08 fevereiro 2017

Jessica Chastain, uma lobista sem medo de colocar suas "Armas na Mesa"


Filme conta a história de lobista que muda de lado para defender o controle de armas nos EUA (Fotos: Europacorp/Divulgação)

 Maristela Bretas

Ela tinha poder, era respeitada por aliados e inimigos e seguida por fieis assistentes no respeitado escritório de advocacia onde trabalhava. Mas a vida da lobista Elizabeth Sloane deu uma guinada quando ela resolveu apoiar o projeto para tornar mais rígidas as leis de porte de armas. A personagem é muito bem interpretada e incorporada por Jessica Chastain, o que lhe valeu a merecida indicação ao Globo de Ouro 2017 como Melhor Atriz.

Essa é a história de "Armas na Mesa" ("Miss Sloane"), um drama sobre os bastidores do mundo da venda de armas, o poder da indústria armamentista sobre a mídia e membros do Congresso norte-americano.   Sempre um passo a frente de seus inimigos, Elizabeth Sloane é uma das lobistas mais poderosas dos Estados Unidos.

Mulher sem tempo para amores, Sloane vive no luxo que sua profissão lhe proporciona, mas sente a solidão da falta de um relacionamento e de nunca poder confiar em outras pessoas. Um retrato de muitas grandes executivas atuais que abriram mão de uma vida comum em troca do poder. De poucos escrúpulos a lobista usa todo tipo de estratégia, legais ou não, para atingir seus objetivos.

Contrária à política armamentista, ela recusa o convite para apoiar a bancada pró-armas, deixa seu conforto e um polpudo salário para se ligar a defensores contrários à proposta, liderados por Rodolfo Schimidt (o charmoso Mark Strong). Isso provoca a ira de ex-colegas e de seu antigo chefe, George Dupond (Sam Waterston), que passam a persegui-la e ameaçá-la pessoal e profissionalmente.

Mas Sloane tem sempre uma carta na manga e não vai medir consequências para usá-las, mesmo que isso magoe aqueles que estão próximos a ela. Ao mesmo tempo, a lobista passa a questionar seus limites dentro de sua profissão e até onde compensa levar a vida que escolheu.

Além de Chastain, Strong e Waterston, "Armas na Mesa" conta com ótimas interpretações de John Lithgow, Alison Pill e Gugu Mbatha-Raw, nesta trama de final surpreendente, muito bem amarrado pelo diretor John Madden. Merece ser visto.



Ficha técnica:
Direção: John Madden
Produção: Europa  Films /  Filmnation Entertainment /
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 2h09
Gênero: Drama
Países: EUA / França
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #armasnamesa, #misssloane, #JessicaChastain, #MarkStrong, #JohnLithgow, #SamWaterston, #AlisonPill, #GuguMbathaRaw, #JohnMadden, #drama, #lobista, #lobbypelasarmas, #vendadearmas, #proarmas, #ParisFilmes, #CinemanoEscurinho

05 fevereiro 2017

"Estrelas Além do Tempo" - negras, competentes e grandes mulheres

Produção é baseada na história real de três mulheres que foram essenciais para o sucesso do programa espacial norte-americano (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


O ano é 1961. Os Estados Unidos brigam com a Rússia pelo domínio do espaço e o que é pior, o astronauta Yuri Gagarin chega antes para desespero do alto escalão do governo e da NASA. Nem mesmo reunindo os melhores cientistas, matemáticos e especialistas em engenharia espacial as tentativas funcionam. Foram necessárias três geniais mulheres e ainda por cima negras, num país extremamente racista, para colocar os norte-americanos na frente de seu maior inimigo.

E é a história deste trio de especialistas, cada uma em sua área, que sofreu preconceitos de todo tipo para provar seu valor, que conta o filme "Estrelas Além do Tempo" ("Hidden Figures"). Baseado em fatos reais adaptados da obra de outra mulher, Margot Lee Shetterly, a produção está na disputa do Oscar 2017 como "Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado.

O trio genial e em perfeita sintonia é formado por Taraji P. Henson, Octavia Spencer e Janelle Monáe, que interpretam a matemática Katherine Johnson, a especialista em mecânica e eletrônica Dorothy Vaughn e a engenheira Mary Jackson, respectivamente. Três grandes amigas que conseguem trabalhar na NASA, mas enfrentam o preconceito, assim como outras negras. Elas desenvolvem projetos, mas ficam isoladas em um galpão destinado à sua raça, sem poderem ocupar cargos melhores e ainda tendo de brigar por seus direitos contra chefes brancos, racistas, prepotentes e incompetentes.

