25 março 2017

"Fragmentado" e as múltiplas facetas de James McAvoy

Filme é o retorno do diretor M. Night Shyamalan ao bom suspense (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


James McAvoy está excelente interpretando 23 personagens diferentes, cada um com sua insanidade, no novo filme do diretor M. Night Shyamalan, "Fragmentado" ("Split"). Dessas, apenas dez (Dennis, Patrícia, Hedwig, A Besta, Kevin, Wendell, Crumb, Barry, Orwell e Jade) são apresentadas ao espectador e as demais citadas durante as sessões de análise de Kevin, o dono do corpo.

McAvoy (de "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido" - 2014 e "X-Men Apocalipse" - 2016) praticamente incorpora cada personalidade do paciente, ajudando a construir o clima certo de suspense exigido pela história. Aliado a isso está o bom roteiro e a direção de Shyamalan, que conhece bem e sabe explorar o gênero, levando o espectador a viver fortes momentos de tensão.


Tudo isso para contar a história de Kevin, um jovem que consegue alternar quimicamente em seu organismo suas 23 personalidades distintas, usando apenas a força do pensamento. Um dia, ele sequestra três adolescentes que encontra em um estacionamento - Casey (Anya Taylor-Joy, de "A Bruxa"), Claire (Haley Lu Richardson, de "Quase 18") e Marcia (Jessica Sula, da série de TV "Recovery Road"). que encontra em um estacionamento.

Colocadas em um cativeiro, elas passam a conhecer as diferentes facetas de Kevin e são constantemente ameaçadas por todas de que seu tempo de vida será breve quando algo mais perigoso e cruel chegar para buscá-las. As jovens vão precisar traçar um plano para escapar do local. Somente uma pessoa poderá ajudá-las: a psiquiatra de Kevin, Dra. Karen Fletcher (Betty Buckley, de "Fim dos Tempos") que começa a notar que algo estranho está tomando conta da mente e do corpo de seu paciente.


"Fragmentado" explora não só os traumas sofridos por Kevin quando criança, de uma mãe abusiva, mas também os de uma das garotas raptadas, que aprendeu a viver com os abusos domésticos para conseguir sobreviver. Mas sem dúvida, se o filme atinge o suspense desejado, isso se deve à múltipla interpretação de James McAvoy. A produção, no entanto, apresenta alguns furos e situações fantasiosas demais, como o surgimento da 24ª personalidade. E ainda acrescenta o personagem David Dunn, vivido por Bruce Willis em "Corpo Fechado" (2000), para dar a sequência na trilogia planejada por Shyamalan. Ou seja, podemos esperar o terceiro filme do diretor.



Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: M. Night Shyamalan
Produção: Blumhouse Productions / Blinding Edge Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h57
Gêneros: Suspense / Terror / Fantasia
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #fragmentado, #split, #JamesMcAvoy, #MNightShyamalan, #AnyaTaylorJoy, #HaleyLuRichardson, #BettyBuckley, #JessicaSula, #drama, #fantasia, #suspense, #BlumhouseProductions, #UniversalPictures, #CinemanoEscurinho

22 março 2017

"T2 Trainspotting" e as memórias de uma turma da pesada 20 anos depois

Os quatro ex-amigos voltam a se encontrar e vão ter de acertar as diferenças do passado (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Ewan McGregor, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller, Robert Carlyle estão de volta, com os mesmos vícios, traumas e violência de "Trainspotting - Sem Limites" (1996). Vinte anos depois, "T2 Trainspotting" reúne o mesmo elenco interpretando a turma, que agora não é tão amiga quanto antes, que vai se reencontrar após a chegada pouco desejada de Mark "Rent-Boy" Renton (Ewan McGregor) à cidade de Edimburgo, onde ainda mora o restante do grupo.

