20 dezembro 2016

"Capitão Fantástico" - idealista, questionador e envolvente

Viggo Mortensen é a estrela do filme cercado de jovens talentosos que formam sua família feliz (Fotos: Bleecker Street Films/Divulgação)


Maristela Bretas


Ben, Bo, Kielyr, Vespyr, Reilian, Zaja e Nai. Nomes exóticos para uma família fora dos padrões considerados normais. O que eles têm de especial? Formarem uma família feliz e estarem habituados e viverem na selva, praticando esportes, manuseando armas, lendo grandes obras da literatura e acima de tudo, são unidos por um grande amor. Graças a um certo "Capitão Fantástico" ("Captain Fantastic"), título que se refere ao pai, Ben, interpretado de forma envolvente pelo ator Viggo Mortensen.

O filme estréia nesta quinta-feira nos cinemas de BH, e nos mostra uma família diferente, vivendo isolada na floresta mas com ideais fortes de direitos civis, liberdade e princípios que se baseiam na paz e no amor. "Capitão Fantástico" é inspirador e faz o público refletir sobre o mundo moderno em que vivemos e do que realmente precisamos. 

Com respostas simples e bem fundamentadas, até mesmo os menores da família sabem o por quê de defenderem seus atos, que muitos adultos não saberiam. Falar a verdade para os integrantes desta família é algo natural, eles não conhecem a hipocrisia da cidade grande.

E se Viggo Mortensen está muito em no papel do pai, não menos estão os atores jovens que fazem seus filhos - George Mackay (Bo), Samantha Isler (Kielyr), Annalise Basso (Vespyr), Nicholas Hamilton (Reilian) e os fofos Shree Crooks (Zaja, uma constituição americana ambulante) e Charlie Shortwell (Nai). Juntos eles dão um sentido único e poucas vezes visto de que deve ser uma família de verdade, com amor, brigas, questionamentos e discussão em conjunto, sem mentiras, do que é o melhor para todos. O veterano Frank Langella também está bem interpretando o avô Jack, que não concorda com a forma como os netos são criados.

Na história, Ben e sua esposa Leslie decidem viver longe da civilização moderna e ter os filhos no meio de uma floresta selvagem no Norte dos Estados Unidos, num estilo paz e amor. Doente, ela precisa se afastar dos seis filhos e do marido que terá de cuidar de tudo sozinho. Seguindo seus ideais, ele passa os dias dando lições às crianças, ensinando-os a praticar esportes, tocarem algum instrumento musical, a combater inimigos e a manusear armas para a sobrevivência, inclusive os pequenos (o que pode chocar o público mais conservador).

Uma tragédia força Ben e a família a deixar sua casa e partir numa longa viagem no velho ônibus-trailer chamado Steve, atravessando os EUA. E o percurso se torna outro novo aprendizado para os filhos, que vão conhecer o hipócrita estilo da vida moderna. Na viagem, eles também terão de conviver com os avós maternos, que não concordam com a forma como eles são criados pelo pai.

"Capitão Fantástico" é um filme raro, de beleza simples e sincera, que emociona e faz rir e chorar. Merece ser conferido, um grande trabalho do diretor e roteirista Matt Ross.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Matt Ross
Produção: Shiv Hans Pictures / Bleecker Street Films
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h58
Gênero: Comédia dramática
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

Tags: #capitaofantastico, #ViggoMortensen, #FrankLangella, #MattRoss, #drama, #comédia, #paz, #amor, #família, #vidaselvagem, ##liberdade, #UniversalPictures, #CinemanoEscurinho

16 dezembro 2016

"Sully", herói do Rio Hudson por perícia ou imprudência?


Tom Hanks interpreta o piloto de um avião que salvou 155 pessoas ao fazer um pouso forçado no Rio Hudson, em 2009 (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Aquele seria apenas mais um voo doméstico como centenas de outros saindo de Nova York. O que o comandante  Chesley "Sully" Sullenberger (ótima interpretação de Tom Hanks)  e o copiloto Jeff Skiles  (Aaron Eckhart) não esperavam era que a tranquilidade daquele 15 de janeiro de 2009 poderia se transformar na data mais marcante e perturbadora de suas vidas e de outras 153 pessoas. 


