A nova produção da Paramount Pictures, "Predadores Assassinos", que já provocou tensão nas salas de cinema ao redor do mundo marca sua estreia no Brasil em 26 de setembro. Na história, um enorme furacão atinge uma cidade na Flórida. Haley (Kaya Scodelario) ignora as ordens das autoridades para deixar o local e vai procurar seu pai desaparecido (Barry Pepper). Ao encontrá-lo gravemente ferido, os dois ficam presos na inundação. Enquanto o tempo passa, Haley e seu pai descobrem que o aumento do nível da água traz inimigos inesperados: gigantescos crocodilos.
Confira abaixo o trailer desse aterrorizante suspense dirigido por Alexandre Aja ("Viagem Maldita").
Nono filme do diretor e roteirista tem Leonardo Di Caprio e Brad Pitt no elenco principal (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)
Pedro Santos
O diretor Quentin Tarantino nunca escondeu seu amor pela Sétima Arte. Está evidente em suas obras essa devoção e em diversas entrevistas dadas por ele declarando ser um grande cinéfilo. "Era Uma Vez Em... Hollywood" ("Once Upon A Time...in Hollywood") nada mais é que uma carta de amor ao cinema dos anos 1960. Não só às grandes produções, mas também ao espírito cultural e intelectual da época, principalmente às séries e seriados que se tornaram muito populares.
O diretor relembra o período neste que é seu nono longa, com direito a presença de figuras ilustres como Bruce Lee, Steve McQueen, Roman Polanski, Sharon Tate, dentre outros. E é o assassinato da atriz, um dos fatos mais marcantes dessa década, que leva o diretor a criar a grande tensão que atravessa o filme. Sem querer dar spoiler, é visceral e inesperado.
A mais nova produção do aclamado diretor conta a história de Rick Dalton (Leonardo Di Caprio), o astro de uma série famosa de faroeste nos anos 1950, mas que depois não consegue outro grande papel de destaque. Juntamente com seu dublê, Cliff Booth (Brad Pitt), Dalton está decidido a tornar seu nome relevante novamente, num período em que a Era de Ouro de Hollywood já começa mostrar sinais de decadência. A relação com pessoas influentes da indústria cinematográfica acaba levando o ator aos assassinatos cometidos por Charles Manson, entre eles o de Sharon Tate (Margot Robbie), que era casada com o diretor Roman Polanski (Rafal Zawierucha) e estava grávida.
O filme, porém, não possuí uma estrutura narrativa comum e algumas pessoas podem achá-lo chato. No primeiro ato parece ser apenas uma coletânea de momentos da vida de dois personagens, o que realmente é. Mas o ótimo roteiro e as atuações de Leonardo Di Caprio e Brad Pitt fazem a diferença e deixam a produção divertida. O elenco conta ainda com nomes famosos como Al Pacino, Bruce Dern, Dakota Fanning, Nicholas Hammond e Luke Perry, falecido recentemente.
"Era Uma Vez Em... Hollywood" também carece de algumas características clássicas de Tarantino, como a tensão constante e a violência verbal e física. A produção é menos eletrizante e com menos cenas de ação, o que pode não agradar aqueles que esperam estas marcas registradas do diretor em suas produções. A direção e a atuação estão no ponto, os atores são excelentes e não decepcionam. A trilha sonora, como é de praxe do consagrado diretor, está incrível. Tecnicamente o filme é impecável. O mais recente filme de Quentin Tarantino (responsável por sucessos como “Pulp Fiction” - 1994 e “Kill Bill” - 2003) não é, de maneira nenhuma, o seu melhor, mas não deixa de ser brilhante, excelente e divertido.
Ficha técnica: Direção e roteiro: Quentin Tarantino Produção: Heyday Films / Columbia Pictures / Sony Pictures Entertainment Distribuição: Sony Pictures Brasil Duração: 2h41 Gêneros: Drama / Comédia País: EUA Classificação: 16 anos Nota: 4 (0 a 5)
Milo Ventimiglia e seu golden retriever têm uma paixão em comum - corrida e velocidade (Foto: Doane Gregory/20th Century Fox Film)
Maristela Bretas
Poderia ser apenas mais um filme sobre cães, relacionamentos e muita choradeira. E é, mas desta vez até os homens poderão curtir - tem carros e corrida. Estou falando de "Meu Amigo Enzo", que está em cartaz nos cinemas e é muito fofo. Mas o título em português não ajuda muito e já virou até motivo de comentários maldosos, uma vez que o original é "The Art of Racing in the Rain" ("A Arte de Correr na Chuva", nome do best-seller de 2008 escrito por Garth Stein, que deu origem ao filme).