Cada um tomou um rumo diferente na vida, sem no entanto abandonar velhos hábitos. E agora terão de certar suas diferenças Renton, depois de fugir com o dinheiro dos golpes da turma e se tornar o inimigo número 1, virou contador e casou. Retorna à cidade por causa da morte da mãe. Francis "Franco" Begbie (Robert Carlyle), está mais violento e descontrolado, cumpre pena na penitenciária e jura se vingar de Renton.


Simon "Sick-boy" Williamson (Jonny Lee Miller) só conseguiu ser um golpista que vive de extorsão com a ajuda da namorada búlgara Veronika (Anjela Nedyalkova). Apesar de ser o mais viciado de todos, Daniel "Spud" Murphy (Ewen Bremmer) é o mais sensato e de bom coração, que consegue entender a personalidade de cada um dos amigos.

O filme é uma mistura de ação, comédia, drama e muitas memórias. De um tempo em que os quatro personagens estavam sempre juntos - crianças e adolescentes - participando de festinhas de família, aprontando na cidade e aplicando golpes. "T2 Trainspotting" explora bem os flashbacks e é essa fusão de passado e presente é que o torna mais interessante. Confuso às vezes, por causa dos devaneios de alguns provocados pela heroína correndo nas veias e na cabeça.


O diretor Danny Boyle soube conduzir muito bem essa passagem de tempo, usando os atores originais que também envelheceram como seus personagens. Até mesmo Kelly Macdonald  foi lembrada com uma pequena participação como Diane.

A trilha sonora e a iluminação se destacam ao completarem o ritmo frenético das brigas, perseguições e alucinações. Como na cena na boate, onde os presentes cantam "Radio Gaga", do Queen. "T2 Trainspotting" é uma boa produção, saudosista na maior parte do tempo, com direito a disco de vinil. Uma ótima oportunidade para relembrar seu antecessor. Para quem não viu, sugiro que assista antes para entender melhor a sequência.



Ficha técnica:
Direção e produção: Danny Boyle
Produção: DNA Films / TriStar Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h57
Gêneros: Drama / Comédia 
País: Reino Unido
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #t2trainspotting, #trainspotting, #EwanMcGregor, #EwenBremner, #JonnyLeeMiller, #RobertCarlyle, #DannyBoyle, #drama, #comédia, #TriStarPictures, #DNAFilms, #SonyPictures, #CinemanoEscurinho

20 março 2017

"Lion - Uma Jornada para Casa" é um filme para não esquecer

Emocionante filme dirigido por Garth Davis tem em seu elenco principal Dev Patel. Rooney Mara e Nicole Kidman (Fotos: Diamond Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Houve quem dissesse que o filme foi feito com o claro objetivo de levar o espectador às lágrimas. Se foi mesmo essa a intenção, pode-se dizer que Garth Davis, diretor de "Lion - Uma Jornada para Casa" acertou em cheio. É praticamente impossível não chorar diante da bem contada história de Saroo, o menino indiano que, aos cinco anos, se perde do irmão mais velho numa estação de trem e, por uma série de erros, acaba indo sozinho para Calcutá, a 1.600 quilômetros de casa. Com um detalhe: sem conhecer o dialeto que se fala nessa grande cidade.

Claro que a interpretação de Sunny Pawar, que faz o pequeno Saroo, ajuda. Com os olhinhos sempre tristes e carinha de abandonado carente, o menino cativa desde o início da história. Uma história, aliás, muito bem contada. Tanto que um dos seis Oscar a que o filme concorreu foi o de Melhor Roteiro Adaptado, baseado na autobiografia de Luke Davies - "A Long Way Home". Em 1986, um garoto de cinco anos ficou realmente perdido da família na Índia, foi entregue a um orfanato em Calcutá e em seguida adotado por um casal de australianos. Aos 25 anos, maduro e bem-sucedido, o jovem retorna a sua terra para tentar encontrar sua mãe biológica.  

