH Shopping (sessão 22h30), 8 do Shopping Cidade (15h, 19h e 21h), 5 do Shopping Contagem (19h), 1 do Itaú Power (18h20), 1 do Pampulha Mall (15h30, 17h30, 19h30 e 21h30), 2 (14h20) e 6 (22h10) do Parteje Shopping Betim e 2 do Via Shopping (21h), em versões dublada e legendada.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Mike Flanagan
Produção: Relativity Media / Gussi Cinema / Intrepid Pictures
Distribuição: PlayArte Pictures
Duração: 1h37
Gêneros: Terror / Suspense
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #osonodamorte, #JacobTremblay, #KateBosworth, #ThomasJane, #MikeFlanagan, #suspense, #terror, #sobrenatural, #PlayArtePictures, #CinemanoEscurinho

11 setembro 2016

"O Roubo da Taça" no país da piada pronta

Comédia nacional expõe com ironia e malandragem o famoso roubo da taça Jules Rimet, em 1983, no Brasil (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


Na época causou comoção nacional, o fato ganhou as manchetes dos jornais nacionais e críticas internacionais (como se não tivesse acontecido o mesmo em Londres). Mas tinha que ser no Brasil o roubo da famosa taça Jules Rimet, da conquista do tricampeonato mundial de futebol de 1970, que estava em um pedestal, onde no lugar deveria haver uma réplica, que por sua vez foi colocada no cofre da CBF. 

E o que é pior: um roubo que contou com uma parceria nada convencional. Ladrões de quinta (não tem outro nome para os envolvidos) aliados a um argentino, nosso maior adversário no futebol. País da piada pronta. Pronto, falei!

Pois foi este o tema escolhido para a produção nacional da Netflix - "O Roubo da Taça" - que está em cartaz nos cinemas. O diretor e roteirista Caíto Ortiz deu uma "pequena mudada" nos fatos reais e nos personagens, acrescentou uma namorada para o mentor do crime e transformou tudo num grande pastelão. 

Se no caso real o roubo mostrou nossa falta de segurança, o envolvimento de policiais e muita malandragem, que resultaram nos brasileiros presos e só o argentino se dando bem pois nunca "pegou cana" pelo crime, em "O Roubo da Taça" não poderia ser diferente. Com tanta trapalhada, não havia outra forma de explorar o caso que não fosse a uma comédia.

A história se passa no ano de 1983. No elenco principal está Sérgio Pereira Ayres, o Peralta (Paulo Tiefenthaler, que se destaca por sua ótima interpretação), mentor do roubo, que namora Dolores (Tais Araújo). Peralta é um simples corretor de seguros, cartola de time com acesso à CBF, aplica golpes da pirâmide nos amigos, é péssimo pagador e viciado em jogos. Ou seja, um amontoado de características do malandro brasileiro. Endividado até o pescoço, ameaçado por credores e sendo cobrado por Dolores para que se casem, ele acaba tendo a infeliz ideia de roubar o bem mais precioso do país na época - a taça Jules Rimet.

Ele procura amigos pouco confiáveis para cometer o crime, aproveitando seu conhecimento do prédio da CBF, no Rio. Peralta e Borracha (Danilo Grangheia), que na época era chamado de Chico Barbudo, entram no prédio, usam o banheiro da presidência para fazer o número 2 que dá sorte, agridem o vigilante desarmado e fogem achando que levaram a réplica da taça que estava em exposição na sala de troféus.

A surpresa vem no dia seguinte quando descobrem pelos noticiários que pegaram a Jules Rimet verdadeira, que pesava 3,8 quilos de puro ouro. A saída é tentar vender o mais rápido possível a peça. Nessa peregrinação por negociantes desonestos de joias, o elenco conta com Mr. Catra, como o malandro que fica revoltado com o roubo, e Hamilton Vaz Pereira, que faz o bicheiro Bispo, maior credor de Peralta. Até chegarem ao ourives argentino Juan Carlos Hernandez (vivido por Fábio Marcoff), que aceita comprar a taça para que ela pertença a seu país. Marcoff é outro destaque e seu personagem tem um destino no filme pouco explicado.