As oportunidades de trabalharem no principal programa espacial começam a surgir, mas Katherine, Dorothy e Mary têm de brigar em dobro para provarem sua competência e se tornarem peças essenciais na conquista do espaço. Taraji P. Henson está excelente no papel da matemática que precisa enfrentar desprezo e ataques dos colegas, como Paul Stafford (Jim Parsons). Apenas o diretor do programa espacial Al Harrison (Kevin Costner) passa a lhe dar valor ao perceber sua capacidade para cálculos matemáticos. Parsons ainda vai demorar para perder em filmes sérios a cara de Sheldon, de "The Big Bang Theory". Ele e Costner estão bem em seus papéis, mas funcionam literalmente como suportes para Taraji brilha na produção

Não menos diferente como trampolim está Kirsten Dunst. Sua atuação é mediana e quando   aparece é para destacar a interpretação de Octavia Spencer, indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Jeanelle Monáe, proporcionando bons momentos cômicos e mostrando também que é boa de briga - uma mulher negra que quer ser engenheira e precisa ir à justiça para estudar numa escola só para brancos.

Além do excelente elenco principal, o diretor Theodore Melfi fez um ótimo trabalho na escolha do figurino e na reconstituição de época, o que aumenta o prazer de assistir "Estrelas Além do Tempo". Trata-se de um filme que, apesar de muitas explicações técnicas sobre o funcionamento do projeto espacial, soube explorar bem o período em que acontece - Guerra Fria, mulheres e negros lutando por seus direitos e tentando conquistar espaço numa sociedade preconceituosa.

E se todos esses pontos já não bastassem, o filme ainda conta com uma bela trilha sonora, entregue ao premiado Hans Zimmer (responsável por mais de 130 sucessos no cinema, entre eles, a saga "Piratas do Caribe", "Interestelar" e "Batman vs Superman - A Origem da Justiça") e Pharrell Williams , que também é um dos produtores (responsável pelo sucesso "Happy", de "Meu Malvado Favorito").

Imperdível, "Estrelas Além do Tempo" é outro grande filme de 2016 que tem tudo para agradar, inclusive na abordagem da questão racial, expondo situações absurdas que as personagens originais tiveram de enfrentar como correr quase 2 quilômetros para ir ao banheiro destinado somente às negras. Val a pena conferir.


Ficha técnica:
Direção e produção: Theodore Melfi
Produção: 20th Century Fox
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h06
Gêneros: Drama / Biografia
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 4,5 (0 a 5)

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02 fevereiro 2017

"Até o Último Homem", um ótimo drama de guerra com excelentes efeitos visuais

Produção dirigida por Mel Gibson concorre a seis Oscars, inclusive o de Melhor Filme (Fotos: Diamond Films/Divulgação)

Maristela Bretas


A dupla Mel Gibson e Andrew Garfield funcionou como um relógio suíço e entrega ao público um excelente drama de guerra baseado na biografia de um herói norte-americano. "Até o Último Homem" ("Hacksaw Ridge") é tenso, dramático, com efeitos visuais invejáveis nas batalhas, o que lhe garantiu as indicações ao Oscar 2017 para Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Diretor. A produção ainda disputa outros dois importantes prêmios técnicos: de Melhor Edição, de Edição de Som e de Mixagem de Som.

Baseado na história real do herói da Segunda Guerra Mundial, o pacifista Desmond Doss (Garfield, de "O Espetacular Homem-Aranha 1 e 2"), que não pegou em armas e conseguiu salvar 75 de seus companheiros de pelotão na Batalha de Okinawa, no Japão.

Por este ato, Doss foi o primeiro soldado Opositor Consciente da história dos EUA a receber a medalha de Honra do Congresso. Mas para chegar a isso foi perseguido por seus comandantes, desprezado e até espancado por colegas por defender seu direito de ser um pacifista e estar na guerra como um médico, apenas para salvar vidas, não para tirá-las.

Andrew Garfield está excelente no papel, deu a dramaticidade necessária nas cenas de salvamento no campo de batalha e nos momentos em que era desprezado por todos. O ator desperta simpatia imediata também quando contracena com Teresa Palmer, que interpreta sua namorada Dorothy Schutte. Ela, no entanto fica um pouco apagada, mas há uma boa sintonia do casal.


