08 janeiro 2018

“Três Anúncios Para Um Crime” e a série "Big Little Lies" foram os grandes vencedores do 75º Globo de Ouro

Maristela Bretas


Com apresentação de Seth Meyers, elogiando a liberação da maconha, criticando o assédio sexual e ironizando o presidente Donald Trump, a noite da 75ª edição do Globo de Ouro, em Los Angeles, teve como destaque no cinema o filme “Três Anúncios Para Um Crime”, que conquistou os prêmios de Melhor Filme Drama, Melhor Atriz em Drama, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro. Na televisão, "Big Little Lies" foi a vencedora, levando os prêmios de Melhor Minissérie ou Filme para TV, Melhor Atriz, Melhores Ator e Atriz coadjuvantes. 

O filme “A Forma da Água”, de Guillermo Del Toro, que liderava com sete indicações, levou apenas dois prêmios, o de Melhor Diretor e o de Melhor Trilha Sonora. Empatou com a produção “Lady Bird: É Hora de Voar”, que ganhou com Melhor Filme Comédia ou Musical e Melhor Atriz de Comédia ou Musical. 

“A Forma da Água”, de Guillermo Del Toro
Concedida pela Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood (HFPA, em inglês), a premiação escolheu os melhores profissionais de cinema e televisão, filmes e programas televisivos de 2017. Neste ano, o evento foi marcado por protestos contra o assédio sexual e o preconceito racial no mundo. Diversos atores, atrizes, escritoras, diretoras e produtoras desfilaram em trajes na cor preta com o broche em apoio ao movimento "Time´s Up" contra o assédio sexual. 

Big Little Lies
Gal Gadot e Dwayne Johnson apresentaram o primeiro prêmio da noite, o de Melhor Atriz em Minissérie ou Filme para TV entregue a Nicole Kidman, pela série “Big Little Lies”, que trata de uma mulher que era abusada pelo marido. Ela disputou o mesmo prêmio com Reese Witherspoon, a quem agradeceu no discurso, assim como outras mulheres importantes na sua vida.

Viola Davis e Helen Mirren, ambas indicadas ao Globo de Ouro deste ano, anunciaram Sam Rockwell, de “Três Anúncios Para Um Crime”, como Melhor Ator Coadjuvante em Cinema. Jennifer Aniston e a grande comediante Carol Burnett entregaram o prêmio de Melhor Atriz de Série de Comédia ou Musical a Rachel Brosnahan, de “The Marvelous Mrs. Maisel”. Elas também anunciaram Elizabeth Moss, de “The Handmaid’s Tale” como Melhor Atriz de Série de Drama.

O Rei do Show
O prêmio de Melhor Ator de Série de Drama ficou para Sterling K. Brown, de “This Is Us”, que agradeceu aos filhos e ao elenco. Na sequência foi anunciada a Melhor Série de Drama - “The Handmaid’s Tale”. Vários participantes da produção subiram ao palco para receber a estatueta.

Alexander Skarsgärd foi escolhido Melhor Ator Coadjuvante de TV por “Big Little Lies”. Ele agradeceu ao elenco e, em especial, a Nicole Kidman, com quem contracena na série. Mariah Carey anunciou Alexander Desplat, pela Melhor Trilha Sonora de Filme, por “A Forma da Água”. Em seguida, o prêmio de Melhor Canção Original foi para “This is Me”, de “O Rei do Show”.

Viva - A Vida é uma Festa
Emma Stone e Shirley McLaine apresentaram o Melhor Ator de Filme de Comédia ou Musical. A estatueta foi para James Franco, que dirigiu, produziu e estrelou “Artista do Desastre”. Para Melhor Atriz Coadjuvante de TV, Laura Dern, “Big Little Lies” levou sua quarta estatueta da carreira.

"Coco", traduzido no Brasil para “Viva: A Vida é Uma Festa”, da Disney/Pixar, foi escolhido o Melhor Filme de Animação. Dwayne Johnson voltou ao palco para apresentar a filha, Simone Garcia Johnson como a primeira Embaixadora do Globo de Ouro. Novamente no palco, agora como premiada, Allison Janney agradece ter sido escolhida como Melhor Atriz Coadjuvante, em “Eu, Tonya”. E lembrou de todo o elenco e produtores. 

Uma homenagem especial a Kirk Douglas, que completou 101 anos. Foram exibidos alguns filmes do ator, como "Spartacus". Em cadeira de rodas e acompanhado da nora Catherine Zeta-Jones, ele foi aplaudido de pé pelo público e agradeceu. Os dois anunciaram o prêmio de Melhor Roteiro para “Três Anúncios Para um Crime”, de Martin MacDonagh, que estreia no Brasil em 15 de fevereiro.

O prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira ficou para o franco-alemão "Em Pedaços" (“In the Fade”), que conta a história de vingança de uma mulher que perdeu o marido e o filho num ataque de nazistas. Ewan McGregor foi escolhido o Melhor Ator em Minissérie ou Filme para TV por “Fargo”, interpretando dois personagens na terceira temporada da série. 

“The Marvelous Mrs. Maisel”, uma série ainda pouco conhecida no Brasil, ficou com a estatueta de Melhor Série de Comédia ou Musical. E Aziz Ansari, “Master of None” conquista pela primeira vez o prêmio como Melhor Ator de Série de Comédia ou Musical.