Assim começa o drama biográfico "Sully - O Herói do Rio Hudson", baseado em fatos reais que foram contados no livro "Highest Duty", escrito pelo próprio Sully. Porém, o diretor Clint Eastwood resolveu contá-la a partir do final, explorando principalmente o processo jurídico enfrentado pelos dois pilotos após um salvamento heroico e extremamente arriscado. E por meio de flashbacks e pesadelos do comandante Sully, além dos fatos que vão surgindo no decorrer das investigações,  o quebra-cabeças  da quase tragédia vai sendo montado. 


Ao decolar do aeroporto em Nova York, o Airbus A320 pilotado por Sully e Skiles é atingida por uma revoada de pássaros, que são sugados pelas duas turbinas, causando sérios danos. Imediatamente os pilotos começam tomam as medidas de emergência, mas o comandante percebe que não terá tempo de retornar ao aeroporto ou seguir para outro próximo, apesar da ordem do controlador de voo.

Sully só tem como alternativa o pouso nas águas geladas do Rio Hudson, que corta a cidade. E apesar da manobra nunca ter sido tentada ele consegue sucesso, salva todos os 155 ocupantes, vira herói nacional, mas  passa a sofrer uma dura investigação da agência de regulação aérea nos Estados Unidos, que tenta provar que seu ato foi arriscado e imprudente e que poderia ter dado errado.

Tom Hanks está ótimo no papel do experiente piloto Sully e prova que sua parceria com Eastwood é sucesso garantido de bilheteria. A história não é novidade para quem acompanhou o fato que ganhou as manchetes pelo mundo há oito anos. Mas o diretor soube explorar bem o processo de investigação para contá-la, auxiliado pela interpretação de Hanks, que apresentou o personagem como um profissional sério, sem intenção de se tornar um herói com seu ato. E que ao longo de todo o processo judicial chegou a ter dúvidas se havia tomado a decisão certa ou não.

Além de Tom Hanks, o restante do elenco de "Sully - O Herói do Rio Hudson" também segurou bem seus papeis, como  Aaron Eckhart , como o copiloto, e  Laura Linney, vivendo a esposa de Sully, Lorrie Sullenberger. Aliado a isso,  o drama ainda conta com efeitos visuais bem realistas (que me perdoem os pilotos da minha família se estou falando bobagem) que ajudam a prender o público, não só nos momentos de tensão do ousado pouso quanto nas cenas de interrogatório e julgamento. Um filme que vale a pena ser visto.


Ficha técnica:
Direção e produção: Clint Eastwood
Produção: Warner Bros. Pictures / Malpaso Productions/ Village Roadshow
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h36
Gêneros: Biografia / Drama
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota:  4 (0 a 5)

Tags:
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09 dezembro 2016

Direção e elenco corretos são insuficientes para salvar "O Vendedor de Sonhos"

Como um manual de autoajuda, drama dirigido por Jayme Monjardim não passa de uma colcha de retalhos de frases feitas (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Um psicólogo famoso e bem-sucedido está prestes a saltar do 21º andar de um prédio numa grande cidade. O público não sabe o que o levou a tamanho desespero e, a princípio, fica junto com ele de pé num estreito parapeito, uma vertigem que chega a bambear as pernas. O suspense dura até que um misterioso mendigo consegue se aproximar dele e, usando única e exclusivamente as palavras, o convence a desistir do suicídio. A partir daí, o psicólogo passa a seguir quem ele chama de "Mestre", os dois vivem nas ruas e acabam aglutinando outros seguidores.

Dito assim, na base da sinopse, "O Vendedor de Sonhos" parece ser, a princípio, uma ótima história. Pode ser. Mas essa trama não resultou num bom filme. O elenco brilhante - capitaneado pelo uruguaio Cesar Troncoso vivendo o Mestre, e Dan Stulbach como o psicólogo Júlio César - não consegue dar credibilidade e profundidade aos discursos quase óbvios que recheiam o trabalho. Baseado na obra do best seller homônimo de Augusto Cury, o longa se perde em mensagens de fácil digestão e acaba como os livros que o originaram: um manual de autoajuda. 