O soldado bom cristão conta ainda com uma boa tropa no elenco, com alguns nomes conhecidos: Sam Worthington ("Evereste"), como o Capitão Glover, Luke Bracey ("Caçadores de Emoção - Além do Limite"), como Smitty Ryker, seu maior opositor no batalhão, e Hugo Weaving (das sagas "O Senhor dos Anéis" e "Hobbit"), como o pai de Doss. 


Um ponto negativo foi a escolha de Vince Vaughn como o sargentão do pelotão que inferniza o soldado. A impressão que dá é de que ele vai soltar uma piada a qualquer momento, no estilo "Os Estagiários".

"Até o Último Homem" chega a provocar arrepios nas cenas de batalhas, tamanho realismo dos efeitos visuais, sem espaço para imagens leves - muitos corpos, mutilações, tiros e explosões, como se espera de uma guerra sangrenta. Imperdível e merece ganhar pelo menos um dos prêmios a que está concorrendo.



Ficha técnica:
Direção: Mel Gibson
Produção: Pandemonium e Permut Presentations
Distribuição: Diamond Films
Duração: 2h20
Gêneros: Drama / Guerra / Ação / Biografia
Países: EUA / Austrália
Classificação: 16 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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30 janeiro 2017

"Quatro Vidas de Um Cachorro" é filme "fofinho" de chorar em sessão da tarde


Nem toda a polêmica e ameaças de boicotes afastaram o público da produção para família sobre cachorro, amizade e lealdade (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Não adiantou toda a discussão e ameaças de boicote ao filme "Quatro Vidas de Um Cachorro". Em seu primeiro final de semana após a estreia, somente nos Estados Unidos a produção dirigida por Lasse Hallström (o mesmo de outro filme de chorar sobre cachorro - "Sempre ao Seu Lado", de 2009) que custou US$ 22 milhões arrecadou US$ 18,4 milhões.

Envolvido numa polêmica mundial de maus tratos a um dos cães participantes que dominou as redes sociais e a mídia, "Quatro Vidas de Um Cachorro" ("A Dogs's Purpose") não passa de um filme "fofinho", daqueles que você assiste numa sessão da tarde com pipoca no colo, as crianças em volta e sem vergonha de chorar.


Não fosse um vídeo (com sinais de ter sido editado) divulgado num programa de TV americano poucos dias antes da estreia mostrando um dos integrantes da equipe de produção "forçando" um pastor alemão assustado se recusando a entrar numa piscina com correnteza, ninguém jamais saberia o que, em princípio, teria ocorrido.

Protestos de entidades protetoras dos animais e ameaças de boicote, pelo visto, não afetaram tanto assim a exibição e no país de origem ele já está quase se pagando. E a produção é bacana, indicada para famílias e narrado simplesmente pelo cachorro, cujo primeiro nome é Bailey. Dá até para imaginar o que nossos animais pensam quando estão ao nosso lado.

Isso porque ele conta suas quatro reencarnações, sem nunca entender qual o sentido de sua vida, por que retorna em outras raças, às vezes outro sexo e nunca para seu primeiro dono, Ethan, a quem mais amou (interpretado quando menino por Bryce Gheisar e, quando adolescente por K.J. Apa, ambos muito bem em seus papéis). Quando adulto, o papel ficou a cargo de Dennis Quaid, hoje não tão carismático quanto no passado, mas ainda sabe se entender com os bichos.

Além de Ethan, Bailey passa por outros bons e maus donos e vive grandes aventuras ao longo dos anos. A parte polêmica do filme está na reencarnação como um cão policial. Não vou contar para não dar spoiler, mas a cena não é tudo isso que pregaram e nada que um efeito digital não resolvesse.

Para aqueles que gostam de cães, como eu, "Quatro Vidas de Um Cachorro" emociona, diverte, é fofinho, principalmente quando mostra nosso amigo canino filhotinho, e é envolvente. A maior parte do tempo tenta mostrar a amizade e a lealdade de um cão por seu dono.

Pode incomodar para alguns a falação de Bailey o tempo todo, questionando tudo - a brincadeira com o dono, suas namoradas, a comida e até sua família que ele chama de matilha. Mas cachorro é isso mesmo, conversa latindo. No caso do filme, falando. E a voz de todos eles - Bailey, Tino, Ellie e Buddy - é de Josh Gad, que tem em seu currículo como dublador nada menos que Olaf, o boneco de neve de "Frozen: Uma Aventura Congelante".

Uma produção leve, que vale a pena ver para abrir a torneira do choro e se apaixonar por nosso adorável herói canino.