Reese Witherspoon fez um discurso de muitos elogios e agradecimentos à pessoa e à profissional Oprah Winfrey, a homenageada da noite com o prêmio Cecil B. DeMille. Foram mostrados vários vídeos do talk show e dos filmes e séries da também atriz e produtora por reconhecimento de seu trabalho. 

Oprah lembrou sua infância humilde, quando assistiu a entrega do Oscar a Sidney Poitier, que foi uma inspiração para ela. Ela afirmou ser uma honra e um privilégio compartilhar o prêmio com homens e mulheres negros e reforçou a necessidade de mostrar a verdade e o trabalho da imprensa e das mulheres que tiveram coragem de compartilhar suas histórias de abusos. Num discurso emocionante afirmou: "O tempo dessas pessoas brutais acabou - The Time´s Up". 

Lady Bird: É Hora de Voar
Numa noite em que as mulheres foram o tema principal, a categoria de Melhor Diretor foi disputada por cinco homens. E o prêmio do 75º Globo de Ouro foi para Guillermo Del Toro, por “A Forma da Água”. Ele pediu um minuto a mais para agradecer a todos por receber seu primeiro prêmio.

Reese Witherspoon, Nicole Kidman, diretores e parte do elenco de “Big Little Lies” subiram ao palco para receberem o prêmio de Melhor Minissérie ou Filme para TV. Dando continuidade ao 75º Globo de Ouro, Jessica Chastain e Chris Hemsworth anunciaram a vencedora do prêmio de Melhor Atriz em Comédia ou Musical - Saoirse Ronan, por “Lady Bird: É Hora de Voar”. O filme também recebeu a estatueta de Melhor Filme Comédia ou Musical, entregue por Michael Keaton e Alicia Vikander.


Três Anúncios Para um Crime
Geena Davis e Susan Sarandon, intérpretes do sucesso "Telma e Louise", entregaram a estatueta para Gary Oldman, de “O Destino de uma Nação”, como Melhor Ator em Drama. Frances McDormand, de “Três Anúncios Para um Crime” recebeu o prêmio de Melhor Atriz em Drama das mãos das atrizes Angelina Jolie e Elizabeth Huppert. 

Encerrando a premiação, a atriz Barbra Streisand, aplaudida de pé pela plateia e única mulher a receber o prêmio de Melhor Diretor, em 1984, anunciou o ganhador da estatueta de Melhor Filme Drama, entregue a “Três Anúncios Para um Crime”, a quarta da noite.

Confira os vencedores do 75º Globo de Ouro:

CINEMA:
Melhor filme drama: “Três Anúncios Para um Crime”
Melhor filme comédia ou musical: “Lady Bird: É Hora de Voar”
Melhor diretor: Guillermo Del Toro, “A Forma da Água”
Melhor ator em drama: Gary Oldman, “O Destino de uma Nação”
Melhor atriz em drama: Frances McDormand, “Três Anúncios Para um Crime”
Melhor atriz em comédia ou musical: Saoirse Ronan, “Lady Bird: É Hora de Voar”
Melhor ator em comédia ou musical: James Franco, “Artista do Desastre”
Melhor atriz coadjuvante: Allison Janney, “Eu, Tonya”
Melhor ator coadjuvante: Sam Rockwell, “Três Anúncios Para um Crime”
Melhor filme de animação: “Viva: a vida é uma festa”
Melhor roteiro: Martin McDonagh por “Três Anúncios Para um Crime”
Melhor canção original: “This is Me”, de “O Rei do Show”
Melhor trilha sonora de filme: Alexander Desplat, “A Forma da Água”
Melhor filme de língua estrangeira: "Em Pedaços" (“In the Fade”)

TELEVISÃO
Melhor série de drama: “The Handmaid’s Tale”
Melhor série de comédia ou musical: “The Marvelous Mrs. Maisel”
Melhor minissérie ou filme para TV: “Big Little Lies”
Melhor atriz de série de drama: Elizabeth Moss, “The Handmaid’ s Tale”
Melhor ator de série de drama: Sterling K. Brown, “This Is Us”
Melhor ator de série de comédia ou musical: Aziz Ansari, “Master of None”
Melhor atriz de série de comédia ou musical: Rachel Brosnahan, “The Marvelous Mrs. Maisel”
Melhor atriz em minissérie ou filme para TV: Nicole Kidman, “Big Little Lies”
Melhor ator em minissérie ou filme para TV: Ewan McGregor, “Fargo”
Melhor ator coadjuvante de TV: Alexander Skarsgärd, “Big Little Lies”
Melhor atriz coadjuvante de TV: Laura Dern, “Big Little Lies”

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06 janeiro 2018

"Jumanji: Bem-Vindo à Selva", uma nova aventura no estilo dos bons videogames

Jack Black, Nick Jonas, Karen Gillan, Dwayne Johnson e Kevin Hart são transportados para o misterioso game e assumem novas e divertidas identidades (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Dwayne Johnson (que agora não gosta de ser chamado de "The Rock") acertou mesmo a mão nos filmes de comédia com grandes lances de ação e aventura. A nova aposta do grandalhão mais bem pago de Hollywood é o remake "Jumanji: Bem-Vindo à Selva", uma versão no estilo videogame, que tem muito pouco a ver com o ótimo filme original de 1995 com Robin Williams e Kristen Dunst, mas que vale como diversão. Não vá com a expectativa de uma continuação, ele está mais para um upgrade de game e o roteiro explorou bem isso.