Seguindo o estilo de outros filmes sobre cães com direito a muitas lágrimas, alguns de grande sucesso como "Sempre ao Seu Lado" (2009), "Marley e Eu" (2008) e o mais recente "Quatro Vidas de Um Cachorro" (2017), "Meu Amigo Enzo" consegue atingir seu objetivo de fazer chorar muito. A história é previsível, com o ator Milo Ventimiglia no papel de Denny Swift, dono do cão. Ele fica aquém quando contracena com Amanda Seyfried, que interpreta Eve, sua esposa. No elenco estão ainda os veteranos Martin Donovan e Kathy Baker (pais de Eve) e a jovem Ryan Kiera Armstrong, como Zoe.
Destaque para escolha de Kevin Costner para fazer a voz rouca da dublagem de Enzo. O cão "de alma humana" é a grande estrela do filme ao narrar toda a sua trajetória com Denny e as pessoas que o cercam, sob o ponto de vista canino. Enzo é um cão muito especial por ter uma segunda maior paixão na vida, depois de Denny e sua família - carros de corrida. O enredo exigia um animal dócil e encantador e a escolha foi por Parker, novamente um belo e fofo golden retriever que encantou até mesmo o elenco.
"Meu Amigo Enzo" é um dramalhão que emociona, com situações alegres e tristes, dilemas entre família e carreira, perdas e ganhos e um cão que tudo observa, dá sua opinião canina e, às vezes até interfere no destino de seu dono. A escolha das locações também foi acertada, com lugares interessantes, alguns ligados a corridas de carros. E são as cenas de algumas memoráveis provas, especialmente de Fórmula 1, que podem atrair alguns fãs desse esporte.
A todo momento, o elenco está assistindo programas sobre corridas passadas. Ayrton Senna recebe uma atenção maior do roteirista, uma vez que, assim como o brasileiro, Denny também é excelente piloto em pistas com chuva - vai daí o nome original do filme. Senna ganha inclusive um arranjo na bela trilha sonora instrumental do filme (disponível no @Spotify) composta por Dustin O'Halloran e Volker Bertelmann. George Harrison, Coldplay, Tears For Fears, Creedence Clearwater Revival e Thirty Seconds To Mars também estão presentes.
Na história, Denny Swift é um piloto de testes arrojado que sonha em ir para a Fórmula 1. Um dia, no caminho para o trabalho, se encanta e compra um filhote de cachorro, que recebe o nome de Enzo, em homenagem ao fundador da escuderia Ferrari. O animal passa a acompanhar o piloto a todo lugar, especialmente às corridas, nas pistas ou assistindo TV. À medida que a vida de Denny vai mudando, Enzo também precisa se adaptar ao surgimento de outras pessoas na vida da dupla, especialmente Eve, por quem o dono se apaixona.
Para quem busca um filme leve sobre cachorro, com direito a olhos inchados e sem se importar em pagar mico junto com outros marmanjos na saída do cinema, "Meu Amigo Enzo" é a escolha certa. Não chega a ser tão bom como outros citados no início do texto, mas pode agradar ao público, em especial aqueles mais emotivos. Vale conferir.
Ficha técnica: Direção: Simon Curtis Produção: Universal Pictures Distribuição: Fox Film do Brasil Duração: 1h49 Gênero: Drama País: EUA Classificação: 10 anos Nota: 3 (0 a 5)
Sucessos do cinema serão exibidos num telão montado no estacionamento do Minas Shopping (Fotos: Pedro Marguerito/Divulgação)
Da Redação
O Minas Shopping vai receber, nos dias 17 e 18 de agosto, o clássico estilo de drive-in que marcou os anos de 1940. É o Cine Autorama, patrocinado pelo Grupo Açotubo, com a exibição de dois sucessos do cinema, para assistir ao ar livre, no conforto do próprio carro. O público poderá conferir no dia 17 (sábado), às 19h30, o filme “Minha Fama de Mau” (2019), E no domingo, dia 18, às 18h30, será a vez de “Zootopia - Essa Cidade é o Bicho” (2016).