Ficha técnica:
Direção:  Lasse Hallström
Produção:  Amblin Entertainment / Walden Media
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 2 horas
Gêneros: Família / Drama / Comédia
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #quatrovidasdeumcachorro, #adogspurpose, #Bailey, #Ethan, #cachorro, #drama, #aventura, #familia, #UniversalPictures, #CinemanoEscurinho

27 janeiro 2017

"A Bailarina" ensina que não devemos desistir de nossos sonhos

Produção se passa no ano de 1869 em Paris, com sua efervescência e grandes obras, como a Torre Eiffel (Fotos: Gaumont Distribution/Divulgação)

Maristela Bretas


Mesmo sem os recursos visuais dos estúdios americanos, a animação franco-canadense "A Bailarina" ("Ballerina") oferece ao público uma história agradável e inocente, sem muitas desvios. Bem ao estilo Cinderela, com direito a patroa agindo quase que como a madrasta da produção Disney, a animação explora o sonho quase impossível de uma jovem órfã de ser uma grande bailarina em Paris.

O tema é simples, até comum, como seus personagens, mas há a preocupação em ensinar bons valores e passar mensagens de amizade e perseverança. Pode inclusive incentivar muitas meninas a seguirem os passos de Felície Milliner, nossa batalhadora heroína, dublada muito bem em português pela pequena atriz Mel Maia. Na versão em inglês, Elle Fanning emprestou sua voz à bailarina.

Apesar de o tema ser o balé, o importante na história de "A Bailarina" é mostrar a amizade entre dois jovens órfãos, Felície e Victor, que passam o tempo pendurados no telhado do orfanato onde vivem, planejando uma forma de fugir para Paris, onde irão realizar seus desejos - ela de ser uma bailarina e ele, tornar-se um grande inventor.

Até que a dupla, usando uma das invenções de Victor, consegue escapar e chegar à bela e envolvente capital francesa. A cidade vive o burburinho do final do século 19, com a construção da Torre Eiffel e da Estátua da Liberdade que será presenteada aos Estados Unidos. Por uma distração os amigos se separam, mas seus caminhos sempre voltam a se encontrar, enquanto cada um busca realizar seu desejo.

Felície consegue uma vaga na Grand Opera, mas para se tornar uma grande bailarina terá de batalhar muito, enfrentar inimigos cruéis e fazer novas amizades. Já Victor consegue ser ajudante do construtor Gustave Eiffel e vai aproveitar para criar novas geringonças. Entre idas e vindas, o que não falta na vida destes dois é aventura e um pouquinho de romance à moda antiga, com jantar a luz de velas e o mocinho salvando a mocinha.

Muito bacana a animação, boa opção para levar as crianças - até mesmo os meninos pequenos vão curtir as aprontações e invenções de Victor. Vale a pipoca e o refrigerante para acompanhar.



Ficha técnica:
Direção: Eric Summer / Eric Warin
Produção: Quad Films / Caramel Films
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h30
Gêneros: Animação / Família / Aventura
Países: França / Canadá
Classificação: Livre
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags:#abailarina, #MiaMaia, , #aventura, #família, #animação, ParisFilmes, #CinemanoEscurinho

26 janeiro 2017

"Beleza Oculta" reúne elenco estrelado para manipular emoções, mas deixa pontas soltas

Produção tem a direção de David Frankel, o mesmo dos ótimos "O Diabo Veste Prada" e "Marley e Eu" (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Um filme feito para tocar o coração, para quem quer se emocionar. Mesmo que ao final, o espectador tenha a impressão de ter sido manipulado como o personagem. Assim é "Beleza Oculta", uma tradução ruim para o título original "Collateral Beauty" ("Beleza Colateral") que é explicado ao longo da película.

Apesar de ter sido bem cotado no início de 2016 como um dos fortes candidatos ao Oscar 2017, o filme não pegou qualquer indicação. Alguns vão dizer que é uma cópia de outros filmes de sucesso do passado pela temática - três personagens interpretam sentimentos e sensações - amor, tempo e morte - para tentar mudar a vida de um publicitário deprimido. Não importa. O filme é para provocar lágrimas e fazer as pessoas repensarem valores e as chances que a vida lhes oferece. O final é bem interessante e revelador, fechando o ciclo.


Will Smith se envolve em mais um drama, mas sua interpretação do empresário Howard, que cai em depressão após a perda da filha, fica muito aquém do papel que fez em "A Procura da Felicidade" (2006). Ele pode até ser o protagonista, mas é o restante do elenco formado por grandes estrelas que seguram o roteiro. Destaque para Edward Norton, Helen Mirren e Michael Peña. Kate Winslet tem uma atuação apagada, um desperdício desta excelente atriz.