Do lado da CBF está Stepan Nercessian interpretando de forma divertida e sarcástica Giulite Coutinho, o presidente da entidade na época, mas que não tem seu nome falado em nenhum momento. Sem fugir do estilo policial do "vai contar tudo" aparece o investigador honesto, papel de Milhem Cortaz, que esculhamba com o presidente da CBF e não vai descansar até pegar os ladrões.

A comédia, como toda produção nacional, tem nove palavrões a cada dez palavras, é recheada de gírias e uma confirmação de que o jeitinho brasileiro pode resolver tudo sempre. O mistério, mesmo no filme, foi mantido: que fim levou a taça Jules Rimet - foi derretida ou ainda existe e está nas mãos de algum colecionador (quem sabe argentino, para nossa tristeza)?


O "Roubo da Taça" é uma produção divertida, que reúne uma infinidade de erros e trapalhadas de um crime inacreditável. As atuações dos personagens são bem conduzidas, bons figurinos e ambientação de época, e o estilo de filmagem adotado por Ortiz, com a câmera acompanhando os atores dá maior agilidade às cenas. A mistura política-futebol-ditadura tratada em jogo de imagens mostra um panorama bem superficial e sem muitas pretensões do período que vivia o Brasil nos anos 80.

Trata-se de filme para distrair, como era de se esperar de uma comédia e não desagrada. Ele está em exibição em nove salas de shoppings de BH, Betim e Contagem.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Caíto Ortiz
Produção: Netflix / Prodigo Films
Distribuição: Paris Filmes / Downtown Filmes
Duração: 1h42
Gênero: Comédia
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #oroubodataca, #julesrimet, #CBF, #peralta, #PauloTuefenthaler, #Tais Araújo, #FabioMarcoff, #DaniloGrangheia, #MilhemCortaz, #StepanNercessian, #Caíto Ortiz, #comédia, #ParisFilmes, #Netflix, #CinemanoEscurinho

09 setembro 2016

"Um Namorado para Minha Mulher" é refilmagem divertida de comédia argentina


Caco Ciocler e Ingrid Guimarães formam o par romântico de comédia nacional (Fotos: Paris Filmes/Distribuição)

Maristela Bretas


Fazer refilmagem de filmes passados não é nenhuma novidade no cinema nacional. E "Um Namorado para Minha Mulher" (um filme de 2014, mas lançado somente agora) não fugiu à regra: é cópia da também comédia romântica argentina (tinha que ser dos "hermanos"?), "Um Namorado para Minha Esposa" (2008), que é muito divertido. Mas o nosso não ficou para trás. Ingrid Guimarães está ótima no papel de Nena, uma profissional desempregada cheia de neuras e desagradavelmente mal-humorada, para desespero de seu marido Chico, vivido por Caco Ciocler.

A história é exatamente a mesma, inclusive com o diálogo sobre os signos, um dos mais ácidos de Nena e Chico. E é toda esta acidez que faz o maridão, até então um apaixonado pela mulher com quem vive há 15 anos, pensar em se separar dela. Quanto mais amarga e desagradável Nena vai se tornando, maior é a vontade de Chico de pular fora do casamento.


Incentivado pelos amigos do futebol e sem coragem de pedir o divórcio, ele resolve contratar um amante profissional para conquistar sua mulher. É nessa hora que entra em cena Corvo, interpretado pelo sem graça Domingos Montagner, um sedutor com cara de pinga com torresmo, um cabelinho cheio de cachos e uma roupas bem bregas que não convence a mais burra das mulheres.

A história se passa dentro desse estranho triângulo amoroso, com situações bem divertidas, a maioria delas graças a Ingrid, que vem se destacando a cada comédia - um bom exemplo é "De Pernas pro Ar 1 e 2". Ela está ótima como a rabugenta Nena, que inferniza o bobalhão Chico, de Ciocler, que não precisava ter uma cara e uma postura tão idiota para fazer o papel.

Ainda no elenco estão Paulo Vilhena, como Gastão, chefe de Nena que vai dar corda para suas críticas duras ao cotidiano e às pessoas, Miá Mello, como Graça, melhor amiga da neurótica, e Marcos Veras, o amigo de Chico que não suporta Nena.