No primeiro filme, a ação se passa no presente e está toda ligada a um jogo de tabuleiro que faz as coisas acontecer a cada jogada. Neste, o tabuleiro dá lugar ao videogame, mesmo que de um modelo ultrapassado, e tudo é jogado no passado, mas usando e abusando dos recursos da moderna tecnologia. Os personagens são clichês de High School - nerd, garota tímida, patricinha e jogador de futebol americano. Eles vão dar lugar aos famosos heróis e estrelas do cinema, numa transformação bem divertida. Quase uma comédia pastelão.

Os quatro jovens não só são transportados para o jogo, como fazem a ação acontecer, cada um no corpo de um avatar escolhido a partir de características que eles gostariam de ter, além de seus poderes. Esta escolha, inclusive é um dos pontos divertidos da história. A partir daí está formada a confusão. O longa tem muita ação, vários efeitos visuais e segue as regras de todo game, com vidas, missões, armas, vilões e muito perigo.

Além de Johnson, outro que garante bons e divertidos momentos como sempre é Jack Black, interpretando Dr. Shelly Oberon, um professor baixinho, barrigudo, de meia idade, especialista em cartografia. Kevin Hart, apesar de continuar estridente e cansativo, dá conta do recado como Moose Finbar, o zoólogo auxiliar do Dr.Smolder Bravestone, papel de Dwayne Johnson.


Ruby Roundhouse, que luta demais e é chamada de "a matadora de homens", é interpretada por Karen Gillan, uma cópia mais modesta de Lara Croft. Como num videogame, Nigel, papel de Rhys Darby, é o guia que recebe o grupo e dá as orientações sobre a missão que terão que cumprir. E para completar o time de aventureiros, Nick Jonas, do trio musical Jonas Brothers (2005-2013). Ele interpreta Alex/Jefferson "Seaplane" McDonough, o piloto, também sugado para o jogo.

"Jumanji: Bem-Vindo à Selva" erra na caracterização do vilão Van Pelt. Não pelo ator, Bobby Cannavale mas pela forma fraca como o personagem foi criado. Ele não convence, principalmente pelos tipos que hoje dominam os jogos. Mas não compromete muito o roteiro. Se não fosse parte da missão, seria descartável.

Na história, durante um castigo imposto pelo diretor da escola, quatro estudantes resolvem jogar o game "Jumanji - Bem Vindo à Selva" e acabam sugados para dentro dele. Fridge (papel de Ser´Darius Blain) é o jogador de futebol americano que mais parece um armário aberto e que se transforma no tagarela e baixinho Kevin Hart. Seu melhor amigo, o tímido e franzino Spencer (Alex Wolff) vai ceder o corpo ao musculoso Dwayne Johnson. 


Martha (Morgan Turner) a jovem nerd sem graça ganha agilidade e bela forma física no avatar de Karen Gillan. Mas a melhor e mais divertida transformação é a de Bethany, a bela adolescente patricinha interpretada por Madison Iseman, que surge como Jack Black, sem perder a pose e os trejeitos.

Os quatro personagens terão de cumprir a missão de devolver uma pedra poderosa que comanda toda a floresta a seu local de origem e só assim conquistarem o direito de sair do jogo. Mas vão encontrar pelo caminho animais perigosos como cobras, hipopótamos, rinocerontes e jaguares e precisarão se unir e utilizarem os poderes de seus avatares o que acontece sempre de uma maneira bem engraçada. Recomendo "Jumanji - Bem Vindo à Selva", uma boa e descontraída opção, principalmente nas férias.



Ficha técnica:
Direção: Jake Kasdan
Produção: Sony Pictures / Columbia Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h59
Gêneros: Fantasia / Ação / Aventura
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #Jumanji-Bem-Vindo-A-Selva, #Jumanji-Welcome-to-the-jungle, @DwayneJohnson, @JackBlack, @KevinHart, @NickJonas, @KarenGillan, #fantasia, #aventura, #acao, @cinemas.cineart, @espaçoz, @cinemanoescurinho

04 janeiro 2018

"Roda Gigante" - Mais um típico (e imperdível) Woody Allen

Kate Winslet rouba a cena em grande parte do longa, que conta com uma boa atuação do restante do elenco (Fotos: Imagem Filmes/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Por mais incrível que possa parecer, "Roda Gigante" ("Wonder Wheel"), de Woody Allen, é um filme cheio de cores, resultado da dobradinha do diretor com o fotógrafo Vittorio Storaro. E - acreditem - são tonalidades fortes e vibrantes em constante contraste com os dramas e conflitos vividos pelos personagens da história, a maioria mergulhada em suas vidas opacas e cinzentas. Outro detalhe: a ironia e o humor fino, que caracterizam a obra de Allen, são praticamente ausentes nas falas, intenções e gestos dos que fazem parte da história.