"Se andarmos pelos caminhos que os outros já percorreram, chegaremos, no máximo, aos lugares que eles atingiram". "Nossos maiores inimigos estão dentro de nós". "O suicida de verdade não quer se matar, mas quer matar a sua dor". Frases assim são uma constante em "O Vendedor de Sonhos" e podem, de certa forma, até convencer ou impactar. Mas ao final, tecem apenas e simplesmente uma colcha de retalhos de obviedades, mesmo quando revela a verdadeira história do Mestre. 

Thiago Mendonça como o "Boquinha de Mel", e o menino Kaik Ferreira como Dimas, os amigos andarilhos do mendigo, embora em atuações corretas, convencem mas são insuficientes.

As ideias são boas, as causas são justas, mas nem mesmo a direção do experiente Jayme Monjardim salva o filme. Há outras formas mais sutis - e ao mesmo tempo mais profundas - para falar do excesso de consumismo, da correria das grandes cidades, da relação cada vez mais difícil entre pais e filhos, da luta contra o tempo, de autoconhecimento e da eterna angústia humana.  Classificação: 10 anos



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Novo "Anjos da Noite" é repetição de banho de sangue entre vampiros e lobisomens

Kate Beckinsale tenta evitar a grande batalha entre os clãs inimigos (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)


Maristela Bretas


Kate Beckinsale retorna pela quarta vez a seu famoso papel de vampira na franquia "Anjos da Noite" ("Underworld"), que completa 13 anos de existência, sem novidades, mas ainda atraindo fãs que gostam de ver muito sangue e figuras medonhas. 



Em "Anjos da Noite - Guerras de Sangue" ("Underworld: Blood Wars"), a guerreira vampira Selene (Beckinsale) agora é inimiga dos dois clãs - os Lycan de lobisomens e os vampiros que a traíram no filme passado.

Escondendo uma filha que teve no passado com um Lycan, ela aceita retornar ao clã dos vampiros para tentar evitar uma nova guerra entre os dois grupos. Selene só poderá contar com a ajuda dos vampiros David (Theo James) e o pai (Charles Dance), um dos líderes dos chupadores de sangue.


Kate Beckinsale e Theo James até formam uma dupla bonita de se ver, mas não convencem como casal. Acho que a intenção do diretor nem é essa, porque a química é fraca demais. A história é fraca, não muito diferente das anteriores, como se o gás do roteirista já tivesse acabado e ele insistisse na fórmula.

Muita ação, sangue jorrando pelas paredes, bons efeitos visuais (mas nada muito surpreendente), batalhas interessantes e uma boa dose de violência. 

Para quem gosta é um prato, cheio e vermelho de sangue. E o final de "Anjos da Noite - Guerras de Sangue" indica que ainda teremos outras continuações, já que ainda atraem milhares de seguidores de vampiros e lobisomens ais cinemas.



Ficha técnica:
Direção: Anna Foerster
Produção: Screen Gems Inc. / Sketch Films
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h32
Gênero: Terror / Ação
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

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04 dezembro 2016

Tom Cruise é ação e perseguição em "Jack Reacher: Sem Retorno"

Filme é adaptação do 18º livro de Lee Child com o personagem (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Depois de garantir uma bilheteria respeitável com "Jack Reacher: Ultimo Tiro", Tom Cruise aposta novamente no personagem criado por Lee Child e traz para o cinema a adaptação do 18º livro da saga, que já vendeu 100 milhões de livros no mundo todo - "Jack Reacher: Sem Retorno" ("Jack Reacher: Never Go Back"). O estilo não muda - tiros, muita porrada, ótimas perseguições, e às vezes o belo sorriso do ator que parece estar conservado em formol. 