Um dos pontos altos de "Lion..." é a presença de Nicole Kidman como Sue, a mãe adotiva de Saroo. Como excelente atriz que é, ela imprime credibilidade ao discurso em favor da adoção e deixa no ar um sentimento de amor puro. O marido dela, John, vivido por David Wenham também tem atuação correta, embora mais discreta. Completa o time o ator Dev Patel, que faz Saroo adulto e consegue passar ao público a imagem de um jovem atormentado e perdido em busca de suas raízes.

"Lion - uma jornada para casa" concorreu também a Melhor Filme, Ator Coadjuvante (Dev Patel), Atriz Coadjuvante (Nicole Kidman), Fotografia e Trilha Sonora. Direção e elenco estão de parabéns, a comoção nada tem de rasa. As mensagens trazidas por "Lion.." são profundas e acompanham o espectador quando ele sai do cinema. Afinal, o tema crianças abandonadas sempre será um assunto muito sério. O filme está em cartaz no Net Cineart Ponteio, às 18h40. Classificação: 12 anos



Tags: #lionumajornadapara casa, #lion, #DevPatel, #NicoleKidman, #RooneyMara, #DavidWenham, #SunnyPawar, #GarthDavis. #drama, #biografia, #aventura, #DiamondFilms, CinemanoEscurinho

13 março 2017

Nova versão de King Kong explora bem os efeitos visuais e é diversão garantida

O gigantesco gorila é o rei e protetor da misteriosa ilha e não vai aceitar que ela seja invadida por desconhecidos (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)


Maristela Bretas


Se você achava que já tinha visto todas as versões do gorila gigante que se apaixona pela bela mocinha, então precisa assistir "Kong: A Ilha da Caveira" ("Kong: Skull Island"). Com efeitos visuais grandiosos e uma ótima trilha sonora, do tipo aplicado em blockbusters como "Transformers", "Jurassic World" e o próprio "King Kong", de 2005, a nova produção chega como uma ótima distração e um elenco de estrelas formado por Tom Hiddleston (o Loki , "Thor"), Samuel L. Jackson ("O Lar das Crianças Peculiares"), Brie Larson ("O Quarto de Jack"), John C. Reilly ("Guardiões da Galáxia") e John Goodman ("Rua Cloverfield, 10"). 


Como era de se esperar, o destaque fica para Kong, o rei da Ilha da Caveira. Apesar de ser dos mesmos produtores, o novo trabalho é infinitamente melhor que "Godzilla". Assustador com seus mais de dez metros de altura e olhar feroz, o enorme gorila é um inimigo mortal para quem tenta invadir sua ilha, mas é tratado quase que como uma divindade pelos habitantes, que veem nele um protetor contra os verdadeiros inimigos.


Invencível, forte e poderoso, somente uma bela jovem poderia conseguir deixar o enorme primata de quatro. Uma relação do tipo "a bela e a fera", como já foi mostrada nas outras seis versões de King Kong ao longo dos anos. Do medo e desconfiança, nasce a paixão pela fotógrafa Mason Weaver (papel de Brie Larson), ao mesmo tempo em que ela se torna uma aliada do gigante e só pensa em protegê-lo. Chega a ser bonita a relação dos dois, mas não é tão fofa quanto a de Naomi Watts e King Kong na versão de 2005, que teve direito até a pôr do sol na floresta e em cima do Empire States Building.


Se no filme anterior a disputa aconteceu no centro de Nova York, em "Kong" tudo acontece na Ilha da Caveira, habitat da fera e de outros gigantescos monstros que há habitam. Por falar em outros monstros. "Kong" deixa postas de uma possível continuação, com direito a uma possível invasão das cidades por criaturas pré-históricas, como em "Planeta dos Macacos".


Outro ponto que chama a atenção é a relação de ódio e disputa de poder entre o gorila e o coronel Preston Packard (papel muito bem interpretado por Samuel L. Jackson). O militar, que não consegue viver fora do campo de batalha, fica satisfeito quando é convocado para levar um grupo de pesquisadores a uma misteriosa ilha no Pacífico, perto do Vietnã, onde antes estava combatendo. Lá ele irá enfrentar Kong, seu pior inimigo. E as batalhas em terra e no ar, já valem o filme.