Importante dizer que o filme se passa à beira-mar, na decadente Coney Island e nos anos de 1950, época de mudanças de comportamento em todo o mundo. Humpty (Jim Belushi) é operador de carrossel num parque de diversões e é atrás desse carrossel, num ambiente barulhento, pequeno e apertado, que ele vive com Ginny (Kate Winslet) e o menino Ritchie (Jack Gore), o filho do primeiro casamento dela. Logo nas primeiras cenas, fica evidente o tipo de relação enfastiada e morna que o casal vive. Ele, alcoólatra tentando parar de beber; ela, frustrada, irritada e com uma eterna enxaqueca. Para completar a fauna, entra em cena Carolina (Juno Temple), jovem filha de Humpty que retorna à casa do pai fugindo do ex-marido mafioso que ela entregou à polícia.

Muitos estão atribuindo a Kate Winslet todo o mérito do filme. Faz sentido, mas não totalmente, porque todo o elenco está muito bem, embora ela roube a cena em grande parte do longa. Vivendo uma mulher angustiada e quase histérica em alguns pontos, ela criou uma Ginny instável, que muda o ritmo e o tom de voz de acordo com o momento. Ex-atriz fracassada, trabalha como garçonete, vive com Humpty por pura comodidade e ainda tem que administrar os constantes problemas causados pelo filho, um incendiário compulsivo. (Parênteses para dizer que a criança e sua mania são, de certa forma, o único traço cômico da história). É tão intensa e perfeita a atuação de Winslet, que acaba deixando na sombra Carolina, a outra personagem feminina do longa, em atuação corretíssima.

Ginny e a trama do filme mudam completamente quando ela conhece Mickey, por quem se apaixona irremediavelmente. (Outro parênteses para dizer que ele, interpretado por Justin Timberlake, é um salva-vidas canastrão que deseja ser escritor, dramaturgo e poeta, e costuma intelectualizar sentimentos e acasos. Reside aí outro traço frequente de Woody Allen: a ironia). Quando está com ele, Ginny se transforma em fogo e esperança. Em casa, com o marido, o filho e a enteada, sobe o tom de voz, entristece, briga, torna-se intolerante e ciumenta quando descobre que o amante arrasta asas também para Carolina. Está armado o melodrama.

Junte-se a esses ingredientes um belo e perfeito figurino de época, uma trilha sonora repleta de canções típicas da década - que ajudam a enredar e capturar o espectador - e, claro, reviravoltas, surpresas, acasos, escolhas, instabilidade. Apesar das pequenas diferenças, e ainda que não seja um "Match point", estamos diante de mais um típico e imperdível Woody Allen.
Classificação: 12 anos // Duração: 1h41



Tags: #RodaGigante, @KateWinslet, @JustinTimberlake, @JimBelushi, @JunoTemple, @WoodyAllen, #drama, @ImagemFilmes, @cineart.cinemas, @cinemanoescurinho

31 dezembro 2017

Comédia "Fala Sério, Mãe!" é a química certa entre mãe e filha

Larissa Manoela e Ingrid Guimarães vivem situações bem engraçadas e cotidianas (Fotos: Globo Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


Uma boa pedida é assistir a comédia "Fala Sério, Mãe!", que reúne em seu elenco principal as atrizes Ingrid Guimarães e Larissa Manoela num entrosamento perfeito, quase como se fossem mãe e filha na vida real. Adaptação do best-seller homônimo da escritora Thalita Rebouças (que faz uma ponta), o filme dirigido por Pedro Vasconcelos reproduz momentos que vão trazer lembranças a muitas mães, filhas e filhos, inclusive aquelas mais "constrangedoras".

Uma história com princípio, meio e um fim que cada um vai escrever do seu jeito, sem esquecer que cada momento valeu a pena. Ingrid Guimarães está excelente como Ângela Cristina, mulher de sucesso, bem casada e que realiza o grande sonho de ser mãe. Ela está muito divertida, com ótimas tiradas e criando situações de fazer qualquer filho esconder debaixo do móvel da sala de vergonha. Um dos bons momentos é a cena com o ator Paulo Gustavo, em rápida aparição do ator interpretando ele mesmo num comercial.

A atriz de "De Pernas pro Ar 1 e 2" (2010 e 2012), "Um Namorado Para Minha Mulher" (2016) e "Loucas Pra Casar" (2015) está cada vez melhor como comediante. Na primeira parte do filme, seu personagem é uma mulher que muda sua vida em função dos filhos e quer todos eles debaixo de suas asas eternamente. Uma mãe quase neurótica de tão super protetora, que compra briga, discute na escola, pega pesado com a educação e faz os filhos pagarem mico na frente dos amigos. Só quem é mãe sabe bem o que é isso.

Já na segunda parte de "Fala Sério, Mãe!" a comédia ganha nova cara e Ingrid passa a contracenar com Larissa Manoela, no papel de Maria de Lourdes, a Malu, a filha mais velha adolescente, motivo de noites mal dormidas e das situações mais engraçadas e também sofridas. O público sente de imediato a química entre as duas atrizes. Entre brigas e abraços, choros e risos, as duas mostram uma relação de mãe e filha que convence, ensina e faz pensar em como pode ser forte e duradoura esta ligação.