Também estão no elenco Naomie Harris e Jacob Latimore. Keira Knightley é a mais fraca de todos e continua insistindo em fazer cara de choro franzindo o nariz. Mesmo assim, cada um faz a sua parte para tentar entregar um bom filme a partir de um roteiro cheiro de furos, dirigido por David Frankel, o mesmo dos ótimos "O Diabo Veste Prada" (2012) e "Marley e Eu" (2008).

"Beleza Oculta" conta a história do publicitário Howard Inlet (Smith) que após perder a filha entra em depressão e não tem mais interesse em nada. Sua vida se resume em montar freneticamente torres de dominós e andar de bicicleta. Até que resolve escrever cartas para a Morte, o Amor e o Tempo, o que deixa seus sócios Whit (Norton), Simon (Peña) e Claire (Winslet) preocupados com sua sanidade que coloca em risco a empresa.

Os três resolvem usar estas três partes do universo para fazer o amigo voltar à realidade ou deixá-la de vez. E contratam atores para interpretarem a Morte (Mirren), o Tempo (Latimore) e o Amor (Knightley) para confrontarem Howard, alertando para que dê mais valor à vida. Ao mesmo tempo, ele passa a frequentar um grupo de país que perderam seus filhos, coordenado por Madeleine (Harris), que também tenta ajudá-lo. Sem que percebam, as três figuras também terão papel importante nas vidas de seus contratantes.

A proposta é boa, o filme emociona, apesar de deixar algumas perguntas no ar como, por exemplo, por que algumas pessoas veem a Morte, o Tempo e o Amor e outras não? Mesmo assim, "Beleza Oculta" vale a pena ser visto.



Ficha técnica:
Direção: David Frankel
Produção: Warner Bros. Pictures / Village Roadshow Pictures / New Line Cinema / Anonymous Content / Overbrook Entertainment Production
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h37
Gênero: Drama
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #belezaoculta, #collateralbeauty, #WillSmith, #KateWinslet, #MichaelPena, #EdwardNorton, #KeiraKnightley, #JacobLatimore, #HelenMirren, #NaomieHarris, #DavidFrankel, #drama, #WarnerBrosPictures, #VillageRoadshowPictures, #NewLineCinema, #CinemanoEscurinho

22 janeiro 2017

"Manchester à Beira-mar" emociona e justifica as muitas apostas para o Oscar 2017

O filme acontece num inverno gélido e nebuloso numa cidade do litoral americano (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Talvez resida exatamente na discrição o grande trunfo de "Manchester à Beira-mar". Há quem não goste. Mas é preciso admitir que não seja por acaso que tanto o filme quanto seu protagonista, Casey Affleck, esteja na lista dos favoritos para o Oscar 2017. Affleck foi, inclusive, o vencedor do Globo de Ouro como Melhor Ator de Filme Dramático. Alguma coisa isso há de significar.

É certo que o filme, a certa altura, torna-se lento e, consequentemente, longo. Definitivamente, não se trata de uma trama de ação. E isso, às vezes, angustia o espectador. Mas parece ser esse mesmo o objetivo do diretor e roteirista Kenneth Lonergan. É devagar que o espectador vai descobrindo motivos e justificando comportamentos de personagens que, a princípio, parecem inexplicáveis.

"Manchester à Beira-mar" é todo feito em flashbacks, mas o presente acontece num inverno gélido e nebuloso numa cidade do litoral americano. E as imagens, de cores pálidas, ajudam a deixar o público em estado de agonia. Até os - poucos - momentos de riso são nervosos.

Nada é gratuito no filme. Casey Affleck é Lee Chandler, zelador num condomínio em Boston, que recebe a notícia da morte do irmão Joe (Kyle Chandler) e parte para Manchester para o funeral. Lá, descobre que se tornou tutor do sobrinho Patrick (Lucas Hedges) por ordem expressa deixada pelo morto. A relação que surge a partir daí, entre tio e sobrinho adolescente, enriquece o longa que, em nenhum momento, escorrega para a gritaria ou para o dramalhão. Há emoção, claro, mas com leveza, profundidade e delicadeza.