No mais, "Um Namorado para Minha Mulher" é divertido, tem cara de especial de TV, e apresenta Ingrid Guimarães como uma comediante cada vez melhor. O filme, dirigido por Julia Rezende (a mesma das comédias e "De Pernas pro Ar 2" e "Meu Passado Me Condena 1 e 2") tem atraído milhares de fãs pelo Brasil desde a sua estreia nos cinema. Vale a pena conferir. Em exibição em 21 salas de 18 shoppings de BH, Betim e Contagem.

P. S. - Por falar em crítica, endosso a opinião de alguns seguidores do Youtube. Os trailers estão ficando tão longos e mostrando tanto que acabam tirando a graça dos filmes. "Um Namorado para Minha Mulher" fez isso e ouvi muitos comentários de pessoas que falaram que estavam desistindo de ir ao cinema, pois já tinham visto a história quase toda no trailer. Acho que as distribuidoras deveriam rever esta estratégia de divulgação.




Ficha técnica:
Direção: Júlia Rezende
Produção: Paris Produções / Downtown Filmes / Globo Filmes / Miravista / Telecine Productions
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h40
Gênero: Comédia
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #umnamoradoparaminhamulher, #ingridGuimaraes, #CacoCiocler, #DomingosMontagner, #PauloVilhena, #MiaMello, #Comedia, #ParisFilmes, #DowntownFilmes, #CinemanoEscurinho

06 setembro 2016

"Aquarius" é uma história de coragem e resistência

Com atuação emocionante e encantadora de Sônia Braga, ótimo elenco e uma história de coragem, "Aquarius" tem ganhado aplausos por todo o Brasil (Fotos: SBS Distribution)

Mirtes Helena Scalioni


Uma boa história, um roteiro enxuto, uma causa nobre, uma direção correta, alguma polêmica, ótimos atores. "Aquarius" tem tudo isso para ser considerado um filmaço, mas tem mais. Tem Sônia Braga encabeçando o elenco, atuando de um jeito tão encantador e com tanta naturalidade, que o espectador até se esquece de que se trata de um personagem. O encontro da atriz com o pernambucano Kleber Mendonça Filho, o diretor e roteirista do longa, é desses acontecimentos que devem ser comemorados. Não acontecem todo dia.

A polêmica fica por conta da atitude do elenco que, ao subir ao palco do Festival em Cannes, exibiu cartazes onde se lia "Fora Temer". Daí em diante, foi uma sucessão de ti-ti-tis e bate-bocas, quase uma queda de braço entre a produção e o atual Ministério da Cultura, que emplacou uma censura 18 anos ao longa, sob alegação de que "tem cena de sexo explícito".

O exagero foi corrigido depois de muita briga, e o filme indicado para maiores de 16 anos. "Aquarius" também está entre os 16 inscritos para representar o Brasil na categoria de Filme Estrangeiro no Oscar 2017. Aliás, merecidíssimo. A lista será anunciada pelo representante oficial da Secretaria de Audiovisual no próximo dia 12 de setembro.

Sônia Braga é Clara, uma viúva aposentada que já passou dos 60 e vive em um velho apartamento à beira-mar na Praia da Boa Viagem, no Recife. E vive literalmente sozinha no prédio, pois todos os seus vizinhos cederam aos encantos e ao dinheiro da especulação imobiliária e venderam seus apartamentos a uma grande incorporadora que pretende derrubar tudo para construir um condomínio ultramoderno, com tudo o que costuma ter um empreendimento desse tipo.

Acontece que Clara não quer sair e, além de gostar da sua rotina de mulher de classe média alta independente, teima em ter sua liberdade respeitada. Teima em dizer não e se mostra disposta a enfrentar as brigas e consequências desse enfrentamento do poder e da grana. É obstinada, corajosa. 

Clara é avó, tem três filhos, uma empregada que está com ela há quase vinte anos e gosta de preservar as coisas. Seus móveis são antigos, ela adora músicas antigas, tem uma coleção enorme de LPs, guarda com carinho seus álbuns de fotos e valoriza a memória. 


Mas que ninguém se engane: ela não é uma pessoa retrógrada. Toma vinho, sai para dançar com as amigas, costuma fumar seu baseado pra relaxar e, se for preciso, contrata um garoto de programa pra se satisfazer. Valoriza a vida que viveu e vive, não se esquece de que já passou por um câncer de mama e faz questão de ser dona de si.