Tom Cruise assumiu o papel do não tão mocinho "fodão" há tempos com a série "Missão Impossível", que ele repete na franquia "Jack Reacher". Bate muito, apanha também, não fica com a mocinha porque é um "justiceiro" errante e oferece ótimas cenas de ação que vão agradar ao público.

E como toda estrela, Cruise merecia uma parceira à altura. O papel da vez ficou para Cobie Smulders ("Vingadores: Era de Ultron"), que interpreta a major Susan Turner. Boa de briga como ele, não aceita ser tratada como uma mulher frágil e incapaz de comandar o pelotão do Exército, cargo que um dia foi de Reacher.

Se Cruise e Smulders estão bem, o mesmo não se pode dizer do restante do elenco de "Jack Reacher: Sem Retorno". Muitos têm interpretação fraca, que deixa bem a desejar, apesar de seus papéis serem importantes para a história. É o caso da jovem Danika Yarosh (da série de TV "Heroes Reborn"), que interpreta a rebelde Samantha Dayton. Essa ainda tem de comer muita farinha com feijão para ser chamada de boa atriz.

Na história, Jack Reacher (Tom Cruise) retorna à base militar onde serviu na Virgínia (EUA) para conhecer pessoalmente a major Susan Turner (Cobie Smulders), a quem pretendia levar para jantar. Ao chegar, descobre que ela está presa, acusada de ter vazado informações confidenciais do Exército. Estranhando a situação, Jack resolve iniciar uma investigação por conta própria e, em meio a essa nova investigação, ainda terá que lidar com Samantha (Danika Yarosh), uma suposta filha adolescente.

A dupla principal está afinada e segura a produção. Mas apesar de "rolar um clima", o enredo não achou espaço nem para um beijinho. O mocinho é o cara charmoso mas de pouca conversa, que resolve no mano a mano suas divergências, sem aceitar parceiros. "Jack Reacher: Sem Retorno" é puramente ação e perseguição, com cenas curtas para darem maior agilidade. Um filme para agradar aos fãs do gênero.



Ficha técnica:
Direção: Edward Zwick
Produção: Paramount Pictures / Skydance  
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 1h59
Gêneros: Ação / Espionagem / Suspense
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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29 novembro 2016

"Elis", filme que inebria e entontece

Com interpretação mediúnica de Andreia Horta, “Elis” tem lotado as salas de cinema de fãs saudosos das canções e histórias da polêmica Pimentinha (Fotos: Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Tem razão o diretor e roteirista Hugo Prata quando diz que é impossível falar sobre Elis Regina em uma sessão de duas horas. É pouco tempo demais para sintetizar uma vida tão rica quanto polêmica, repleta de paixões, desamores e tumultos. Elis são várias e seria preciso uma série com muitos capítulos para dar conta de tantos conflitos não apenas na música, mas também na política, na família, nos amores... Ela não era de fugir da briga.

Tem razão também a parcela do público que, conhecendo Elis desde o início de sua carreira, tem  se queixado de que o filme falha ao não tocar, por exemplo, no seu encontro profissional com os compositores mineiros Fernando Brant e Milton Nascimento, na gravação histórica de “Águas de Março” nos Estados Unidos com o maestro Tom Jobim, ou pular fases da vida da cantora como se as mudanças ocorressem como mágica, sem um processo que as justificasse.

De repente, de uma cena para outra, lá estava a artista se separando do marido, ou se embebedando quando para o espectador ainda não estava claro que o casal se desentendia ou que ela andava gostando muito de uísque. A própria relação da Pimentinha com as drogas acontece, no roteiro do filme, como se tivesse ocorrido de forma rápida e inesperada, como se, para isso, não fosse necessário todo um trajeto.

Talvez por esses senões, o filme tenha sido considerado por alguns como um novelão, numa referência a uma narrativa que privilegia pontos altos sem espaço para respiros e reflexões. Pode ser. Mas isso, de forma alguma, tira ou reduz a importância de “Elis”.  Mesmo tendo optado por retratar um recorte de 18 anos da carreira da cantora, Hugo Prata fez isso como um grande fã. O filme é uma homenagem. Uma belíssima homenagem a quem muitos consideram a maior cantora do Brasil.