As sessões do Cine Autorama são gratuitas e o público também poderá curtir curtas-metragens e uma seleção especial de músicas para iniciar a noite em grande estilo. Mas é preciso reservar os lugares no site do projeto - https://www.cineautorama.com.br/. Quem não conseguir vagas ou mesmo decidir de última hora ir à sessão pode comparecer e tentar a chance na fila de espera. Em cada sessão, também são disponibilizados 40 assentos ao ar livre para pessoas que não dispõem de veículos.
Na chegada, depois de passar por um pórtico de entrada, os espectadores são recepcionados por promotores e orientados a parar em frente a uma grande tela inflável. Na exibição dos filmes, o áudio é transmitido por uma estação de rádio FM: basta ligar o rádio do carro ou mesmo sintonizar pelo smartphone.
O projeto
O Cine Autorama foi iniciado em 2015 em Osasco (SP) e já realizou cerca de 130 eventos, em 50 cidades, para um público superior a 20 mil pessoas. Com um pé na nostalgia e outro na modernidade, o projeto percorre o Brasil em uma van e é montado em espaços amplos que comportam entre 50 e 200 carros. Pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, o projeto é viabilizado por meio do patrocínio do Grupo Açotubo, com o apoio de ArcelorMittal, apoio local do Minas Shopping, realização Brazucah Produções, Ministério da Cidadania e Governo Federal.
Fabricio Boliveira entrega ótima interpretação do cantor e compositor, dono de uma das vozes mais encantadores do país na década de 1970 (Fotos: Divulgação)
Maristela Bretas
O diretor Leonardo Domingues tinha tudo para, na obra ficcional "Simonal", esclarecer melhor o que levou o cantor a carregar por boa parte de sua vida, até depois de sua morte, a imagem de dedo-duro. Porém, mais da metade do filme explorou a ascensão de Wilson Simonal, cantor negro, vindo de uma favela no Leblon, no Rio de Janeiro, dono de uma das vozes mais bonitas e melodiosas do Brasil e de um suingue que conquistava nas primeiras notas. Se a intenção do diretor era tentar mostrar (mais uma vez) que ele pode ter sido usado como bode expiatório das forças da ditadura militar, ele deixou muito a desejar.
Na produção, a questão racial foi jogada bem para o final, apenas para justificar a cena inicial, não aprofundando nos fatos que realmente teriam ocorrido e que marcaram a vida de Simonal, destruindo sua meteórica carreira. O diretor deixa a entender que tudo não passou de uma trama armada pela polícia da época. Mas a abordagem foi bem superficial, como se temesse mexer em vespeiro. Deixa mais dúvidas do que explicações sobre a culpa de Simonal ter sido ou não informante da ditadura contra artistas da época.
Quem não conhecia a história do cantor (muitos no cinema nem sabiam quem foi Simonal) só conheceu o dono da bela voz que começou do nada e atraiu multidões pelo país. Mas muitos saíram achando que ele realmente "entregou" geral e se deu mal por isso até sua morte em 2000, aos 62 anos.
Boa reconstituição de época, com várias imagens e figurinos bem trabalhados. Fabrício Boliveira estudou com afinco as características de Wilson Simonal e entrega uma ótima interpretação. Isis Valverde também está bem como Tereza, a esposa do cantor. Leandro Hassum muito caricato, não convence como Carlos Imperial, que conseguia ter uma imagem muito marcante, apesar de ter sido considerado desagradável por muitos à época. Caco Ciocler está mediano como Santana, policial do Dops "amigo" de Simonal. Miele foi bem interpretado por João Velho.
Os filhos de Simonal - Wilson e Max - são os responsáveis pela ótima trilha sonora que reúne várias composições que marcaram a carreira do pai, como "Meu Limão, Meu Limoeiro", "Sá Marina", "Mamãe Passou Açúcar em Mim", "Vesti Azul", "País Tropical" e tantas outras. Inclusive a polêmica "Tributo a Martin Luther King", que levou Simonal a ter seu primeiro contato com o delegado Santana, do Dops, sob a acusação de se envolver com questões "subversivas".
Carismático e de charme irresistível, Wilson Simonal nasceu para ser uma das maiores vozes de todos os tempos da música brasileira. No entanto, após anos de sucesso conquistado com muito trabalho, seus gastos descontrolados o levaram a, num rompante de ignorância, tomar decisões que marcaram para sempre sua carreira.