Além da atuação dos atores - Maeve Jinkings como Ana Paula, a filha questionadora de Clara; o jovem Humberto Carrão como Diego, um típico filhinho de papai dono da construtora; o sempre correto Irandhir Santos como o bombeiro Roberval e por aí vai - todos impecáveis, chama a atenção a trilha sonora de "Aquarius".


As músicas que pontuam os muitos momentos do universo de Clara ajudam a compreender a personagem. Da intensa Betânia à banda Queen, passando por Roberto Carlos, tudo tem um significado. Emoção à parte, a canção "Hoje", de Taiguara, traz arrepios aos que já passaram dos 50: "Hoje, trago em meu corpo as marcas do meu tempo..." Nada mais verdadeiro.

Com duração de 2h25, "Aquarius" é uma coprodução franco-brasileira imperdível que pode ser conferida nas salas 1 do Belas Artes (sessões 15h50, 18h30 e 21h20), 8 do Pátio Savassi (13h45, 17h15 e 20h15), 3 do Net Cineart Ponteio (15h20, 18h20 e 21h10) e no Cine 104 (17h e 19h30).



Tags: #Aquarius, #SoniaBraga, # MaeveJinkings, # HumbertoCarrão, # IrandhirSantos,  #KleberMendonçaFilho, #drama, #suspense, #Cinemascopio, #SBSFilms, #VitrineFilmes, #CinemanoEscurinho

05 setembro 2016

Woody Allen declara seu amor ao cinema em “Café Society”

Comédia romântica recria a sétima arte dos anos de 1930 com charme, requinte e olhar crítico (Fotos: Imagem Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Alguém já disse que o pior filme de Woody Allen ainda é melhor do que muitos melhores filmes de outros diretores. Não é esse o caso de “Café Society”, até porque não se trata de um filme ruim. Não é o melhor – se compararmos com obras-primas como “Meia-Noite em Paris”, “Match Point”, “Noivo Neurótico, Noiva nervosa”, “Vicky Cristina Barcelona” e outros. Ainda que não seja o melhor, é um longa que chama a atenção - se não pelo argumento – mais pela condução da trama, no mais puro estilo do diretor, deixando o público na expectativa do final.

Trama não é exatamente o termo. “Café Society” não envolve tanto pela história, um triângulo amoroso comum como tantos outros da literatura e da cinematografia. O que encanta no longa é a forma como as coisas acontecem e, principalmente, o ambiente onde tudo acontece. O grande trunfo da obra é ser uma homenagem sui generis ao cinemão de Hollywood com todas as suas nuances de charme, hipocrisia, luxo, beleza e – acreditem - violência.


Bobby (Jesse Eisenberg) é um jovem judeu que se muda de Nova York para Los Angeles em busca de trabalho e oportunidades, já que nutre alguma esperança de escrever. E não é por acaso que escolhe Los Angeles. Seu tio Phil Stern (Steve Carell) é um influente produtor de cinema, vive numa das mansões da cidade, tem intimidade com as celebridades e adora festas e famosos.

Claro que Bobby, a princípio tímido, mas no fundo sedutor, apaixona-se por Vonnie, interpretada por Kristen Stewart, lindíssima no filme. Ela é secretária do tio Phil e, como o esperado, não é o que parece: uma mocinha simples, sincera e sem ambições. Vonnie também tem seus segredos.

A porção violência do filme fica por conta do irmão gângster de Bobby, Ben (Corey Stoll) que resolve tudo à sua maneira e, de certa forma, é o responsável pela virada do protagonista na história.  Como a família é judia – e Woody Allen sabe o que isso significa – há brilhantes diálogos no filme sobre judaísmo e religiões, uma crítica mais do que atual ao que o mundo vem assistindo em termos de violência em nome de um Deus.

Mas a grande sacada de “Café Society”, o que o diferencia, é o ambiente, o clima. Passado nos anos de 1930, o filme tem figurinos primorosos e requintados, trilha sonora rica recheada de bom jazz – como tudo que Allen faz – e uma recriação de época impecável. No fundo, o diretor, que narra a história em 'off', faz mais do que uma grande homenagem – é na verdade uma declaração de amor - ao cinema. Imperdível!