A interpretação do protagonista Casey Affleck é contida na medida certa, quase misteriosa. E isso ajuda a criar certa expectativa no público. Na verdade, todo o elenco atua de forma discreta e intimista, inclusive Michelle Williams, que aparece poucas vezes como Randi, a ex-mulher de Lee. "Manchester à Beira-mar" é sutil. Na verdade, um filme de poucas palavras.  Classificação: 14 anos



Tags: #manchesterabeiramar, #CaseyAffleck, #KyleChandler, #MichelleWilliams, #Lucas Hedges, #KennethLonergan, #Manchester, #Drama, SonyPictures, #CinemanoEscurinho

19 janeiro 2017

"Procurando Dory" leva prêmio de Filme Favorito do People Choise Awards 2017

Fãs do mundo inteiro escolheram os seus favoritos em filmes, séries e programas na  43º edição da premiação (Fotos Divulgação)


Maristela Bretas


Os fãs de 150 países assistiram na madrugada desta quinta-feira, em Los Angeles, a escolha de seus filmes, séries e artistas favoritos da 43ª edição do People's Choice Awards 2017. Os indicados foram anunciados na terça-feira (15) e foram poucas as surpresas na premiação. Sob o comando do ator e apresentador Joel McHale (da série "Community"), o evento foi transmitido ao vivo pelo canal a cabo Warner Channel. Robert Downey Jr., Jennifer Lopez e o grupo Fifth Harmony (agora com quatro integrantes, depois da saída de Camila Cabello) fizeram participações especiais e também foram premiados.

A apresentadora Ellen DeGeneres, maior ganhadora de prêmios People Choise Awards com 20 estatuetas, recebeu uma homenagem especial e conquistou o prêmio de apresentadora de TV favorita de Programa Diurno, entregue por Justin Timberlake. Agradeceu ao público pela premiação e afirmou que gostaria que também os animais poderiam votar.

Outro homenageado da noite foi o ator, diretor, produtor, roteirista e filantropo Tyler Perry por seu trabalho social pelo mundo, com refugiados, vítimas de desastres naturaise pessoas necessitadas. Ele recebeu o prêmio de Humanitário Favorito.

Confira os vencedores:

FILME FAVORITO
"Procurando Dory" 

ATOR FAVORITO DE CINEMA
Ryan Reynolds, por "Deadpool"

ATRIZ FAVORITA DE CINEMA
Jennifer Lawrence

FILME DE AÇÃO FAVORITO
"Deadpool"

ATOR FAVORITO EM FILME DE AÇÃO
Robert Downey Jr.

ATRIZ FAVORITA EM FILME DE AÇÃO
Margot Robbie, por "Esquadrão Suicida"

VOZ FAVORITA EM ANIMAÇÃO
Ellen De Generes, por "Procurando Dory"

FILME DE COMÉDIA FAVORITO
"Perfeita é a Mãe"

ATOR FAVORITO EM FILME DE COMÉDIA
Kevin Hart


ATRIZ FAVORITA EM FILME DE COMÉDIA
Melissa McCarthy, de "Caça-Fantasmas"

FILME DE DRAMA FAVORITO
"Como Eu Era Antes de Você"

ATOR FAVORITO EM FILME DE DRAMA
Tom Hanks, por "Sully, o Herói do Rio Hudson"

ATRIZ FAVORITA EM FILME DE DRAMA
Blake Lively, por "Águas Rasas"

FILME FAVORITO PARA A FAMÍLIA
"Procurando Dory"

FILME THRILLER FAVORITO
"A Garota no Trem"

ÍCONE FAVORITO DO CINEMA
Johnny Depp

PROGRAMA DE TV FAVORITO
"Outlander"

COMÉDIA FAVORITA DE TV
"The Big Bang Theory"

ATOR FAVORITO DE COMÉDIA DE TV
Jim Parsons, por "The Big Bang Theory"

ATRIZ FAVORITA DE COMÉDIA DE TV
Sofia Vergara, de "Mother Family"

DRAMA FAVORITO DE TV
"Grey’s Anatomy"

ATOR FAVORITO DE DRAMA DE TV
Justin Chambers

ATRIZ FAVORITA DE DRAMA DE TV
Priyanka Chopra, da série "Quantico"

COMÉDIA FAVORITA DE TV PAGA
"Baby Daddy"

DRAMA FAVORITO DE TV PAGA
"Bates Motel"

ATOR FAVORITO DE TV PAGA
Freddie Highmore

ATRIZ FAVORITA DE TV PAGA
Vera Farmiga

DRAMA POLICIAL DE TV FAVORITO
"Criminal Minds"

ATOR FAVORITO DE DRAMA POLICIAL DE TV
Mark Harmon, por "NCIS"

