17 dezembro 2019

"Entre Facas e Segredos", uma trama no melhor estilo Agatha Christie

Com grande elenco, filme reúne todos os ingredientes de um ótimo policial (Fotos: Metropolitan Film/Divulgação)

Maristela Bretas


O diretor Rian Johnson entrega uma grande trama, digna de Agatha Christie, na produção “Entre Facas e Segredos” (“Knives Out”), em exibição nos cinemas. Reunindo diversos ingredientes encontrados nos romances policiais da excelente escritora, o filme esbanja em charme no figurino, roteiro redondo, elenco na medida e trilha sonora impecável. Essas qualidades garantiram diversas indicações a prêmios, inclusive de Melhores Ator e Atriz, além de Melhor Filme Comédia no Globo de Ouro, Critics Choice Award e Satellite Award.


O roteiro remete claramente a um dos maiores sucessos literários da escritora - “Assassinato no Expresso do Oriente” -, que recebeu uma fiel versão cinematográfica em 2017, com Kennetth Branagh e elenco também estrelado. Mas Rian Johnson não ficou pra traz e deixou o suspense pairar no ar, mesclado com pitadas de comédia. Três atores se destacam na história, mesmo com a ótima atuação de todo o elenco: Daniel Craig, Ana de Armas e Christopher Plummer.


Daniel Craig ("007 Contra Spectre" - 2015) ficou muito a vontade interpretando o detetive particular Benoit Blanc, uma versão britânica do famoso Hercule Poirot, com a mesma classe, perspicácia e objetividade. Com muito charme, ele se diverte com a produção e se deixa levar pelo personagem. O resultado é uma excelente atuação, que lhe valeu a indicação de Melhor Ator em Comédia no Globo de Ouro e Satellite Award.


Já Ana de Armas ("Blade Runner 2049" - 2017), no papel de Marta Carrera, a cuidadora do escritor milionário Harlan Thrombey, joga com as pessoas, ao mesmo tempo em que paga pra ver o que vai dar na disputa pela herança de seu cliente. E por sua atuação foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz em Comédia no Globo de Ouro e Satellite Award 2020. Além deste papel ele vai voltar a contracenar com Daniel Craig em "007 - Sem Tempo Para Morrer", que estreia em abril de 2020. Christopher Plummer ("Todo o Dinheiro do Mundo" - 2017) é Harlan Thrombey, o morto que vai ditar todo o rumo da história. Como sempre, entrega uma ótima atuação.


Além deste trio, outras grandes participações garantiram ao filme a indicação ao prêmio de Melhor Elenco na disputa do Critics Choice Award 2020. Os personagens interpretados pela ótima Jamie Lee Curtis ("Halloween" - 2018), Michael Shannon ("Animais Noturnos" - 2017), Toni Collette ("Hereditário" - 2018), Don Johnson (muito bom como o genro puxa saco que só quer a grana do sogro) e o gatíssimo Chris Evans ("Vingadores: Ultimato" - 2019) foram fundamentais para o desenrolar da trama.


Ganância, ódio, vingança foram os sentimentos predominantes e ajudaram a montar a atmosfera de mistério que envolve "Entre Facas e Segredos". O diretor Rian Johnson, responsável por sucessos como "Star Wars: Os Últimos Jedi" (2017) e "A Ponta de um Crime", também rejuvenesceu a história (um diferencial da obra de Agatha Christie), incluindo rostos jovens, mas conhecidos do público - Jaeden Martell ("It: A Coisa" -2017) e Katherine Langford ("Com Amor, Simon" - 2018).


A história gira em torno do milionário romancista Harlan Thrombey, patriarca da família e bem-sucedido proprietário de uma renomada editora, que aparece morto logo após sua festa de aniversário de 85 anos. Filhos, noras, netos e empregados, que estavam presentes no evento se tornam suspeitos. E motivos não faltaram. Cabe ao charmoso e irônico detetive particular Benoit Blanc descobrir quem está por trás desta morte misteriosa. Teria sido um homicídio ou suicídio?