Outras produções
Simonal já foi tema de dois outros filmes. No primeiro, "É Simonal" (1970), uma comédia musical dirigida por Domingos Oliveira, o cantor foi o ator principal. A produção conta a história de um breve romance do cantor com uma fã mineira que foi ao Rio de Janeiro par conhecê-lo. Esquecível!
O segundo, este sim, um ótimo documentário, com depoimentos de pessoas famosas que conviveram com Wilson Simonal no auge da carreira e depois que caiu no esquecimento; "Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei", de 2007, foi dirigido por Cláudio Manoel (do "Casseta e Planeta"), Micael Langer e Calvito Leal. Entre os entrevistados estão Luis Carlos Miele, Chico Anysio, Pelé, Ziraldo, os filhos de Simonal - Wilson Simoninha e Max de Castro, além de Jaguar (do Pasquim), Nelson Motta, o maestro Ricardo Cravo Albin, Boninho e Sérgio Cabral, entre outros.
Uma pena, "Simonal" apesar da duração de 1h45, é lento e se preocupa mais com detalhes da vida pessoal e do casamento dele com Tereza do que fazer um bom trabalho investigativo, juntando fatos comprovados sobre o que realmente aconteceu com o cantor e a acusação que sofreu. Uma biografia fraca de ascensão e queda de um ídolo, amado e odiado na mesma proporção. "Simonal" ficou muito a desejar como história. Vale pelas músicas, a produção e o ótimo trabalho de Fabrício Boliveira e Isis Valverde.
Ficha técnica: Direção: Leonardo Domingues Produção: Forte Filmes / Globo Filmes Distribuição: Downtown Filmes Duração: 1h45 Gêneros: Drama, Biografia, Musical País: Brasil Classificação: 14 anos Nota: 3 (0 a 5)
Filmado na periferia de Contagem, longa é o mais recente trabalho dos diretores belo-horizontinos Gabriel Martins e Maurílio Martins (Fotos: Leonardo Feliciano)
Mirtes Helena Scalioni
É possível conciliar ética e honestidade com uma vida cheia de privações e sacrifícios nesses tempos de consumismo, vaidades e exibicionismos? É possível resistir a tantas delícias que parecem fáceis quando se vive num lugar chamado Laguna, a periferia da periferia da cidade de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte? Em nome de quê alguém pode seguir trabalhando honestamente, mesmo sendo maltratado e humilhado? Há esperança para os jovens pobres neste Brasil de tanta desigualdade? É mais ou menos isso que parece perguntar o filme "No Coração do Mundo", em cartaz no Belas Artes e Cineart Shopping Contagem.
Gabriel Martins e Maurílio Martins, os diretores do longa, conhecem muito bem essa realidade. Ambos viveram em Contagem e assinaram o premiado curta-metragem "Contagem/The inside", em 2010. Não é por acaso que apostam no tema favela/periferia/violência/drogas depois de tantos filmes tratando do assunto. Sai Cidade de Deus, entra Laguna. Sai Rio de Janeiro, entra Contagem. Sai o sotaque carioca com seus xis, entra o mineirês característico, quase caricato, com seu "uai", "sô" e "nossinhora". Muda o sotaque, mas a questão permanece: uma juventude abandonada à própria sorte, pulando de galho em galho, vivendo de bicos ou de trabalhos mal remunerados, amenizando o cotidiano com frequentes tragadas de maconha. Ninguém é de ferro.
Marcos (Leo Pyrata) é exemplo típico do jovem da periferia de Contagem (e de outras tantas cidades Brasil afora). Vive de pequenos delitos, sonha se casar com a batalhadora e romântica Ana (Kelly Crifer), que trabalha duro como cobradora de ônibus e vive se metendo em encrencas. Entre seus amigos estão figuras como uma ex-presidiária com quem conversa sempre enquanto divide o cigarro de maconha; a cabeleireira (Bárbara Colen), que dá duro no salão, tem marido, amante e ainda planeja "fazer Uber" à noite para complementar o orçamento e, ultimamente, a fotógrafa Selma (Grace Passô), que o convida a participar de um grande golpe, capaz de consertar para sempre a vida dele e de Ana.