A jovem Larissa Manoela vem mostrando um bom crescimento profissional. A atriz interpretou a insuportável e marcante Maria Joaquina na novela infantil "Carrossel", do SBT, que foi lançada para o cinema como "Carrossel - O Filme" (2015) e no ano seguinte a sequência "Carrossel 2 - O Sumiço de Maria Joaquina" (2016). Naquela época formou uma legião de fãs a cada aparição e vem demonstrando potencial de interpretação desde então, transformando-se numa das estrelas teen do momento. Esta é a segunda produção da jovem como protagonista em 2017 - a primeira foi "Meus 15 Anos", lançada em julho e agora a consagração com "Fala Sério, Mãe!", expressão que a personagem Malu usa com frequência em diversas situações com Ângela.

E as duas vão vivendo e criando as mais diversas situações ao longo do roteiro, que não foge da obra literária original e teve o acompanhamento direto da autora. Ficaram muito engraçadas as cenas de Ângela passando de mãezona conservadora a melhor amiga de Malu, os ciúmes e as preocupações com o primeiro namorado da filha (e tudo o que vem junto), as saídas e excursões com os amigos e amigas. Enfim, os medos, separações e expectativas de toda mãe ao ver os filhos crescerem e ganharem o mundo. Malu também está num momento de transição, com suas insatisfações e lutando para conquistar seu espaço enquanto amadurece, enquanto inverte os papéis e se torna a protetora e conselheira da mãe.

O elenco conta ainda com Marcelo Laham, bem engraçado como Armando, marido de Ângela e pai de Malu, Cristina Pereira (como dona Fátima) e João Guilherme Ávila, o Nando, amigo de Malu. Até o cantor Fábio Júnior dá uma "palhinha" interpretando um de seus grandes sucessos - "20 e Poucos Anos" (1999) - que tem tudo a ver com a história e digno de uma mãe tiete. Recomendo "Fala Sério, Mãe!" para ser curtido por mãe e filha juntas, numa sessão à tarde, com direito a boas lembranças, pipoca e boas risadas durante todo o filme. Uma boa produção nacional da Camisa Listrada, empresa que começou em Belo Horizonte e é responsável também por sucessos como "O Menino no Espelho" (2014), "O Candidato Honesto" (2014) e "Um Suburbano Sortudo" (2016).



Ficha técnica:
Direção: Pedro Vasconcelos
Produção: Camisa Listrada / Focus Entretenimento / Fox International Productions / Telecine Productions / Globo Filmes
Distribuição: Downtown Filmes / Paris Filmes
Duração: 1h19
Gêneros: Comédia Nacional / Família
País: Brasil
Classificação: 10 anos
Nota: 3,8 (0 a 5)

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27 dezembro 2017

"O Rei do Show" tem boas atuações e trilha sonora emocionante mas repetitiva


Cenas do musical são bem feitas, muita cor e a presença marcante de Hugh Jackman no papel principal  (Fotos: 20th Century Fox / Divulgação)

Maristela Bretas


Hugh Jackman está de volta em mais um musical e repete outra uma grande atuação em "O Rei do Show" ("The Greatest Showman"), que conta a história de P.T. Barnum, um dos empresários norte-americanos mais polêmicos do mundo do entretenimento que viveu de 1810 a 1891. Numa versão bem romanceada da história deste ganancioso aproveitador das deficiências físicas como elenco de seu espetáculo, o filme é bem conduzido. 


O diretor Michael Gracey soube explorar o lado visionário do famoso showman, que marcou seu nome no show business "por fazer a diferença e não se conformar em ser igual ao resto", como costumava dizer. 
No elenco bizarro de Barnum, o mérito maior fica para Keala Settle, a Mulher Barbada, que se destaca pela interpretação e voz. Outras duas ótimas atrizes dividem a atenção do galã - Rebecca Ferguson, que precisou de dubladora para interpretar a cantora Jenny Lind, chamada de "Rouxinol Sueco", e Michelle Williams, que até tentou, mas sua voz não segurou nas cenas musicais de sua personagem, Charity Barnum.


Enquanto Jackman é disputado por duas mulheres (por motivos óbvios), Zac Efron, no papel de Phillip Carlyle, sócio de Barnum, e a cantora/atriz/dançarina/modelo Zendaya, como a trapezista Anne Wheeler, formam um casal sem química, salvo por uma das mais belas cenas do filme, quando interpretam a linda canção "Rewrite the Stars".

E a trilha sonora é digna de premiação, com belas canções de Benj Pasek e Justin Paul e arranjo impecável. Encanta e emociona, especialmente "The Greatest Show" (música-tema) e "Never Enough" (interpretada com perfeição por Loren Allred, dubladora de Ferguson). O único pecado foi a repetição excessiva de algumas delas. Mas por serem tão boas, dá para relevar. Também o figurino e reprodução de época foram bem trabalhados.

A história se passa no século XVIII, contando a trajetória de Phineas Taylor Barnum, mais tarde conhecido como P.T. Barnum, um jovem de origem humilde, filho de alfaiate, que se apaixona pela filha de um dos clientes. Ambicioso, traça como objetivo na vida casar com a jovem e se tornar rico e famoso, custe o que custar. Mesmo que com isso precise usar e explorar a deficiência de pessoas rejeitadas pela sociedade para montar seu Museu de Curiosidades, que depois se transformou num grande circo de bizarrices. 