Outro ponto que enriquece o filme é o elenco, irrepreensível. Gustavo Machado (como Ronaldo Bôscoli, o primeiro marido da Elis), Lúcio Mauro Filho (como Miéle, produtor dela no início da carreira), Júlio Andrade (como o coreógrafo Lennie Dale, que ensinou a ela como se expressar corporalmente no palco), Caco Ciocler (como o compreensivo e terno César Camargo Mariano, marido e arranjador) e Rodrigo Padolfo (como Nelson Motta, amigo e responsável por mudanças na carreira dela), todos atuam na medida certa, gravitando em torno da estrela.

Miéle (Lúcio Mauro Filho), Lenni Dale (Júlio Andrade) e Nelson Mota (Rodrigo Padolfo)

Mas o grande sucesso de “Elis” é, sem dúvida, sua intérprete, Andréia Horta. Numa atuação impactante e quase mediúnica, a atriz dá um show. Maquiagem, figurino e expressão corporal ajudam a torná-la muito parecida com a cantora, mas não é só isso. Ao dublar a voz inconfundível da inquieta gauchinha e enriquecer a interpretação com trejeitos, sorrisos e gestos, a mineirinha de Juiz de Fora tem feito muita gente chorar de saudade. Classificação: 14 anos



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26 novembro 2016

"A Chegada", uma ficção que impressiona e surpreendente

Naves espaciais invadem a Terra e uma especialista em linguística terá de decifrar suas mensagens (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


"A Chegada" ("Arrival") é um filme que provoca várias reações, mas com certeza seu final surpreende e agrada a todos que assistem. Do drama familiar, mais intenso no início e mesclado com a realidade ao longo do filme, o diretor Denis Villeneuve (de "Sicário: Terra de Ninguém" e "Os Suspeitos ") apresenta thriller perturbador de ficção científica que envolve o espectador.

A produção conta ainda com a excelente atuação de Amy Adams no papel principal, dando a dramaticidade necessária à personagem, que sofre com a perda da filha e com a incapacidade de decifrar a mensagem dos extraterrestres.

No elenco estão ainda o premiado Jeremy Renner, que apesar de ficar em segundo plano, é uma das peças importantes da trama. E Forest Whitaker, como o coronel G.T. Weber, que comanda toda a operação. O filme é baseado no livro "Story of Your Life", de Ted Chiang.

A história de "A Chegada" é sobre a Dra. Louise Banks (Adams), uma especialista em linguística que trabalha numa universidade norte-americana. Vivendo o drama pessoal da perda da filha Hannah e da solidão marcada por flashbacks dos bons e maus momentos passados com ela, Banks restringe sua vida ao trabalho. Até que é contratada pelo governo, juntamente com o matemático Ian Donnelly (Renner), para decifrar os códigos de extraterrestres que chegaram à Terra em várias espaçonaves espalhadas pelo planeta.

A dupla precisa entrar numa das naves e tentar  entender o propósito da visita. Para isso começa uma batalha contra o tempo, antes que as forças militares de outras potências iniciem um ataque aos invasores.

Até aí parece uma história comum, mas "A Chegada" toca mais fundo, interligando o drama familiar da especialista com as mensagens trocadas com os ET's, de uma forma, às vezes confusa, às vezes intrigante, quase um quebra-cabeça. Até o final surpreendente.

A produção acertou também na narração, apesar de apresentar alguns diálogos monótonos de explicações científicas. Mas a condução foi perfeita, combinada com a bela fotografia, os enquadramentos e a escolha de elenco. Um filme que merece ser visto.