O maior entrave do investigador é a rede de mentiras que envolve toda a família e a relação tortuosa deles com o morto. Chris Evans, que interpreta Ramson, o neto rebelde do milionário, definiu bem a história em uma entrevista sobre o filme: "Quando há uma reunião, como as de muitas famílias, todos perdem um tanto a cabeça e as farpas acabam por voar, desgovernadamente”.

‘Entre Facas e Segredos’ é uma história de mistério à moda antiga, com humor e suspense bem utilizados, que prende o espectador até um final inesperado, mesmo depois de o autor do crime se revelado. As reviravoltas são muitas, o que o torna ainda mais interessante. Sem contar o figurino, a ambientação. Um filme imperdível e merecedor de vários prêmios.


Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Rian Johnson
Produção: MRC / Ram Bergman Productions / Lionsgate
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 2h10
Gêneros: Suspense/ Comédia / Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

Tags: #EntreFacasESegredos, #ChristopherPlummer, #JamieLeeCurtis, #DanielCraig, #AnaDeArmas, #ParisFilmes, #suspense, #comédia, #drama, @cinemescurinho, @cinemanoescurinho

14 dezembro 2019

"Invocação do Mal 3" chega em 2020 com caso mais polêmico de possessão demoníaca

Os atores Vera Farmiga e Patrick Wilson se reúnem novamente no sétimo filme da franquia (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Da Redação


Ed e Lorraine Warren voltam em 10 de setembro de 2020 às telas de cinema com o caso mais polêmico enfrentado por eles. "Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio" terá novamente nos papeis principais os atores Patrick Wilson e Vera Farmiga, o que já garantia de novo sucesso no cinema. A produção é da New Line Cinema, com distribuição da Warner Bros. Pictures.

Este é o sétimo filme do universo "Invocação do Mal", a maior franquia de terror da história, que arrecadou mais de US $ 1,8 bilhão em todo o mundo. Além dos dois primeiros filmes -  "Invocação do Mal" (2013) e  "Invocação do Mal 2(2016), temos também "Annabelle" (2014) e "Annabelle 2: A Criação do Mal" "(2017), "A Freira" (2018) e "Annabelle 3 – De Volta Para Casa" (2019).

Desta vez, James Wan, responsável pelo ótimo "Invocação do Mal 2" (2016), assume a produção juntamente com Peter Safran, e entrega a direção para Michael Chaves ("A Maldição da Chorona"). O anúncio do novo título - “The Conjuring – The Devil Made Me Do It” - foi feito pela Warner Bros Pictures durante a CCXP, ocorrida em São Paulo.


"Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio" revela a história assustadora de um crime bárbaro e a possibilidade de que demônios teriam usado um homem para cometer o crime. Esta foi a primeira vez na história dos Estados Unidos que um suspeito de assassinato alegar ter tido uma possessão demoníaca como defesa.

Os experientes investigadores de atividades paranormais Ed e Lorraine Warren foram chamados para atender o caso, mas até eles ficaram assustados. A história começa com uma luta pela alma de um garoto, possuído por nada menos que 43 demônios diferentes. Além de Patrick Wilson e Vera Farmiga, o filme conta também em seu elenco com Ruairi O’Connor, Sarah Catherine Hook e Julian Hilliard.


Tags: #InvocacaoDoMal3, #TheConjuringTheDevilMadeMeDoIt, #Ed Warren, #LorraineWarren, #PatrickWilson, #VeraFarmiga, #JamesWan, #InvocacaodoMal, #terror, #WarnerBrosPictures, @cinemanoescurinho

11 dezembro 2019

Muita ação e um roteiro bem amarrado fazem de "Crime Sem Saída" um ótimo policial

Chadwick Boseman interpreta um policial que caça dois suspeitos de matarem policiais em Nova York (Fotos: Metropolitan Film/Divulgação)

Maristela Bretas


Policiais mortos, Nova York fechada, um assalto suspeito e uma caçada implacável comandada por Chadwick Boseman ("Pantera Negra" - 2018). Esse é o enredo do ótimo suspense policial "Crime Sem Saída" ("21 Bridges"), em cartaz nos cinemas. Com muita ação, do início ao fim, a produção, dirigida por Brian Kirk, conta com atuação marcante de Boseman, como o inspetor de polícia André Davis. Ele quer pegar dois assaltantes e desvendar o que há por trás do crime que deu errado e acabou numa chacina de policiais.