Considerado pela crítica uma fraude e chamado de "O Príncipe do Embuste", Barnum usa isso para atrair centenas de pessoas para seu show. Por ambição, em troca de fama e reconhecimento pelos ricos, decide promover uma turnê pelos EUA da cantora Jenny Lind e abandona todos aqueles que o apoiavam, inclusive sua família. Mas os rumos da vida vão ensinar-lhe duras lições. 

No mundo do show business P.T. Barnum é lembrado por promover as mais famosas fraudes e por fundar o circo que viria a se tornar o Ringling Bros. and Barnum & Bailey Circus, em Nova York.



Ficha técnica:
Direção: Michael Gracey
Produção: 20th Century Fox
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 1h45
Gêneros: Musical / Drama
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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23 dezembro 2017

Atrapalhados e divertidos, Tadeo e seus amigos tentam desvendar "O Segredo do Rei Midas"

Cenas mais engraçadas ficam por conta do herói e da velha amiga Múmia, que reaparece nesta segunda aventura (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


A aventura continua e neste caso, assistir ao primeiro filme ajuda bastante a conhecer melhor quem é Tadeo Jones (na versão dublada ele se chama Tadeo Stones), o atrapalhado pedreiro que sonha em ser arqueólogo e sempre se mete em confusões. Ele está de volta em "As Aventuras de Tadeo 2: O Segredo do Rei Midas" ("Tadeo Jones 2: El secreto del Rey Midas"), em cartaz nos cinemas para divertir nestas férias a garotada acima de cinco anos, que vai entender e aproveitar melhor o filme.

A animação espanhola segue a linha do filme anterior - "As Aventuras de Tadeo" -, com uma história simples, sem oferecer nada além de diversão e trapalhadas do herói. O filme é bem colorido, com boas reproduções dos locais onde a aventura acontece e os personagens conseguem ganhar a simpatia do público infantil. 

Usando um chapéu estilo Indiana Jones e adotando o sobrenome do famoso herói interpretado por Harrison Ford na versão original, o jovem Tadeo volta a trabalhar em uma obra e continua sonhando com grandes descobertas. 
A nova aventura começa em Las Vegas após um convite da arqueóloga Sara Lavrof, sua grande paixão. Ele irá acompanhar a apresentação do papiro que pode indicar onde estaria escondido o colar de Midas, pertencente ao rei que transformava tudo o que tocava em ouro. 

Prestes a viajar, Tadeo é surpreendido por uma visita inesperada e louca por água – tanto que bebe tudo o que vê pela frente. Múmia, velha conhecida da aventura passada, conta a ele o que aconteceu desde o último encontro. Para piorar, durante o evento, Sara é raptada pelo vilão Jack Rackham. O aspirante a arqueólogo parte a sua procura, tendo como ajudantes seu fiel cão Jeff, a estagiária Tiffany, Belzoni (o papagaio mudo de Sara) e a destrambelhada e desidratada Múmia, que garante as cenas mais engraçadas da animação, principalmente quando usa fantasias.




Ficha técnica:
Direção: Enrique Gato
Produção: Telecinco Cinema
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 1h26
Gêneros: Animação / Comédia / Aventura
País: Espanha
Classificação: Livre
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #AsAventurasdeTadeo2OSegredodoReiMidas, @EnriqueGato, #animação, #comedia, #aventura, @ParamountPictures, @cinemas.cineart, @espaçoZ, @cinemanoescurinho

21 dezembro 2017

“Star Wars VIII – Os Últimos Jedi” traz equilíbrio à Força com um roteiro que vai além do óbvio

Segundo filme da terceira trilogia traz grandes batalhas e explora o lado emocional dos personagens (Fotos: Lucasfilm/Divulgação)


Caro leitor, você deve estar estranhando o porquê desta crítica de “Star Wars VIII – Os Últimos Jedi” ter saído exatamente uma semana após o lançamento da película em todo mundo. Acontece que nós, do Escurinho no Cinema, temos certa admiração por toda a franquia idealizada por George Lucas, que agora tem a Disney por trás. Portanto, optamos por esperar o “hype” passar um pouco para não deixarmos que nossa opinião fosse impactada pelo lado “fanboy”. Neste meio tempo, o filme foi visto ao menos quatro vezes pelos autores em questão. Não sabemos se conseguimos ou não entregar uma opinião um tanto quanto menos “viciada”. Porém, temos a certeza que ela mudou, e muito, com o passar dos dias. Que a Força esteja com você.



Wallace Graciano e Maristela Bretas


Quando lançado em 2015, “Star Wars VII – O Despertar da Força” trouxe aos fãs da saga memórias afetivas que estavam outrora guardadas. À época, a Disney teve como grande mérito dosar a nostalgia que seria necessária para convidar os fãs para uma nova trilogia, com o impacto imediato para quem passava a acompanhar a trama. Agora, em “Star Wars VIII – Os Últimos Jedi”, a companhia acerta em cheio ao dar um caráter autêntico à franquia.