Ficha técnica:
Direção: Denis Villeneuve
Produção: FilmNation Entertainment / Lava Bear Films / 21 Laps  Entertainment
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h56
Gêneros: Drama / Ficção Científica
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

Tags: #achegada, #arrival, #AmyAdams, #JeremyRenner, #ForestWhitaker, #Denis Villeneuve, #drama, #ficcaocientifica, #SonyPictures, #CinemanoEscurinho

23 novembro 2016

"Sob Pressão" é drama de quem vive para tentar salvar vidas pela saúde pública

Longa mostra a realidade diária de um grupo de médicos de um hospital público numa área de risco (Fotos: HS2 Films/Divulgação)

Maristela Bretas


A divulgação foi pequena para a qualidade do filme "Sob Pressão" dirigido por Andrucha Waddington que está em apenas dois cinemas de BH - Cineart Cidade e Cinemark BH Shopping. Merecia mais, como muitas das ótimas produções nacionais que muitas vezes têm suas exibições restritas a salas especiais, não atingindo o grande público.

"Sob Pressão" é bem feito, bem conduzido, com ótimas interpretações, principalmente de Julio Andrade, no papel do médico Evandro, que lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator no festival do Rio. Ele é excelente cirurgião, que sofreu um trauma pessoal e se tornou um viciado em remédios que o ajudam a aguentar a rotina estressante do hospital público onde trabalha.

Problemas na saúde pública não é novidade para ninguém e quem precisa dela ou vive dela sofre na maioria das vezes. No Brasil, trabalhar numa unidade de saúde pública, com falta de remédios, equipamentos estragados, localização em áreas de risco é ser um herói diário.

Engana-se quem imagina que "Sob Pressão" é uma produção que imita séries norte-americanas como "E.R". A vida aqui é outra, a realidade é outra e os produtores souberam reproduzir fielmente o livro homônimo escrito pelo médico carioca Marcio Maranhão. Como se já não bastassem os problemas estruturais, médicos, enfermeiros e funcionários ainda precisam conviver com a violência do tráfico, a pressão da polícia e dos políticos e as cobranças das famílias.

Além de Julio Andrade, estão no elenco Marjorie Estiano (Dra. Carolina), Andrea Beltrão (Ana Lúcia, administradora do hospital), Ícaro Silva (cirurgião Dr. Paulo), Stepan Nercessian (que ganhou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival do Rio no papel do diretor do hospital Dr. Samuel), Thelmo Fernandes (como Capitão Botelho, da PM).

O longa foi todo rodado em uma locação: o hospital Santa Casa de Misericórdia, em Cascadura, na Zona Norte do Rio de Janeiro. E mostra o dia de um hospital público, centralizando a história no cirurgião Evandro, com seus traumas e a dependência química. No final de um plantão cansativo na Emergência, ele é surpreendido com três pessoas baleadas numa guerra do tráfico no morro que chegam ao mesmo tempo ao hospital - um bandido, um policial e uma criança.

A pressão vem de todos os lados - o comandante da polícia exige que seu militar seja tratado na frente e deixe o traficante morrer, o pai influente do menino querendo transferi-lo para outro local e o traficante em situação crítica. Evandro e sua equipe precisam decidir quem deverá receber os primeiros socorros e correr contra o tempo, levando em conta as condições precárias, a falta de recursos e equipamentos do hospital e a ameaça de invasão pelos traficantes da gangue do baleado.

"Sob Pressão" é um drama trata da saúde pública, e da coração de muitos médicos brasileiros que precisam vencer uma batalha diária. Vale a pena assistir, merecedora dos prêmios conquistados.



Ficha técnica:
Direção: Andrucha Waddington
Produção: Globo Filmes / Conspiração 
Distribuição: H2O Films 
Duração: 1h30
Gênero: Drama
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 3,8 (0 a 5)

Tags: #sobpressao, #AndruchaWaddington, #JúlioAndrade, #ÍcaroSilva, #MarjorieEstiano, #AndréaBeltrão, #StepanNercessian, #ThelmoFernandes, #drama, #H20Films, #Conspiração, #CinemanoEscurinho

18 novembro 2016

Magia e aventura na volta do mundo bruxo de J.K. Rowling

"Animais Fantásticos e Onde Habitam" é o primeiro filme de cinco livros da escritora que deverão ser adaptadas para o cinema (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas

J.K. Rowling estreia como roteirista e mostra a força de sua criatividade e a capacidade de amadurecer seu trabalho, juntamente com o público que a acompanha desde o primeiro livro da saga, "Harry Potter e a Pedra Filosofal" (1997). Com muita feitiçaria, aventura, efeitos visuais fantásticos e uma interpretação bem convincente do ganhador do Oscar, Eddie Redmayne, a escritora apresenta o ótimo "Animais Fantásticos e Onde Habitam" ("Fantastic Beasts and Where to Find Them").