A primeira cena de "No Coração do Mundo" já sinaliza: trata-se de um filme de grandes atuações, embora não conte com nenhum nome global/televisivo. Magnífica como sempre, Karine Teles ("Que Horas Ela Volta" - 2015, e "Benzinho" - 2018) tem pequena, mas marcante participação no início como a locutora daquelas empresas que promovem festas-surpresa. Todo o elenco está muito bem, com interpretações tão naturalistas que lembram um documentário.
Além da talentosa Grace Passô, conhecida em BH como grande atriz, autora e diretora de teatro, merecem destaque Leo Pyrata, que entrega um Marcos meio ingênuo, meio malandro; Kelly Crifer como a esperançosa e bela Ana; e Bárbara Colen como a cabeleireira que consegue trabalhar e viver como ninguém. Como são atores desconhecidos em sua maioria, não se justifica que, no final do longa, os nomes apareçam sem identificação dos personagens para que o público os reconheça. A relação atores/personagens só aparece mesmo naquela lista grande no final dos créditos, sem qualquer possibilidade de destaque.
A trilha sonora, repleta de funks e raps modernos e criativos, prova mais uma vez que a música que se faz em Minas vai muito além das canções de papo cabeça do Clube da Esquina ou dos rocks e baladas de Skank e Jota Quest. Com letras provocativas e rebeldes e ritmo envolvente, as canções de "No Coração do Mundo" são praticamente um personagem à parte.
Embora às vezes apresente cenas e personagens praticamente inúteis, como se a direção quisesse insistir para que o espectador jamais se esquecesse de onde e como aquele pessoal vive, há toques interessantes como a presença teimosa da religião com seus cantos e louvores permeando a miséria. Mas no fundo, todos - os bons, os maus e os moderados - estão em busca de mudança. Querem todos se mudar para um lugar chamado coração do mundo, que, segundo consta, fica bem pertinho de algum paraíso, onde a esperança sempre se renova.
Ficha técnica: Direção e roteiro: Gabriel Martins e Maurílio Martins Produção: Filmes de Plástico Distribuição: Embaúba Filmes Duração: 2 horas Gênero: Drama Localidade: Contagem (MG) Classificação: 16 anos
Dwayne Johnson, Jason Statham e Vanessa Kirby se unem para lutar contra um perigoso vilão mudado geneticamente (Fotos Universal Pictures/Divulgação)
Pedro Santos
Spin-off da famosa franquia de ação, "Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw" ("Fast & Furious Presents: Hobbs & Shaw") aproveita o carisma dos personagens principais, interpretados por Dwayne “The Rock” Johnson (Luke Hobbs), e Jason Statham (Deckard Shaw) para faturar mais uma boa bilheteria até a chegada do nono filme da série, previsto para maior de 2020. Antagonistas nos filmes 5 e 7 (2015) da franquia, eles se reencontraram em "Velozes e Furiosos 8" (2017) e são obrigados a trabalharem juntos pela primeira vez. A química desta divertida dupla de ação foi responsável por uma das melhores sequências do filme e levou os produtores a fazerem esta derivação da franquia.
O longa é estúpido, previsível e bastante exagerado, o roteiro não passa de uma desculpa para termos as cenas de ação. Os diálogos são caricatos e cheios de frases de efeito. Dito isso, ele acaba se tornando uma produção bem divertida, praticamente um desenho animado, levando-se em consideração o rumo que a franquia tomou a partir do quinto filme. Qualquer um que comprar um ingresso para esse "Hobbs & Shaw" sabe exatamente o que esperar: piadas em excesso, tiros e explosões que muitas vezes não fazem sentido (e nem precisam fazer).
Filmes como os da franquia "Velozes e Furiosos" servem para desligar o cérebro e simplesmente aproveitar o passeio. Logo depois que sair do cinema você provavelmente irá esquecer-se da trama e lembrar apenas das piadas e das cenas de ação. O diretor David Leitch está cientes do que o filme é, e não tenta ser diferente. Muito pelo contrário, apela para seu público alvo de uma maneira invejável. Porém há algumas partes que perdem um pouco o ritmo, como no último ato, por exemplo, que começa arrastado e demora bastante para engatar.
Na trama, Hobbs e Shaw são novamente obrigados a trabalharem juntos, apesar de suas personalidades e gostos opostos. A dupla precisa unir forças para enfrentar Brixton (Idris Elba), comandante de uma organização terrorista alterado geneticamente que se tornou uma ameaça biológica global. Para tanto, eles contam com a ajuda de Hattie (Vanessa Kirby), irmã de Shaw, que é também agente do MI6, o serviço secreto britânico.