Tom Hiddleston está bem no papel do não tão mocinho James Conrad, mas agrada mais quando interpreta o sarcástico Loki. John C. Reilly também papel importante na história (não vou contar para não dar spoiler), assim como Corey Hawkins, que interpreta o biólogo Houston Brooks.



Tudo se passa nos anos 70, pouco depois da Guerra do Vietnã. Um grupo de cientistas de um projeto da Empresa Monarch viaja à misteriosa Ilha da caveira para investigar a existência de monstros gigantes na superfície e nas profundezas. Liderados pelo cientista Bill Randa (John Goodman) e escoltados pelo batalhão do Cel. Packard, o grupo conta ainda com o rastreador mercenário James Conrad, a fotógrafa Mason Weaver e vários pesquisadores integrantes da empresa. O que eles não esperavam era encontrar um gigantesco gorila que não quer saber de estranhos em sua ilha. Mas ele será o menor dos problemas dos aventureiros.


"Kong: A Ilha da Caveira" é muito bem feito, com o elenco desempenhando bem seus papéis e efeitos visuais que já valem o ingresso. Uma opção de diversão na sessão da tarde e uma das apostas do gênero para começar o ano com muita ação.

Fica a dica: Não saia do cinema antes dos créditos finais.


Ficha técnica:
Direção: Jordan Vogt-Roberts
Produção: Warner Bros. Pictures  / Legendary Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h59
Gêneros: Aventura / Ação / Fantasia
Países: EUA / Vietnã
Classificação: 12 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #kongailhadacaveira, #Kong, #KingKong, #ailhadacaveira, #SamuelLJackson, #TomHiddleston, #BrieLarson, #JohnGoodman, #JohnCReilly, #CoreyHawkins, #gorilagigante, ##JordanVogtRoberts, #aventura, #acao, #fantasia, #WarnerBrosPictures, #LegendaryPictures, #CinemanoEscurinho

09 março 2017

"Moonlight", um filme de olhares, silêncio e poesia

Produção dirigida por Barry Jenkins conquistou três Oscars neste ano: Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro Adaptado (Fotos: Diamond Filmes/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


O vencedor do Oscar 2016, "Moonlight - Sob a Luz do Luar", é o tipo do filme inesquecível. Não é todo dia que alguém consegue contar uma história tão triste quanto trágica - de um negro gay e desgraçadamente pobre - de uma forma tão delicada.  Pois o diretor Barry Jenkins conseguiu. O longa, pode-se dizer, é elegante. E dificilmente vai sair da cabeça - e do coração - de quem o assistiu.

Para início de conversa, "Moonlight" é narrado em três atos. O personagem principal, portanto, é vivido por três atores, todos brilhantes. Ressalte-se a expressão do menino Alex Hibbert, que faz uma criança praticamente sem nome que mora na periferia de Miami. Não por acaso, todos o chamam de "Little". 

E são exatamente o olhar dele e o silêncio constrangedor com os quais ele se relaciona com o mundo que fisgam - e incomodam - o espectador logo nas primeiras cenas. É como se aquele bichinho assustado nos puxasse para dentro de nós mesmos, nos convidando, também, à reflexão e ao silêncio.

Como se não bastasse ser filho de uma mulher drogada (Naomie Harris, indicada ao Oscar de Melhor Atriz), que se prostitui para sustentar o vício, Little se percebe diferente em relação à própria sexualidade. Perseguido e vítima de bullying na escola, encontra alguma proteção na amizade com Juan, o traficante da região interpretado magistralmente por Mahershala Ali, Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Sem nenhum traço de estereótipos, a atuação de Ali comove e arrebata. Pena que fique tão pouco na tela. Só no primeiro ato.