O filme é o primeiro de cinco baseados em livros da escritora infanto-juvenil que deverão ser adaptadas para o cinema nos próximos anos. E já mostra que foi um bom início para a nova saga atraindo, antes mesmo de sua estreia, os milhões de fãs de Harry Potter que aguardavam ansiosamente o retorno às telas das histórias do mundo bruxo. 

Esta volta veio em dose tripla este ano, com o lançamento nos cinemas de "Animais Fantásticos e Onde Habitam", da obra literária "A Maleta de Criaturas" (que explora algumas curiosidades do filme) e da peça de teatro "Harry Potter e a Criança Amaldiçoada", dividida em duas partes e baseada na história de J.K Rowling.

"Animais Fantásticos e Onde Habitam" é como um avô da franquia Harry Potter. Ambientada em 1926, pós-Primeira Guerra Mundial, a história se passa nos EUA, cheio de preconceitos e fazendo uma caça às bruxas e aos chamados esquisitos. Nenhum dos personagens originais é aproveitado, já que ainda nem eram conhecidos. Para fazer a ligação das duas histórias, a autora usou o livro "Animais Fantásticos e Onde Habitam", escrito pelo personagem Newt Scamander e que Potter estudava em Hogwarts.

Tudo começa quando o bruxo magizoologista Newt Scamander (Redmayne), um sujeito que não segue muito as regras, sai de Londres e desembarca em Nova York com uma maleta recheada de criaturas mágicas que ele reuniu após uma exploração mundial para estudar e documentar espécies ameaçadas.

Um simples esbarrão no Não-Maj (o nome americano para “Trouxa”) chamado Jacob (ótima interpretação de Dan Fogler) e a troca das maletas muda toda a sua viagem. Alguns dos animais fantásticos de Newt conseguem escapar. 

Para recapturá-los, o bruxo britânico terá de enfrentar o Conselho dos Bruxos americanos e contar com a ajuda de Jacob e das irmãs bruxas Porpentina (Katherine Waterston) e Queenie (Alison Sudol) Goldstein. O quarteto ainda terá pela frente, para piorar, uma criatura da escuridão que ameaça expor os bruxos e destruir a raça Não-Maj.

O elenco conta ainda com Colin Farrell, Ezra Miller, Jon Voight, Carmen Ejogo, a jovem estreante Faith Wood-Blagrove (como Modesty), Ron Perlman e Johnny Depp, em uma rápida mas importante aparição, cujo personagem será mais bem explicado nas próximas produções.


Trilha sonora

A composição da trilha sonora é outro ponto favorável e ficou a cargo do não menos excelente músico, produtor e maestro, além de vencedor dos prêmios Grammy e Emmy, James Newton Howard (“Malévola”, a franquia “Jogos Vorazes” e “Batman – O Cavaleiro das Trevas”). O álbum foi lançado nesta sexta-feira nos formatos digital e físico.

Mas o que importa mesmo são os excelentes efeitos visuais da produção, que exploram bem os cenários e as batalhas com as varinhas mágicas e as sequências em que os animais fantásticos aparecem. Valem cada centavo gasto, principalmente nas versões em 3D e Imax. Não esquecendo da abordagem correta e sem exageros que J.K. Rowling faz de situações que envolvem preconceito, racismo e histeria religiosa.