ATRIZ FAVORITA DE DRAMA POLICIAL DE TV
Jennifer Lopez

SÉRIE PREMIUM DE DRAMA FAVORITA
"Orange is the New Black"

SÉRIE PREMIUM DE COMÉDIA FAVORITA
"Fuller House"

ATOR FAVORITO DE SÉRIE PREMIUM
Dwayne Johnson

ATRIZ FAVORITA DE SÉRIE PREMIUM
Sarah Jessica Parker

PROGRAMA DE FICÇÃO CIENTÍFICA/FANTASIA FAVORITO DE TV
"Supernatural"

PROGRAMA FAVORITO DE FICCÇÃO CIENTÍFICA/FANTASIA DE TV PAGA
"The Walking Dead"


SÉRIE PREMIUM DE FICÇÃO CIENTÍFICA/FANTASIA FAVORITA
"Outlander"

ATOR FAVORITO DE FICÇÃO CIENTÍFICA/FANTASIA
Sam Heughan

ATRIZ FAVORITA DE FICÇÃO CIENTÍFICA/FANTASIA
Caitriona Balfe

REALITY FAVORITO
"The Voice"

APRESENTADOR FAVORITO DE PROGRAMA DE TV DIURNO
Ellen DeGeneres

EQUIPE FAVORITA DE APRESENTADORES DE PROGRAMA DE TV DIURNO
Good Morning America

APRESENTADOR FAVORITO DE TALK SHOW NOTURNO
Jimmy Fallon

ANIMAÇÃO FAVORITA DE TV
"The Simpsons"


ATOR FAVORITO DE SÉRIE NOVA
Matt LeBlanc

ATRIZ FAVORITA DE SÉRIE NOVA
Kristen Bell

NOVA COMÉDIA DE TV FAVORITA
"Man with a Plan"

NOVO DRAMA DE TV FAVORITO
"This Is Us"

ARTISTA MASCULINO FAVORITO
Justin Timberlake

ARTISTA FEMININA FAVORITA
Britney Spears

GRUPO FAVORITO
Fifth Harmony

ARTISTA REVELAÇÃO FAVORITO
Niall Horan


ARTISTA COUNTRY MASCULINO FAVORITO
Blake Shelton

ARTISTA COUNTRY FEMININA FAVORITA
Carrie Underwood

GRUPO COUNTRY FAVORITO
Little Big Town

ARTISTA POP FAVORITO
Britney Spears

ARTISTA HIP-HOP FAVORITO
G-Eazy

ARTISTA R&B FAVORITO
Rihanna

ÁLBUM FAVORITO
If I’m Honest / Blake Shelton

MÚSICA FAVORITA
Can’t Stop the Feeling” / Justin Timberlake

CELEBRIDADE FAVORITA DAS REDES SOCIAIS
Britney Spears

ESTRELA FAVORITA DAS REDES SOCIAIS
Cameron Dallas

ESTRELA FAVORITA DO YOUTUBE
Lilly Singh

COLABORAÇÃO HUMORÍSTICA FAVORITA
"Mall Mischief", com Ellen DeGeneres and Britney Spears


16 janeiro 2017

Escola em BH ensina para jovens os segredos do cinema e da animação

Escola Lanterna Mágica oferece cursos da sétima arte para público de 7 a 15 anos (Fotos: Ricardo Poeira/Divulgação)

Maristela Bretas


Quem disse que fazer cinema é coisa de adulto? Pois um grupo de profissionais da área está provando que é uma grande brincadeira de criança, que atrai também adolescentes. Despertados por esta curiosidade infantil de descobrir os segredos da Sétima Arte que eles resolveram se juntar,  usando a experiência em documentários e criar o mais novo espaço de cinema e animação de Belo Horizonte, voltado para um público bem exigente de 7 a 15 anos - a Lanterna Mágica – Escola Livre de Cinema e Animação.

A escola já está em funcionamento, instalada na Rua Conde de Santa Marinha, 440, no bairro Cachoeirinha, e oferece oficinas de cinema e de animação. São eles: Férias Divertidas: Cinema e Animação; Férias Divertidas: Oficina Modular; Guia do Cineasta Iniciante; e Meu Primeiro Curta-metragem. As inscrições podem ser feitas no site  http://www.escolalanternamagica.com.br/

Trabalhando a criatividade, a organização, a socialização e a autoestima, os cursos da Lanterna Mágica possibilitam aos seus alunos a realização de suas próprias produções cinematográficas. Todos os cursos são realizados nas instalações da Escola Lanterna Mágica, utilizando a estrutura de equipamentos da instituição e conta com professores experientes, que acompanham de perto os alunos, estimulando-os a descobrirem suas potencialidades artísticas, além de proporcionar o desenvolvimento das atividades em grupo.