Boseman, além de atuar, é um dos produtores do filme, juntamente com os irmãos Joe e Anthony Russo, com quem trabalhou nos sucessos "Vingadores: Guerra Infinita" (2018) e "Vingadores: Ultimato" (2019). Ótimas perseguições, de carro e a pé, bons efeitos especiais, elenco coadjuvante entregando também boas atuações. É o caso do sempre muito bom J.K.Simmons ("Homem-Aranha: Longe de Casa" - 2019), como o capitão de polícia McKenna. E também, Stephan James (Michael), Taylor Kitsch (Ray) e Sienna Miller, no papel da agente da Divisão de Narcóticos, Frankie Burns.


A trama é ágil, vibrante e preenche bem seu tempo de duração de pouco mais de pouco de 1h41, sem ficar embromando. O policial interpretado por Boseman planeja cada passo que ele e seus suspeitos darão e vai puxando a história para si, sem deixar de dar a devida importância para os demais personagens, em especial Michael e Ray. Os crimes, as fraudes e irregularidades, mesmo que injustificáveis, têm suas justificativas na visão de cada um que os comete.


Após um assalto mal sucedido a um restaurante (que guardava drogas) e oito policiais mortos, dois rapazes passam a ser caçados pela cidade por toda a corporação, chefiada, pelo inspetor André Davis, conhecido por seus colegas por não deixar matador de polícia vivo. Em meio a isso, a cidade que nunca dorme é fechada durante a madrugada e todas as saídas - aeroportos, estações de metrô, de trens e de barcos - bloqueadas. O nome do filme em inglês vem deste bloqueio - "21 Bridges", ou seja, 21 pontes, que são exatamente as saídas por terra de Nova York. 


Com toda a polícia nas ruas para tentar capturar a dupla, o inspetor Davis, auxiliado pela agente Burns, só tem seis horas para capturar Michael e Ray e solucionar o crime, antes que a cidade seja reaberta. Mas as investigações vão revelando outras situações e a trama ganha rumos diferentes, interligando e o assunto é apenas uma cortina de fumaça. "Crime Sem Saída" é um ótimo filme, roteiro redondo, ação na medida certa e elenco bem escolhido que entregou boas interpretações. Merece ser assistido.


Ficha técnica:
Direção: Brian Kirk
Produção: STX Films /MWM Studios/Huayi Brothers
Distribuição: Galeria Distribuidora
Duração: 1h41
Gêneros: Policial / Suspense / Ação
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #CrimeSemSaida, #21Bridges, #ChadwickBoseman, #JKSimmons, #ação, #suspense, #policial, #GaleriaDistribuidora, #EspacoZ, @cineart_cinemas, @cinemaescurinho, #cinemanoescurinho

06 dezembro 2019

"Midway - Batalha em Alto Mar" um filme que impacta pelos efeitos especiais nos combates

Longa dirigido por Roland Emmerich é baseado em fatos históricos da Segunda Guerra Mundial (Fotos: Reiner Bajo)

Maristela Bretas


Para quem adora um bom filme de combate aéreo, especialmente da Segunda Guerra Mundial, a grande indicação em cartaz nos cinemas é "Midway - Batalha em Alto Mar", produção dirigida por Roland Emmerich, o mesmo de "Independence Day - O Ressurgimento" (2016). O filme impressiona pelos efeitos especiais, muito parecidos com os de "Pearl Harbor" (2001), porém com um elenco um pouco mais barato e uma hora a menos de duração.