Com tem 1h36 de duração, a comédia dramática está em exibição nas salas 2 do Belas Artes (sessões 14h30, 16h40, 19h e 21h), 2 do Diamond Mall (13h, 15h30, 18h e 20h30), 7 do Pátio Savassi (13h30, 16h, 18h15 e 20h30) e 4 do Net Cineart Ponteio (15h30, 17h30, 19h30 e 21h30). Classificação: 14 anos



Tags: #CafeSociety, #WoodyAllen, # JesseEisenberg, # KristenStewart, # SteveCarell, #CoreyStoll, #drama, #Hollywood, #ImagemFilmes, #CinemanoEscurinho

02 setembro 2016

"Star Trek" comemora 50 anos sem Fronteiras e arrasando nos efeitos digitais

Justin Lin (de "Velozes e Furiosos") é o diretor do terceiro filme, que conta novamente com J.J. Abrams na produção (Fotos Paramount Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas

No ano em que se comemora o cinquentenário da franquia Jornada nas Estrelas ("Star Trek"), o público recebe a terceira produção da nova geração, que trás um pouco de saudosismo da velha e conhecida tripulação e dá um show em efeitos digitais. "Star Trek - Sem Fronteiras" ("Star Trek - Beyond") tem uma história muito bem conduzida pelo ótimo Justin Lin (de "Velozes e Furiosos") e novamente a produção de J.J. Abrams, o gênio da atualidade em ficção científica.

Se Chris Pine e Zachary Quinto já conquistaram seus papéis como o capital James T. Kirk e o Sr. Spock, desta vez o restante da tripulação da USS Enterprise é o destaque e se mostra muito competente em suas interpretações. A ideia de valorizar os demais atores como Zoe Saldana (Uhura), Anton Yelchin (Checkov), John Cho (Sulu) e Karl Urban (Dr. McCoy) partiu de Simon Pegg que, além de interpretar o chefe de engenharia Scotty, dividiu a produção do roteiro com Doug Jung.

Por falar em valorização, o filme faz homenagem em vários momentos a antigos e novos atores que já morreram, como Leonard Nimoy, o primeiro Sr. Spock, e Anton Yelchin, falecido em um acidente em há dois meses. Até mesmo a antiga equipe do capitão Kirk (William Shatner) é lembrada pelo personagem de Zachary Quinto. O novo elenco conta ainda com o ótimo Idris Elba, que interpreta o vilão Krall e só mostra a cara no final, e Sofia Boutella, como a guerreira Jaylah.

Três sucessos

No primeiro "Star Trek" (2009), os fãs viram nascer no cinema a nova geração da tripulação da Enterprise, formada por integrantes de personalidades diferentes e que após muitas brigas e desentendimentos se transformaram em leais amigos. Conquistaram o público e estouraram as bilheterias. 

A continuação veio em 2013, com "Além da Escuridão", com a atual equipe mais unida do que nunca lutando contra um renegado da Frota Estelar (interpretado por Benedict Cumberbatch) que se une aos eternos inimigos Klingons.

Em "Star Trek - Sem Fronteiras", um ponto semelhante ao anterior é o inimigo. Mesmo na pele de um alienígena, Krall também tem é um renegado e tem seus motivos para odiar a Frota Estelar. E para atingi-la precisará primeiro tirar a Enterprise de circulação, juntamente com o capitão Kirk (Pine), Spock (Quinto) e toda a tripulação.

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Em seu terceiro dos cinco anos de exploração do espaço, a equipe atende a um chamado de socorro e acaba caindo em uma armadilha de Krall (Elba), que deseja recuperar um objeto guardado na Enterprise. As cenas que se seguem da destruição da famosa nave da franquia são excelentes e dignas de serem vistas em 3D.


Com a queda em um planeta desconhecido, os sobreviventes da tripulação acabam em pares e saem em busca dos demais. Eles precisam deter Krall e seu exército antes que destruam toda a galáxia com sua poderosa arma de guerra. E vão contar com a ajuda da guerreira Jaylah, que conseguiu escapar de Krall e seus robôs-abelhasAs batalhas tanto no espaço quanto em terra são muito bem feitas, dignas de uma grande franquia como "Star Trek".