Os atores não são tecnicamente bons, mas o carisma da dupla principal carrega o filme, que conta ainda com as excelentes participações especiais. A maioria das piadas é boa, porém o filme se apoia muito em referências de outros longas, o que pode ficar um pouco cansativo para quem não gosta desse tipo de humor. Idris Elba, o melhor do elenco, interpreta o vilão e, infelizmente, faz um personagem chato com uma performance igualmente esquecível. Também participam da trama os atores Vanessa Kirby, Helen Mirren, Eddie Marsan, Elza Gonzales e grande elenco.
"Hobbs & Shaw" é um filme que se encaixa nos padrões recentes da franquia e agradará aos fãs pela ação exagerada e pelo humor. Se você está buscando por um filme inteligente ou inovador, procure outra opção no cinema. Entretanto, se quiser deixar o realismo de lado, sente-se e aproveite o filme pelo que ele é. Vai ser um passatempo interessante.Muitos poderão achar que se trata de uma produção trivial e sem substância, mas serão as bilheterias, como sempre, que irão ditar se o spin-off vai merecer ou não uma continuação com a explosiva dupla.
Ficha técnica: Direção: David Leitch Produção: Universal Pictures Distribuição: Universal Pictures Duração: 2h16 Gênero: Ação País: EUA Classificação: 14 anos Nota: 2,5 (0 a 5)
De 8 a 13 de outubro, o público poderá assistir gratuitamente 86 filmes durante a 19ª Goiânia Mostra Curtas, que será relizada no Teatro Goiânia (GO). Sete produções mineiras foram selecionadas para participar da exibição, que reunirá ficção, animação, documentário e experimental de todas as regiões do Brasil. São elas: Alma Bandida (MG); Angela (MG); Looping (MG); Peixe (MG); Plano Controle (MG); Poética de Barro (MG); The URSAL Nightmares (MG).
"Angela", de Marília Nogueira
A Região Sudeste ficou com a maior participação, apresentando 28 filmes nas mostras competitivas. Além dos mineiros, serão 16 produções de São Paulo, quatro do Rio de Janeiro e um do Espírito Santo: A felicidade delas (SP); Antes de Ontem (SP); Liberdade (SP); Livro e meio (SP); Mesmo com Tanta Agonia (SP); NEGRUM3 (SP); Planeta Fábrica (SP); Preciso Dizer que Te Amo (SP); Primeiro ato (SP); Quebramar (SP); Gravidade (SP); Interrogação (ou Psicopata Legalizado) (SP); Isso é o Mundo Cão (SP); Oração à Terra – Prayer to the Earth (SP); Raskolnikov (SP); Venha (SP); Umas & Outras (RJ); Vigia (RJ); Perpétuo (RJ); CorkScream (RJ) e Licença Poética (ES).
"Peixe", de Yasmin Guimarães
A 19ª Goiânia Mostra Curtas trará para a capital de Goiás cineastas, produtores, distribuidores, exibidores e representantes do governo e de agências de fomento. Além da exibição de filmes, a programação deve incluir, debate, encontro com realizadores, laboratórios de roteiros audiovisuais, painéis, masterclasses, oficinas e evento de network, como eventos que fazem parte da Feira Audiovisual.O festival divulgou a lista dos filmes selecionados depois de receber mais de 1.000 inscrições para sua mostra competitiva. A seleção completa está disponível através do link:http://www.goianiamostracurtas.com.br/19/lista-filmes/
"Plano Controle", de Juliana Antunes
As quatro mostras competitivas têm 70 filmes selecionados, sendo que alguns participam de mais de uma categoria: Mostra Brasil (38), que apresenta um panorama da produção nacional em curta-metragem; Mostra Goiás (11), para dar visibilidade à produção local; Curta Mostra Animação (18) e 18ª Mostrinha (6), dedicada ao público infantil, com foco na diversão e educação. São 36 curtas de ficção, 20 animações, 13 documentários e 1 experimental, sendo produções de 15 estados brasileiros e do Distrito Federal. Além dessas, outras 16 estarão na Mostra Especial, não competitiva.