Ainda que carregado de referências aos precursores (inclusive spin offs), “Os Últimos Jedi” tem em seu roteiro quebras de paradigmas que impactam os fãs, mexendo em suas memórias afetivas. Ao contrário do lado etéreo e heroico dado nas últimas narrativas, nos quais os personagens se mostram menos estratégicos e mais altivos, desta vez as virtudes e fraquezas de cada um são bem desenvolvidas ao longo das duas horas e meia de duração. A trama reforça a abordagem da disputa política pelo domínio da galáxia como nos filmes anteriores, acrescentando o jogo de interesses que o negócio da guerra representa.

O Episódio VIII começa exatamente na interrupção de seu antecessor. Enquanto Rey (Daisy Ridley) busca quebrar a barreira montada por Luke Skywalker (Mark Hamill) e desenvolver sua relação com a Força, a general Leia Organa (a saudosa Carrie Fisher), Finn (John Boyega) e Poe Dameron (Oscar Isaac) tentam manter a fagulha de esperança da Resistência com o auxílio, principalmente, da vice-almirante Holdo (Laura Dern) e da carismática Rose (Kelly Marie Tran).

Sem muito poder combativo, a Resistência traça estratégias paralelas para conter a supremacia da Primeira Ordem, que também vive seus conflitos internos enquanto tenta dizimar a rebelião. Nesse ponto, um parêntese para o ótimo desenvolvimento do General Hux (Domhnall Gleeson) e, principalmente, de Kylo Ren (Adam Driver), uma vez que o lado antagonista fica em segundo plano para a briga de egos entre os personagens e para as chagas do passado que ainda atormentam o filho de Han Solo e Leia Organa.

De pecado, apenas a aparição aquém do esperado do líder supremo “Snoke” (Andy Serkis), deixando inúmeras perguntas e lacunas que precisam ser preenchidas para não comprometerem todo o desenvolvimento da Primeira Ordem como lado antagônico da série. Um personagem fraco, sem impacto para o poder que representava, ao contrário do imperador Palpatine, que dividiu de maneira excelente a vilania com o eterno Darth Vader.


A esse roteiro, soma-se a beleza plástica de toda a série, que leva ao público muito mais que efeitos visuais quase impecáveis, o que já seria esperado da Disney. A dualidade da sombra e da luz nos personagens (em especial Kylo Ren) e a estética dos movimentos nos cenários, principalmente no meio do deserto de sal, reforçam o quão bem trabalhado foi o lado técnico desta nova trama.


“Star Wars VIII – Os Últimos Jedi” tem como grande mérito ser um soco no estômago de quem esperava mais do mesmo da trama. A película tira o fã da série de sua zona de conforto e traz, talvez, o final mais sufocante de toda a franquia, com cerca de 40 minutos de encerramento em alta adrenalina e emoção. Especialmente no reencontro de Leia e Luke. Fica aquela sensação de despedida que ninguém poderia imaginar que seria definitiva. É uma viagem impactante à galáxia tão, tão distante, ao som sempre arrepiante música de abertura de John Williams.

A saga continua

O oitavo filme da franquia é "Star Wars de raiz" - remete ao passado, homenageia seus heróis e vilões, e deixa aberta a possibilidade do surgimento de uma nova geração, como aconteceu com Anakin e Luke Skywalker. O nono e último episódio desta trilogia, já foi anunciado para o final de 2019 pela Disney e J.J. Abrams, ainda sem título. Além do spin off "Solo: Uma História Star Wars" sobre a origem do personagem Han Solo, que será interpretado por Alden Ehrenreich (de "Ave, Cesar" - 2016), com lançamento previsto para 24 de maio de 2018.


GALERIA DE FOTOS

A quarta trilogia, anunciada em novembro pelos estúdios, ainda não tem data de lançamento. O diretor Rian Johnson, de "Os Últimos Jedi" será responsável pela produções, além de dirigir e escrever o primeiro filme. A saga será separada da principal, sem a família Skywalker, e contará com novos personagens, em outros cantos da galáxia.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Rian Johnson
Produção: Walt Disney Pictures / Lucasfilm Ltda / Ram Bergman Productions
Distribuição: Disney/Buena Vista
Duração: 2h32
Gêneros: Ficção científica / Ação
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4.8 (0 a 5)

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18 dezembro 2017

"Assim é a Vida", uma comédia de classe com humor fino e inteligente

Jean-Pierre Bacri e todo o elenco apresentam boas interpretações que não deixam o filme cair no estilo pastelão (Fotos: Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Para início de conversa, é muito difícil entender o que faz um tradutor forçar a barra ao ponto de transformar "Le sens de la fête" em "Assim é a Vida". Foi isso que aconteceu com o longa dirigido por Eric Toledano e Olivier Natache, responsáveis pelos ótimos "Os Intocáveis" e "Samba", ambos de sucesso. Com um título desses, mais parecido com nome de bolero antigo, fica quase impossível para o público imaginar que não se trata de nenhum dramalhão, mas sim de uma deliciosa comédia dramática que nada tem a ver com o título.

Apesar de alguns clichês, o filme tem um humor fino e inteligente que, ao final das contas, faz uma crítica veemente aos abusos cometidos por casais na produção de suas festas de casamento. Pelo jeito, não é só no Brasil que os matrimônios viraram eventos de superprodução, com detalhes e exageros que beiram a cafonice. Na França também é assim. Na ânsia de ser granfina, muitas dessas festas perdem o sentido de celebração para ganhar pompas impessoais dignas de um show de rock. Não é à toa que o nome do filme em francês se refere ao "sentido da festa".