Para completar, também a trilha sonora acompanha o ritmo ágil da narrativa. A música tema "Sledgehammer", mesmo lenta, é bonita (lembra tema de filmes de 007) e foi entregue a Rihanna, que confessou ser uma fã da série. "Star Trek - Sem Fronteiras" pode (e deve) ser conferido nas versões dublada e legendada, em formatos 2D, 3D e Imax (vale cada centavo do ingresso). O filme está em exibição 31 salas de 19 shoppings de BH, Betim e Contagem.



Ficha técnica:
Direção: Justin Lin
Produção: Bad Robot / Skydance Productions 
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 2h02
Gêneros: Ficção científica / Aventura / Ação
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 5 (0 a 5)

Tags: startreksemfronteiras, #startrekbeyond, #StarTrek, #ChrisPine, #ZacharyQuinto, #SimonPegg, #ZoeSaldana, #SofiaBoutella, #AntonYelchin, #IdrisElba, #KarlUrban, #JohnCho, #JustinLin, #Ação, #Aventura, #Ficçaocientifica, #SkydancePictures, #BadRobot, #ParamountPictures, #CinemanoEscurinho

01 setembro 2016

"Nerve" - Você quer jogar ou só observar?

Agilidade e muita ação neste suspense que explora o mundo dos games de fuga em tempo real (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas

Emma Roberts e Dave Franco formam a dupla principal do suspense "Nerve - Um Jogo Sem Regras", em cartaz nos cinemas. Um ótimo filme, com muita ação, lembrando a agilidade de "Truque de Mestre", que conta também com a participação de Franco. O enredo explora a influência dos jogos virtuais em tempo real na vida e no comportamento das pessoas, principalmente as mais jovens.

Em "Nerve", o poder de decidir o que os "jogadores"  vão ou não fazer, quem fica em quem sai e até quem morre fica nas mãos dos chamados "observadores". Eles são os participantes ávidos por adrenalina, mas não querem realizar as tarefas e se contentam em apenas assistir a disputa dos jogadores. A eles só importa que a próxima missão seja mais bizarra ou ousada.

Já os players, além da adrenalina, recebem uma grana alta por cada missão cumprida e esquecem os riscos. Acabam como marionetes nas mãos dos responsáveis pelo jogo que ganham cada vez mais adeptos e visualização na rede. Nessa brincadeira, o lema é "que vença o jogador que cumprir todas as ordens e sobreviver". Quase um "Jogos Vorazes" do mundo moderno.

"Nerve" é um jogo violento, a partir do momento que as missões vão se tornando quase suicidas. Ao se inscrever para jogar, seja no notebook ou smartphone, o participante terá de escolher entre ser um observador ou um jogador ("Are you a watcher or a player?"). 

A personagem Vee De Marco (Emma Roberts) é uma típica estudante americana que está concluindo o Ensino Médio e se preparando para entrar na Faculdade. Cansada de ser taxada de boba pela amiga Sidney (Emily Meade), decide participar de Nerve, cuja regra é não ter regras, um vale tudo.

Em sua primeira missão ela conhece o misterioso Ian (Dave Franco), que vai se tornar seu par em muitas tarefas. E durante todo o tempo, a dupla, assim como os demais "players" são assistidos em tempo real pelos observadores, que propõem situações cada vez mais perigosas. Mas se no começo as tarefas pareciam muito fáceis, a jovem vai descobrir que para sair do jogo é quase uma sentença de morte.

Assim como os observadores do filme, o público no cinema se vê participando de toda a trama, que ainda apresenta uma boa trilha sonora e um final adequado para toda a ação. "Nerve - Um Jogo Sem Regras"  vale a pena ser assistido. Ele dá uma alfinetada, mesmo que de leve, no submundo por trás dos jogos de fuga online. O filme pode ser conferido em 12 salas de 11 shoppings de BH, Betim e Contagem, em sessões dubladas e legendadas.