"Poética de Barro", de Giuliana Danza
Este ano houve um expressivo número de inscrições. Minas Gerais está entre os estados com maior participação, junto com São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Rio Grande do Sul. “O processo de seleção foi árduo e os curadores tiveram trabalho na definição dos escolhidos, diante da qualidade das obras que chegaram até nós”, ressalta a diretora-geral do Goiânia Mostra Curtas, Maria Abdalla, que agradeceu a participação tão significativa e parabeniza aos selecionados. Foram 555 produções inscritas de ficção, 264 documentários, 123 experimentais e 61 animações, somando um total de 1.003 filmes.
The URSAL Nightmares, de Guilherme Teresani
Premiação
Os vencedores da edição deste ano ganharão o Troféu Icumam. Entre os prêmios estão também locação de equipamentos, cursos de formação audiovisual, serviços de pós-produção, finalização, distribuição e prêmios de aquisição. Os curtas-metragens da Mostra Brasil vão concorrer também ao prêmio de Melhor Filme, que será escolhido pelo Júri SescTV. Já o Melhor Filme de cada mostra será eleito pelo Júri Elo Company. Além disso, o festival terá ainda a Mostra Especial, que não é competitiva, mas temática.
Ficha Técnica: 19ª Goiânia Mostra Curtas Data: 8 a 13 de outubro de 2019 Local: Teatro Goiânia - Goiânia (GO) Entrada: Gratuita Tags: #GoiâniaMostraCurtas, #Goiânia, @AlmaBandida, #TrofeuIcumam, #curtasmineiros, #cinemaescurinho
Filme narra a vida íntima de um dos mais famosos seriais killers dos EUA, responsável por mais de 30 mortes (Fotos: Brian Douglas/Netflix)
Pedro Santos
“Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile”, em tradução livre: Extremamente maldoso, chocantemente maligno e vil, é o título original de "Ted Bundy - A Irresistível Face do Mal", filme estrelado por Zac Efron, no papel do famoso serial killer, e Lily Collins como Liz Kendall. Também foram esses os adjetivos que o juiz Edward Cowart usou para descrever os crimes cometidos por Ted Bundy, que matou mais de 30 mulheres durante a década de 1970 em mais de sete estados norte-americanos, apesar de o número real de vítimas ser desconhecido e provavelmente muito maior.
O filme conta a trajetória do serial killer a partir da perspectiva de Liz Kendall (cujo nome verdadeiro é Elizabeth Kloepfer), ex-namorada de Bundy. O livro escrito por ela em 1981, "O Príncipe Fantasma: Minha Vida com Ted Bundy", narra o relacionamento abusivo e tempestuoso do casal e serviu de base para o filme. E mostra como uma pessoa tão perigosa e doente pode viver incógnita entre nós, sem levantar qualquer suspeita. Na sequência, a produção apresenta as tentativas de Bundy de sair impune de seus crimes. Por se tratar de um serial killer real, nunca há dúvida sobre ele ser ou não culpado pelos atos hediondos cometidos. Porém, os personagens da trama não sabem que convivem com um monstro, o que gera momentos de tensão interessantes.
Durante o filme vemos como o assassino em série utiliza seu carisma e inteligência para manipular e atrair suas vítimas de maneira sedutora e também para moldar a opinião das pessoas sobre ele. Com esta mesma sutileza são apresentados alguns pontos da personalidade doentia de Bundy, deixando constantemente a impressão de que há alguma coisa estranha com relação a ele. Os assassinatos nunca ficam explícitos e o filme mostra apenas alguns momentos de violência, deixando que as atrocidades fiquem apenas na imaginação do espectador, onde elas são muito mais efetivas.
Os atores principais estão muito bem. Zac Efron (um dos produtores) surpreende pela forma como consegue imitar as expressões e maneirismos de Ted Bundy, que além de assassino era sequestrador, estuprador, ladrão e necrófilo. E se não estivesse claro que se trata de um psicopata, o espectador poderia até sentir simpatia pelo personagem e achar que tudo não passa de um mal entendido. Lily Collins mostra muito bem como é difícil para Liz aceitar que está sendo enganada pelo homem que ama. Ela entra em negação cada vez que mais evidências são apresentadas, o que a leva a acreditar que é responsável pelo que está acontecendo.
Além do casal principal, John Malkovich está ótimo interpretando o juiz Edward Cowart, proporcionando alguns momentos de alívio cômico no filme. Jim Parsons consegue se desvencilhar do seu icônico papel de Sheldon Cooper (da série premiada de TV "The Big Bang Theory") e retrata Larry Simpson, o promotor sério e determinado a botar Ted atrás das grades.