Além de dirigirem, Eric Toledano e Olivier Natache criaram um roteiro criativo: promotor de festas e eventos há mais de 30 anos, Max (Jean-Pierre Bacri) está vivendo um momento particularmente difícil na vida, ao mesmo tempo em que organiza uma megafesta de casamento que vai acontecer num majestoso castelo do século XVII, onde os garçons devem ir vestidos de lacaios do rei. Casado, e vivendo um romance com uma colega de trabalho (Suzanne Clèment), ele não sabe como resolver sua vida afetiva e sofre com isso.

Mas não é só ele. No desenrolar do filme, o espectador vai descobrindo que cada um da equipe que Max contratou para a festa carrega seu pequeno drama particular, alguns bizarros. Do fotógrafo solitário e comilão, que não se conforma de estar perdendo espaço para os celulares cada vez mais potentes, ao garçom apaixonado pela noiva, passando pelo músico vaidoso e uma assistente sempre disposta aos palavrões e agressões, o grupo contratado por Max bem que poderia fazer com que o filme caísse no pastelão e na fanfarronice. Mas não é isso que acontece.

"Assim é a vida", talvez pela direção e atuações comedidas, não descamba para o exagero. Pelo contrário, mantém a classe de filme francês, embora, de vez em quando caia em uma ou outra situação que lembra as manjadas comédias românticas americanas, cujo compromisso com o real beira o zero. Jean-Pierre Bacri como Max, Gilles Lellouche como o músico egocêntrico e canastrão, Eye Haidara como a assistente Adèle - de estopim curto -, Benjamin Lavernhe como o noivo prepotente e sem noção e todos os demais fazem o que deve ser feito, sempre na medida. 

As vaidades individuais em detrimento do funcionamento perfeito do todo e a ideia de que o simples pode ser mais bonito e chique do que o pomposo são algumas das lições que podem ficar do filme. 
Classificação: 12 anos // Duração: 1h57



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11 dezembro 2017

Kenneth Branagh entrega um "Assassinato no Expresso do Oriente" fiel à obra de Agatha Christie

Elenco de peso, fotografia e figurino foram os pontos principais desta versão cinematográfica adaptada do romance homônimo (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


Agatha Christie é e sempre será uma referência na literatura como romancista policial. E não menos o personagem mais famoso de seus livros, o detetive Hercule Poirot, que ganha ótima interpretação de Kenneth Branagh na nova versão adaptada para o cinema de "Assassinato no Expresso do Oriente" ("Murder on the Orient Express"), também dirigida por ele. O filme consegue captar bem o universo da famosa escritora, com seus personagens, inclusive os mais jovens, entregando boas atuações em papéis recheados de sutilezas e mistério. 

Digno da obra da autora britânica lançada em 1934. Além de Branagh, destaque para Michelle Pfeiffer, Josh Gad, Williem Dafoe, Penélope Cruz, Judi Dench e Daisy Ridley ("Star Wars Episódios VII e VIII"). Johnny Depp deixa seu lado Jack Sparrow, da franquia "Piratas do Caribe", e compõe um personagem marcante e essencial no enredo.

Além das boas interpretações, "Assassinato no Expresso do Oriente" apresenta uma bela fotografia, principalmente por usar locações em regiões cobertas pela neve. Além do próprio trem onde acontece quase toda a ação. O Expresso do Oriente, que começou a circular em 1883, ligando Paris a Istambul, durante décadas foi sinônimo de luxo e glamour, destinado aos mais abastados. Fotografia e figurino, numa excelente reprodução de época, também chamam a atenção na produção.


O ritmo fica lento em algumas partes do filme por causa da forma detalhista como o famoso detetive belga conduz a investigação, que induz a todo o momento um novo suspeito. Tudo começa quando Hercule Poirot embarca de última hora no trem Expresso do Oriente, partindo de Istambul, a convite do amigo Bouc (Tom Bateman), que coordena a viagem. A bordo, ele conhece os demais passageiros, entre eles o gângster Edward Ratchett (Johnny Depp), que deseja contratá-lo para ser seu segurança particular.

Durante a madrugada, um dos passageiros é morto em seu aposento no vagão, sem que ninguém percebesse qualquer anormalidade. Em seguida, um deslizamento de neve cobre os trilhos, impedindo a continuação da viagem. Isso que dará tempo para que Poirot use suas habilidades para investigar os suspeitos, todos um com um passado nebuloso, e desvendar o crime cometido.

Bem apresentado, fiel ao livro na maior parte dos detalhes, mas com toques bem interessantes do diretor com a trama sendo mostrada por diversos ângulos, dentro e fora dos vagões. Uma boa sacada de Branagh na cena em que Poirot reúne os 13 suspeitos na entrada de um túnel, que remete para um famoso quadro de Leonardo Da Vinci. Difícil não reconhecer. "Assassinato no Expresso do Oriente" é um filme que vale a pena ver, principalmente por quem conhece a obra de Agatha Christie. Não vai se decepcionar.



Ficha técnica:
Direção: Kenneth Branagh
Produção: 20th Century Fox
Distribuição: Fox Film do Brasil / Scott Free Productions
Duração: 1h49
Gêneros: Suspense / Romance Policial
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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