Ficha técnica:
Direção: Ariel Schulman / Henry Joost
Produção: Lionsgate
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h37
Gênero: Suspense
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #nerveumjogosemregras, #jogodefuga, #Nerve, #EmmaRoberts, #DaveFranco, #suspense, #Lionsgate, #ParisFilmes, #CinemanoEscurinho

30 agosto 2016

Você sabe o que seu "Pet" faz quando fica sozinho em casa?

"Pets - A Vida Secreta dos Bichos" é uma animação dos mesmos diretores de "Meu Malvado Favorito 1 e 2" e "Minions" (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas

Paixão de norte a sul do planeta, os bichinhos de estimação já tomaram o lugar das crianças na preferência de muitos casais e ocupam lugar de rei e rainha dentro de suas casas. Nada mais justo que fazer um filme sobre eles, sejam cães, gatos, passarinhos e até iguanas. Mas nana muito "mi-mi-mi", com personagens fofinhos e amorosos.

O negócio era mostrar o que eles queridinho fazem quando seus donos saem de casa e os deixam sozinhos. E é aí que eles "quebram o pau" e mostram que não são tão bonzinhos e comportados quanto seus donos imaginam. Pois essa é a história de "Pets - A Vida Secreta dos Bichos" ("The Secret Life of Pets"), que tem tudo para agradar a todas as idades, principalmente aos donos "grandinhos".

Produzida pela Illumination Entertainment, a mesma de "Minions", a animação tira nossos queridos bichinhos quase de pelúcia de sua zona de confronto e os joga no submundo, onde estão os animais rejeitados pela sociedade. E eles vão ter se aprender a se virar e enfrentar seus inimigos e tentar voltar para seus lares.

Em "Pets" tudo começa com Max (dublado em português por Danton Mello), um cachorro que vive feliz em um apartamento de Manhattan com sua dona Kate. Na vizinhança, logo que seus donos saem para trabalhar, outros animais de estimação tomam conta de suas casas e aprontam de tudo - de rock pauleira e massagem com a batedeira. Sem desconfiar, Max tem uma admiradora que faz tudo para chamar sua atenção - Gigi (Tatá Werneck).

Tudo ia bem até que um dia Kate traz para casa um novo cão chamado Duke (Tiago Abravanel). O mundo de Max desaba e ele precisa dar um jeito de mandar o intruso embora. Mas logo eles vão ter que se unir  quando são jogados nas ruas de Nova York e passam a ser perseguidos pela carrocinha. 

Enquanto tentam fugir, os amigos de Max se reúnem para o resgate, mas ainda terão de enfrentar uma gangue de bichos rejeitados, comandada por um coelho branquinho, fofinho e psicopata chamado Bola de Neve (Luis Miranda) que mora nos esgotos.

Antes do início do filme é exibido um curta com os Minions, fazendo suas trapalhadas em família, tentando comprar um liquidificador que vai lhes dar menos trabalho. Não vou contar o resto para não tirar a graça.

Dubladores e seus personagens

A animação “Pets – A Vida Secreta dos Bichos”  também ganhou um vídeo que destaca o processo de dublagem dos cães Max e Duke, da gatinha Gigi e do alucinado Bola de Neve.



Muito divertido, uma animação que merece ser vista, a turma de quatro patas (e asas) não deixa por menos e pega pesado. Até Gigi surpreende com seu jeito "meigo de resolver à parada". A trilha sonora também combina bastante com o ritmo frenético desta comédia/aventura, como é o caso da música "Bounce", da banda "System of a Down", ouvida pelo poodle Leonard. 

“Pets” pode ser conferido em 43 salas de cinema de 18 shoppings de BH, Betim e Contagem, nas versões dublada e legendada, em formatos 2D, 3D e Imax.




Ficha técnica:
Direção: Yarrow Cheney e Chris Renaud
Produção: Illumination Entertainment /Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h27
Gêneros: Animação / Comédia
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #petsavidasecretadosbichos, #Max, #Duke, #Gigi, #BoladeNeve, #DantonMello, #TataWerneck, #TiagoAbravanel, #LuisMiranda, #animação, #Minions, #comédia, #IlluminationPictures, #UniversalPictures, #CinemanoEscurinho

26 agosto 2016

"Águas Rasas", um bom suspense no estilo "Tubarão"

Blake Lively divide as cenas com uma fera de três metros de comprimento que a elegeu o prato do dia (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas

Uma boa interpretação de Blake Lively (de "A Incrível História de Adaline" e que também pode ser vista em "Café Society"), que confirma seu talento ao segurar praticamente sozinha o suspense "Águas Rasas" ("The Shallows"). O diretor Jaume Collet-Serra acertou também na fotografia e na escolha das locações, repletas de belas paisagens.