A direção do filme é competente e impressiona por ser fiel a momentos da história real que são mostrados no final. A experiência certamente poderá ser melhor se o espectador já conhecer o caso do famoso assassino em série norte-americano. Então recomendo a série documental da Netflix “Conversando com um serial killer: Ted Bundy” (2019), também dirigida por Joe Berlinger, que aborda os crimes cometidos pelo sedutor assassino.
Bundy ainda tem uma participação na série “Mindhunter” (2017), outra produção Netflix. "Ted Bundy - A Irresistível Face do Mal" é interessante, especialmente porque os seriais killers são muito intrigantes. Assusta pensar que pessoas assim existem no meio de nós. O elenco está muito bom e competente, mas não inova e nem ousa em nada.
Diane Keaton comanda o primeiro grupo do país de "cheerleaders" da terceira idade, com direito a dança e pompons (Fotos: Universum Film/Divulgação)
Mirtes Helena Scalioni
Por preconceito ou não, dificilmente alguém que entenda minimamente de cinema vai se interessar por um filme chamado "As Rainhas da Torcida". E desta vez, não se pode culpar os tradutores e responsáveis pela versão. O título original é "Poms", algo que talvez signifique "Pompons". Ou seja: nada de atrativo. E quando a produção é classificada como comédia, ficam ainda mais reduzidas as chances de atrair. Acontece que o elenco é encabeçado por Diane Keaton, atriz cujo nome está sempre ligado a bons trabalhos e atuações elogiadas. Está aí um bom motivo para arriscar uma olhadela nas salas onde o filme será exibido a partir desta quinta-feira (25).
Outra possibilidade que o filme tem de conquistar o público é a sinopse: com problemas de saúde, Martha (Diane Keaton) vai viver numa comunidade de aposentados perto de Phoenix, capital do estado americano do Arizona. Subvertendo as rígidas regras do condomínio, decide criar um grupo de "cheerleaders", o primeiro do país composto apenas por mulheres acima de 60 anos.
Um detalhe: "cheerleaders" são aquelas meninas normalmente lindas e de corpos perfeitos que costumam rebolar e sacudir pompons para animar jogos nos Estados Unidos. O resumo é, portanto, no mínimo, curioso, e pode despertar o interesse de determinada faixa etária do público. Filmes sobre a maturidade estão na moda e tendem a fazer sucesso.
Nada mais americano do que líderes de torcida. Nada mais americano do que condomínios cheios de regras onde moram idosos ricos e remediados. Nada mais americano do que desrespeitar essas regras, desde que o fim seja nobre e edificante o suficiente e ainda valorize a atividade física na terceira idade. Nada mais americano do que um bando de gente velha que canta, salta e dança sem se importar com o ridículo das gordurinhas e a falta de jeito. No Brasil, seriam chamadas de "velhinhas ilariê".
Uma curiosidade que pode enriquecer o filme, que tem roteiro e direção de Zara Hayes: além do elenco, majoritariamente feminino, dos cinco componentes da equipe de produção, três são mulheres, além da montadora. Isso talvez confira à produção um olhar marcadamente feminino, com suas particularidades, tons, cores e diálogos, nem sempre delicados. Às vezes, há ironia, principalmente quando o tema é a independência da mulher.
"As Rainhas da Torcida" é, enfim, uma comédia tipicamente americana, com alguns toques de drama para equilibrar e temperar. Além de Diane Keaton - cuja transformação e expressão corporal impressionam ao longo do filme, na medida em que sua saúde piora - as demais atuações são corretas: Jacki Weaver como a espevitada vizinha de Martha; Celia Weston e Pam Grier como as amigas solidárias Vicki e Olive; Alisha Boe e Charlie Tahan como Chloe e Ben, os inevitáveis personagens jovens que acabam apostando nas velhinhas; e Bruce McGill, como Carl, espécie de xerife do condomínio, meio bravo, meio bonzinho.
Tudo como o esperado, sem nenhuma surpresa ou novidade. Interessante é que, talvez por ser tão bem construído dentro de obviedades, o filme emociona. Em certos momentos, fica difícil segurar as lágrimas.
Classificação: 12 anos Duração: 1h31 Distribuição: Diamond Films