Na adolescência, quando decide se impor perante os amigos e à vida, o personagem, já mais calejado, é vivido por Ashton Sanders, também em ótimo momento. Já não se chama mais Little e sim Chiron, seu nome de batismo. Mas o olhar triste e assustado permanece. Na vida adulta, Chiron é Black (Trevante Rhodes), agora aparentemente dono de si, mesmo sem saber direito quem é, buscando em alguns símbolos de poder - como o carro, o corpo malhado e o aparelho nos dentes - a própria identidade.

Já se disse que "Moonlight..." fala de escolhas. Pode ser. Mas seria melhor dizer que o filme fala sobre como a vida pode nos empurrar para algum caminho, como o ambiente é fundamental para definir a personalidade, o caráter. Ou ainda: como a figura paterna pode ser crucial na formação de um indivíduo. Talvez resida aí a sutileza do longa, que foge a todas as fórmulas. É poético e tem delicadeza. Pena que tenha sido traduzido como "Sob a Luz do Luar". O nome do livro que deu origem ao filme é "Sob a luz da Lua, garotos negros parecem azuis". Mais poético ainda.



Tags: #moonlightsobaluzdoluar, #moonlight, #AlexHibbert, #MahershalaAli, #AshtonSanders, #NaomieHarris,  #TrevanteRhodes, #BarryJenkins, #poetico, #drama, #bullying,  #Oscar2017, #DiamondFilms, #CinemanoEscurinho

"Insubstituível" é suave como um vinho e encanta pela fotografia e atuações



Diretor e roteirista, Thomas Lilti também é médico e aproveitou sua experiência para fazer um filme próximo à realidade do tratamento no campo (Fotos: Jair Sfez/Divulgação)


Maristela Bretas


Um filme francês, tendo como ator principal François Cluzet (conhecido por seu trabalho em "Intocáveis", de 2011) e uma linha de roteiro sem oscilações, quase retilínea. Um pouco longo talvez, mas nada que comprometa a bela e simples história de "Insubstituível" ("Médecin de Campagne"), que estreia nesta quinta-feira nos cinemas de BH. O blog Cinema no Escurinho, a Revista PQN e outros jornalistas assistiram a uma sessão especial a convite da Rede Cineart.

Cluzet divide a comédia dramática com Marianne Denicourt, ambos nos papéis de médicos disputando os pacientes no interior da França. A história é até comum, mas os dois atores franceses conseguem dar o brilho necessário para tirar o roteiro da lentidão inicial. A relação de trabalho e a aproximação dos personagens principais passa do ciúme à admiração e vai um pouco além.

"Insubstituível" tem uma belíssima fotografia. A região da França foi muito bem escolhida pelo diretor, que passeia com sua lente por campos e estradas pela manhã e ao entardecer, proporcionando belas imagens ao espectador. Esta talvez seja a parte mais atraente do filme, além da atuação da dupla. principal e do elenco que ajudou a compor a simplicidade típica da população do campo.

Numa região rural, o médico Jean-Pierre Werner (François Cluzet) é o único a tratar de todos os moradores dando, além de remédios, atenção e conselhos como melhor receita. Ele atravessa diariamente vilarejos e fazendas para o atendimento em domicílio, além de receber pacientes em seu consultório na cidade.

Por recomendações médicas, Jean-Pierre precisa diminuir o ritmo de trabalho, mas ele se recusa a abandonar seus pacientes. Até que chega à cidade a médica recém-formada Natalie Delezia (Marianne Denicourt). Além de ter de enfrentar o ciúme do velho médico, ela ainda terá de ganhar a confiança dos pacientes que não aceitam substituir Jean-Pierre por uma estranha e, principalmente, mulher.

Jean-Pierre e Natalie formam um casal agradável, simpático, que conquista o público. Considerado um dos maiores nomes do cinema francês da atualidade, François Cluzet por sua atuação em "Insubstituível" foi indicado ao prêmio César de Melhor Ator de 2016. O filme também recebeu indicação no Festival de Cinema de Edinburg de 2016. Marianne Denicourt tem o olhar forte de sedução que é bem explorado pela personagem na relação com o médico.