A história tem o enredo esperado, que chega a lembrar o clássico "Tubarão" (1975). Já se sabe que a bela médica surfista Nancy (Blake) corre grande perigo nas transparentes águas rasas de uma praia praticamente deserta. O vilão tem quase três metros e quer transformar a mocinha do filme em seu jantar do dia, não importando quanto terá que esperar.

O recurso do relógio no canto da tela marcando o tempo até o socorro de Nancy chegar antes do próximo ataque ou da maré subir ajuda a aumentar a tensão. "Águas Rasas" começa do fim, a partir da descoberta por um menino de uma câmera presa a um capacete jogado na areia da praia. Ao verificar a gravação descobre todo o terror vivido pelos surfistas que estavam no local, incluindo Nancy, causado pelo gigantesco tubarão, que não deveria estar ali.

Na história, a jovem médica foi conhecer a paradisíaca praia que era frequentada por sua mãe quando jovem. Por sinal, até agora estou sem saber o nome do local. A própria Nancy pergunta o nome por várias vezes, mas ninguém fala. Ao ficar sozinha, ela resolve dar o último mergulho antes de anoitecer quando é atacada pelo tubarão branco (clichê). 


Encurralada sobre um rochedo, a poucos metros de distância da praia, ela passa dois dias de sofrimento e perseguição. Ao mesmo tempo, assiste aterrorizada a fera fazendo mais vítimas.

"Águas Rasas" é um filme tenso e de muita ação, com boas cenas de ataques do tubarão assassino e da bela mocinha tentando sobreviver. Ele está sendo exibido em 12 salas de 11 shoppings de BH, Betim e Contagem, nas versões dublada e legendada.



Ficha técnica:
Direção: Jaume Collet-Serra
Produção: Columbia Pictures / Ombra Films
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h27
Gêneros: Suspense / Terror  / Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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22 agosto 2016

"Mogli: O Menino Lobo" chega às lojas nesta quarta

O sucesso da Disney que arrecadou quase US$ 1 bilhão agora pode ser conferido em DVD, Blu-ray e Blu-ray 3D (Fotos: Disney/Divulgação)


O sucesso de bilheteria da Walt Disney Pictures, "Mogli: O Menino Lobo" ("The Jungle Book"- 2016), que arrecadou mais de US$ 935 milhões em todo o mundo, chega às lojas brasileiras no dia 24 de agosto, em DVD, Blu-ray e Blu-ray 3D. O lançamento conta com bônus, como comentários do diretor Jon Favreu sobre a produção e inovações tecnológicas elogiados pela crítica.

Baseado nas histórias de Rudyard Kipling e inspirado no clássico longa de animação da Disney de 1964, "Mogli - O Menino Lobo" é uma aventura sobre o menino criado por uma família de lobos. Porém, ele encontra pelo caminho criaturas da selva que não são bondosas, como o temido tigre Shere Khan, a serpente de voz sedutora Kaa e o orangotango Rei Louie.


Na versão legendada, o elenco de estrelas inclui Bill Murray ("Encontros e Desencontros") como a voz de Baloo, Ben Kingsley ("O Homem de Ferro 3') fazendo a voz de Bagheera e Lupita Nyong'o ("Star Wars: O Despertar da Força") como a voz da mãe lobo Raksha. Scarlett Johansson ("Os Vingadores: A Era de Ultron') dá vida a Kaa, Giancarlo Esposito ("Once Upon a Time") faz a voz do lobo Akela, Idris Elba ("Thor: O Mundo Sombrio") é a voz por trás de Shere Khan e Christopher Walken ("Prenda-me Se For Capaz") empresta sua voz icônica ao Rei Louie.

Na versão dublada, o elenco conta com as vozes de Marcos Palmeira, Dan Stulbach, Thiago Lacerda, Julia Lemmertz, Alinne Moraes e Tiago Abravanel. Confiram abaixo:



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