Como surgiu a Lanterna Mágica

A escola teve seu início durante a montagem da série de Tv "Pintando a Sétima Arte", que utilizou crianças entre 9 e 12 anos. A elas, o mundo do cinema foi por meio de oficinas de documentário e animação.

Integram a escola Janaína de Andrade, coordenadora de produção; Danilo Vilaça e Filipe Chaves, instrutores de oficinas na área do cinema; Graziella Luciano, produtora executiva e Ricardo Poeira e Débora Mini, instrutores de oficinas na área da animação. 

A equipe tem experiência em diferentes projetos ligados ao audiovisual para crianças e adolescentes na capital mineira, como a série "Pintando a Sétima Arte", as "Oficinas Poeira de Animação", lideradas por Ricardo Poeira há mais de 10 anos, e o projeto "Horizonte Periféricos", que leva oficinas de produção de cinema para os centros culturais da cidade – coordenado por Graziella Luciano, Danilo Vilaça e Janaína de Andrade.

Os cursos

Férias Divertidas: Cinema e Animação
Idade indicada: 7 a 15 anos
Duração: 4 horas por dia
Horários: 8 às 12 horas ou 13 às 17 horas
Pré-requisitos: Nenhum
Material didático e lanche inclusos
Investimento: a partir de R$ 140,00
Sobre: O Curso de Férias de Cinema é feito para quem adora cinema. Em duas semanas, as crianças passam por todas as etapas de produção de um filme e ainda aprendem diversas técnicas de animação.

Férias Divertidas: Oficina Modular
Idade indicada: 7 a 15 anos
Duração: 3 horas por dia
Horários: 8 às 12 horas ou 13 às 17 horas
Pré-requisitos: Nenhum
Material didático e lanche inclusos
Investimento: a partir de R$ 140,00
Sobre: Uma viagem pela origem do cinema e da fotografia, como se tornar um Youtuber, Os segredos da Maquiagem, Efeitos e Caracterização no cinema

Animação
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15 janeiro 2017

"Dominação" é terror fraco que usa o exorcismo mental

No filme, cientista com dons especiais tenta tirar o espírito maligno do corpo de um garoto (Fotos: PlayArte Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Aaron Eckhart chutou o balde e apostou numa furada de terror - "Dominação" ("Incamate"), um dos piores papeis de sua carreira. Conhecido por trabalhos como "Batman, o cavaleiro das Trevas", "Invasão à Casa Branca", a sequência "Invasão a Londres" e o mais recente "Sully, o Herói do Hudson", o ator escolheu ser um cientista paranormal autodestrutivo, capaz de entrar no subconsciente de uma mente possuída para tirar o demônio dela. Acreditem, é isso mesmo.

E foi um fiasco. O elenco é desconhecido, a história é fraca, assim como a direção. Salvam os efeitos visuais e o final pouco previsível, que também não são capazes de provocar pulos na cadeira do cinema. O personagem de Eckhart, Dr. Seth Ember, é um homem amargo com um objetivo: achar Maggie, uma entidade maligna que o assombra desde a infância e foi o responsável por uma tragédia em sua vida. 

Até chegar a um garoto de 9 anos, Cameron (David Mazouz), que estaria possuído por este espírito ruim. O cientista conta com dois ajudantes que cuidam dos equipamentos que vão colocá-lo em sono profundo para que possa entrar nos sonhos das vítimas.

"Dominação" é um exorcismo fora do convencional, tira esta função dos padres mas não exclui a religião católica e seus símbolos, como o crucifixo. Por esse motivo poderia ser melhor explorado, mas o diretor Brad Peyton não conseguiu encontrar o caminho do sucesso. O enredo não se sustenta, o demônio vilão não convence o filme acaba seguindo os mesmos clichês de outras produções do gênero, infelizmente para pior. Dispensável na lista de quem espera alguns sustos.



Ficha técnica:
Direção: Brad Peyton
Produção: Blumhouse Productions
Distribuição: PlayArte Pictures
Duração: 1h31
Gêneros: Terror / Suspense
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 2 (0 a 5)

Tags: #dominacao, #terror, #suspense, #AaronEckhart, #BradPeyton, #PlayArtePictures, #CinemanoEscurinho