Uma curiosidade sobre o filme: além de diretor e roteirista, Thomas Lilti também é médico e aproveitou sua experiência ao criar situações, às vezes dramáticas, às vezes cômicas de atendimento clínico no campo como as apresentadas no filme. Mais um ponto que justifica a ida ao cinema.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Thomas Lilti
Produção: Juin Films
Distribuição: Cineart Filmes
Duração: 1h42
Gênero: Comédia dramática
País: França
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #insubstituivel, #medecindecampagne, #FrançoisCluzet, #MarianneDenicourt, #comédia, #drama, #França, #medicina, #medicodecampo, #ThomasLilti, #CineartFilms, #CinemanoEscurinho

05 março 2017

"Um Limite Entre Nós" é dramático e impiedoso na forma de amar

Denzel Washington e Viola Davis estão perfeitos na interpretação do casal principal (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)


Maristela Bretas


Viola Davis e Denzel Washington estão impecáveis em seus papéis na adaptação "Um Limite Entre Nós" ("Fences"). Ambos mereciam o Oscar de Melhores Atores. Mas somente ela faturou, mesmo assim como Coadjuvante. A história, interpretada com sucesso pelo casal e o mesmo elenco no teatro, manteve a mesma carga dramática no cinema. Mas trouxe um problema que já aconteceu com outras adaptações teatrais: a narrativa arrastada e diálogos longos, como o do início com Denzel. Ele fala como uma metralhadora, sem interrupção, chega a deixar a produção chata e sonolenta.

Mas à medida que o enredo vai se desenrolando, Troy Maxson (personagem de Denzel Washington) vai se revelando e as falas, anteriormente muito longas ganham ritmo e agilidade, mantendo a carga de frustração e desrespeito pelo casamento e pelas pessoas que estão ao seu redor. E o que ele recebe de volta é raiva e mágoa, como a do filho mais novo, que ele não consegue dominar mais. Denzel também diretor do filme exagerou um pouco no início e na duração da história para o cinema, que poderia ter sido contada em menos tempo.

O cenário de "Um Limite Entre Nós" também não sofre muitas variações, com quase tudo acontecendo dentro e, principalmente no jardim da casa de Troy e Rose (Viola Davis). Isso aproxima o público das relações vividas naquele espaço: amizade entre amigos, um casamento onde uma das partes se anula, frustrações, machismo, egoísmo, desprezo, o convívio de pai e filhos, sentimento de inferioridade por causa da cor da pele e vai por aí afora.

Na década de 1950, em Pittsburgh (EUA), Troy Maxson é um homem de 53 anos que na infância sonhava em se tornar um grande jogador de beisebol, mas que ele acredita nunca ter conseguido por ser negro. Frustrado, vive na periferia com a esposa, Rose e o filho mais novo, Cory (Jovan Adepo) e trabalha recolhendo lixo das ruas. Batalha para conseguir ocupar o posto de motorista do caminhão de lixo, mas se acha preterido ao cargo que só era passado a brancos.

Sua frustração e egoísmo o levam a impedir que Cory se torne um jogador de futebol americano e entre para uma universidade, o que acaba provocando uma disputa entre os dois, só separada quando a mãe intervém. Também não há carinho na relação dele com Lyons (Russell Hornsby), o filho mais velho do primeiro casamento, que só procura o pai por dinheiro. Sem contar o irmão Gabe (Mykelti Williamson, que está excelente no papel), um ex-combatente da Segunda Guerra que sofre de problemas mentais e constantemente se mete em problemas com a polícia.