Ficha técnica:
Direção: David Yates
Produção: Heyday Films
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 2h13
Gêneros:  Fantasia / Aventura
Países: EUA /  Reino Unido
Classificação: 12 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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13 novembro 2016

"Doutor Estranho" supera heróis da Marvel em sarcasmo e efeitos visuais

Produção aposta na magia e no sobrenatural para apresentar importante  personagem dos quadrinhos da Marvel (Fotos: Disney/Buena Vista/Distribuição)

Maristela Bretas


Um super-herói da magia, pouco conhecido por quem não acompanha o universo dos quadrinhos. Mas se nas HQs ele tem um público fiel, com certeza vai atrair uma centena de novos seguidores com essa produção que está lotando as salas de cinemas de BH. Este é "Doutor Estranho" ("Doctor Strange"), o mestre da magia e do sarcasmo criado pela Marvel.

O filme reúne realidade, misticismo, magia, muita ação e os melhores efeitos visuais de todas as produções do estúdio até agora envolvendo os heróis e anti-heróis. No papel principal e incorporando na medida certa o personagem do Doutor Estranho está Benedict Cumberbatch. Ele é o arrogante, cínico e prepotente médico cirurgião Dr. Stephen Strange, que se considera quase um deus, que vai aprender da maneira mais dolorida a valorizar as outras pessoas.

O elenco conta ainda com Rachel McAdams, interpretando a médica Christine Palmer, que infelizmente não recebeu o destaque que a atriz merecia. Ela foi quase uma coadjuvante sem expressão no cenário comandado por Cumberbatch.

Já Chiwetel Ejiofor, como Mestre Mordo, é apresentado ao público como um aliado importante dos guardiões da magia e defensores da Terra, mas que deverá ser o grande destaque numa possível continuação de "Doutor Estranho". 


Enquanto isso, o vilão da vez ficou para Mads Mikkelsen (no papel de Kaecilius), que fez um bom trabalho e convence. Ele é um mago com poderes do mal que um dia foi seguidor da líder dos magos bons, a Mestre Anciã (vivida por Tilda Swinton, também muito bem no papel).

Mas o que mais atrai o público em "Doutor Estranho" são mesmo os efeitos visuais, os melhores que já vi em todas as produções recentes de heróis. Principalmente as batalhas entre os mestres da magia, quando as cidades viram um verdadeiro caleidoscópio. Os cenários se sobrepõem e giram de maneira muito rápida, o que não é muito indicado para quem sofre de tontura e enjoo. Desaconselhável sentar nas primeiras fileiras da sala de exibição. Se for em 3D, pior ainda, melhor sentar no fundo da sala.

"Doutor Estranho" é a história do renomado neurocirurgião Dr. Stephen Strange, que despreza todos a seu redor, inclusive a ex-namorada e colega de profissão, Dra. Christine Palmer. Até que um grave acidente de carro muda sua vida para sempre, impedindo que ele possa continuar utilizando as mãos. Quando a medicina tradicional fracassa, ele é forçado a procurar cura, e esperança, em um lugar improvável - o misterioso Kamar-Taj, no Nepal.

Strange rapidamente descobre que esse não é apenas um centro de cura, mas também um local de treinamento e formação de mestres da magia, comandados pela Anciã, que se preparam para uma grande batalha contra forças ocultas do mal determinadas a destruir o planeta. Após adquirir poderes mágicos, Strange se une a Mordo e aos demais magos para enfrentar o poderoso Kaecilius, seguidor de Dormammu, que domina o lado escuro da magia.


Elenco e efeitos fazem de "Doutor Estranho" uma grande produção para quem curte HQs. Um alerta: fique no cinema após os créditos finais, pois há duas chamadas para os próximos filmes com o poderoso mago: a primeira no meio dos créditos de um encontro do Doutor Estranho com Thor, que estarão juntos no terceiro filme do bonitão do martelo - "Ragnarok"; a segunda indicando que Mordo poderá se tornar o vilão num segundo filme com o mestre da magia.



Ficha Técnica
Diretor: Scott Derrickson
Produção: Marvel Studios / Walt Disney Pictures
Distribuição: Disney/Buena Vista
Gêneros: Ação/ Fantasia / Aventura
Duração: 1h55
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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