Para equilibrar todo esse clima tenso está Rose, a esposa que se anula quase que por completo ao aceitar o jeito ignorante, prepotente e arrogante do marido. A atitude dela pode despertar a ira de algumas mulheres que forem ao cinema e que talvez não entendam como ela pode conviver com o que Troy lhe impõe e ao filho. Viola Davis dá um show de interpretação como a esposa submissa, mas de uma força incrível. E que ainda consegue amar o marido, apesar de tudo o que ele faz. Um Oscar mais que merecido.


Denzel não concorreu ao Oscar de Melhor Ator à toa. E era um dos merecia ter ganhado. Ele está brilhante como diretor e no papel principal, fazendo Troy ser odiado por cada atitude desprezível que toma. O personagem tem sua maneira de amar e de querer ser amado, insiste que negros não têm vez e que o filho não terá chance de crescer num time de brancos, cria sua própria ética de vida e não admite ser questionado. Mas é leal ao velho amigo Jim Bono (Stephen Anderson), o único a quem escuta às vezes.

O título do filme em português - "Um Limite Entre Nós" - não esclarece (como acontece muitas vezes) a ligação com a história. O original em inglês é "Fences" (cercas). Troy passa seus finais de semana construindo uma cerca para sua casa. Mas seu comportamento, sem que admita, vai levantando também cercas que o afastam das pessoas, mas as mantém dentro de seu controle. Um ótimo filme sobre relações, com um enredo simples que poderia ser mais curto. Mas o trabalho do elenco e a direção compensam. Mas vale conferir.


Ficha técnica:
Direção e produção: Denzel Washington
Produção: Bron Studios / Scott Rudin Productions / Paramount Pictures
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 2h19
Gênero: Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #umlimiteentrenos, #fences, #cercas, #Denzel Washington, #Viola Davis, #MykeltiWilliamson, #JovanAdepo, #RussellHornsby, #StephenHenderson, #drama, #ParamountPictures, #CinemanoEscurinho

03 março 2017

"Monster Trucks" é aventura para uma sessão da tarde com a família

Um filme em que o destaque é a amizade, não importando de onde venha (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Pegue um jovem rebelde bonitinho do interior dos EUA, junte uma colega de escola apaixonada por ele e não correspondida, um ser pré-histórico vindo das profundezas de um lago e um empresário inescrupuloso. Está montada a história de "Monster Trucks", um filme de aventura que vale como uma distração numa sessão da tarde, sem muitas pretensões.


Tripp (Lucas Till) é o nosso jovem que vive com a mãe e o padrasto delegado da cidade e passa o tempo tentando arranjar um jeito de sair da cidade e de sua vidinha provinciana. No tempo livre junta peças de carros abandonados no ferro velho onde trabalha para montar uma caminhonete gigante, no estilo monster truck. O que ele não esperava era que seu carro fosse ganhar um hóspede bem estranho e simpático que fugiu das profundezas de um lago após uma exploração de petróleo mal sucedida.



Creech (como foi batizado os monstro) e Tripp vão ser tornar grandes amigos e ainda terão a ajuda de Meredith (Jane Levy), a colega apaixonada e defensora da natureza, o chefe de Tripp, Sr. Weathers (Danny Glover) e de Sam Tucker Albrizzi, o amigo nerd. Eles precisam salvar a família de Cheech do empresário Reece Tenneson (Rob Lowe, que tem feito cada papel mais medíocre que o outro) e do capanga dele, Burke (Holt Mc Callany).



Filme de orçamento baixo (US$ 125 milhões), mas que oferece boas perseguições com as caminhonetes iradas e os truques de efeitos visuais bem empregados quando Cheech entra em ação. Mais do que o mocinho, ele é a estrela do filme, com seu jeito brincalhão e uma gargalhada sinistra, sempre tirando sarro com a cara de Tripp. E o monstro ainda tem uma fraqueza: se alimenta de óleo puro (petróleo), mas é capaz de ficar doidão se tomar diesel e cometer mil loucuras que vão colocar seu amigo em várias enrascadas.


"Monster Trucks" vale a pena levar as crianças, que vão se divertir com as aprontações dos heróis e final feliz, com mensagem de que o que importa é a amizade. Os adultos, estes só vão mesmo para acompanhá-las.



Ficha técnica:
Direção: Chris Wedge
Produção: Paramount Pictures
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 1h45
Gêneros: Aventura / Fantasia / Família
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 2,5 (0 a 5)

Tags: #monstertrucks, #monstro, #Creech, #LucasTill, #JaneLevy, #DannyGrover, #RobLowe, #aventura, #fantasia, #família, #ParamountPictures, #CinemanoEscurinho

01 março 2017

"Logan" leva aos cinemas o Wolverine que todo mundo sempre quis ver

Assumindo o lado violento e atormentado do herói mutante, Hugh Jackman interpreta o Wolverine pela última vez (Fotos: 20th Century Fox /Divulgação)

Jean Piter Miranda


O ano é 2029. Logan (Hugh Jackman) está velho e doente. E muito debilitado, física e psicologicamente. Leva a vida como motorista de limusine. E o que ganha é para cuidar de seu amigo, o professor Charles Xavier (Patrick Stewart). Essa vida pacata é interrompida quando Gabriela (Elizabeth Rodriguez), uma mulher mexicana, o procura para pedir ajuda. Ela está com a menina Laura Kinney / X-23 (Dafne Keen) e quer fugir pra longe. O problema é que o mercenário Donald Pierce (Boyd Holbrook) e seu exército estão atrás da garota.

Essa é a última vez que Hugh Jackman interpreta o Wolverine, como já anunciou. Foram nove filmes em 17 anos. Uma hora tinha que ter um fim. A idade chega e as tramas se esgotam. E nada melhor que fechar com uma produção que supera as expectativas, que prende o expectador. O diretor James Mangold dá vida ao Logan que todos sempre quiseram ver, feroz e sanguinário. Mas de uma forma que ninguém imaginava, fraco e envelhecido.

Logan não conta mais com o poderoso e instantâneo fator de cura. Manca de uma perna, tem dores e infecções pelo corpo. Cicatrizes e feridas mal curadas. Há também um peso na consciência sobre as pessoas amadas que perdeu e como cada uma delas se foi. É antes de tudo uma luta contra si mesmo. Ele tem a ajuda do mutante Caliban, um dos poucos ainda vivos. Os dois cuidam do professor Xavier, também muito velho e doente. São só eles. Só têm uns aos outros, e poucas esperanças de uma vida melhor. Esse drama, pesado e sombrio, é o motor do filme.

GALERIA DE FOTOS


O roteiro daí em diante é conhecido. O herói não quer ajudar, mas se envolve e acaba sendo obrigado. Então foge com a menina e com Xavier. E são perseguidos por um inimigo mais forte, em maior número e com mais recursos. As colisões dão o clima alto ao filme. As cenas de ação são mais realistas que a das outras produções. As garras de Wolverine cortam braços, pernas e atravessa o crânio de vários inimigos. Há muito sangue nas cenas. E isso é muito bom!

Um homem que sempre andou sozinho, que nunca teve família ou amigos. Não da forma convencional. Que nunca demonstrou carinho, amor ou preocupação. Não de um jeito claro. Ser bruto, feroz, ranzinza e ao mesmo tempo tão querido. Um mutante, um grande herói, um anti-herói. Ele é Wolverine. Que vai deixar saudades. Ante de partir, ele deixa um grande presente, a menina prodígio Dafne Keen, e boas expectativas.



Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção executiva: James Mangold
Produção: 20th Century Fox
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h17
Gêneros: Ação / Ficção / Aventura
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 5 (0 a 5)

Tags: #logan, #Wolverine, #X23, #CharlesXavier, #HughJackman, #DafneKeen, #PatrickStewart, #JamesMangold, #Boyd Holbrook, #acao, #aventura, superheroi, #mutante, #X-Men, #Marvel, #FoxFilmdoBrasil, #CinemanoEscurinho