Sai Ben Affleck da produção dirigida por Michael Bay e entra Ed Skrein (de "Malévola: Dona do Mal "- 2019) para ocupar a vaga do herói das alturas, na segunda batalha contra os japoneses. E é a partir do ataque a Pearl Harbor, em dezembro de 1941, que a história de "Midway" se desenvolve. Os norte-americanos, pegos de surpresa e com o poder de fogo reduzido, decidem contra-atacar os inimigos nipônicos em pleno Oceano Pacífico. 

Por meio de mensagens codificadas, a Marinha Americana conseguiu identificar a localização e o horário dos ataques previstos pela Marinha Imperial Japonesa. E a grande batalha de Midway, ocorrida em junho de 1942, que ficou conhecida como uma das mais importantes para o fim da Segunda Guerra Mundial.



Na produção, personagens famosos deste confronto foram lembrados e homenageados por sua atuação. Ed Skrein, que interpreta o piloto Dick Best, continua meio canastrão e não convence muito com seu chicletes na boca. Outro bem sem graça é Luke Evans (de "Drácula - A História Nunca Contada" - 2014) que não faria a menor diferença se não participasse do elenco. 



Já Patrick Wilson (da franquia de sucesso "Invocação do Mal") está bem melhor, como o tenente Edwin Layrton, cuja equipe decodificava as mensagens do inimigo. Woody Harrelson ("Zumbilândia 2 - Atire Duas Vezes" - 2019) está mais comedido, mas deixa sua marca como o Almirante Nimitz. Dennis Quaid ("Quatro Vidas de um Cachorro" - 2017) também ajuda a sustentar o grupo. Destaque para Nick Jonas, que está muito bem como o piloto Bruno Gaido, um falastrão cheio de si. Darren Criss e Aaron Eckhart fazem pequenas participações.



O filme se concentra nas histórias do piloto Dick Best e do estrategista da inteligência naval, Edwin Layton. Especialmente em como suas atuações foram essenciais para que a história terminasse como esperado. Baseado em fatos históricos, o longa impacta o público com cenas de tirar o fôlego e ótimos efeitos especiais. Os americanos ainda são os heróis, mas ao contrário de outras produções sobre o tema, esta apresenta os dois lados do conflito e suas razões. Os japoneses não são mais os vilões sanguinários como sempre foram mostrados.

"Midway - Batalha em Alto Mar" mostra que havia militares contrários ao ataque à frota norte-americana. A questão da honra pelos japoneses é tratada como deve ser - com respeito. Tanto que o filme é dedicado a todos os soldados que lutaram nessa batalha. Vale a pena conferir nos cinemas.



Ficha técnica:
Direção: Roland Emmerich
Produção: Centropolis Entertinment / Bona International Film Group / The Mark Gordon Company
Distribuição: Diamond Films
Duração: 2h19
Gêneros: Ação / Histórico / Guerra
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #MidwayBatalhaEmAltoMar, #guerra, #histórico, #ação, #RolandEmmerich, #EdSkrein,  #PatrickWilson, @cineart_cinemas, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

05 dezembro 2019

Jazz e atuação de Edward Norton são os destaques de "Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe"

Filme é ambientado na Nova York de 1950 e aborda racismo e especulação imobiliária (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Com ótima atuação de Edward Norton, um belo figurino, boa reconstituição de época e uma irrepreensível trilha sonora entra em cartaz nesta quinta-feira o filme "Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe" ("Motherless Brooklyn"). Além do papel principal, Norton dirigiu, roteirizou e produziu o filme, uma das boas estreias desta semana. O elenco conta ainda com Alec Baldwin, Willem Dafoe, Gugu Mbatha-Raw e uma rápida aparição de Bruce Willis que é importante para o enredo.


Ambientado em 1950, o filme é embalado pela sonoridade de trompetes e saxofones oferecendo uma atração à parte - um bom jazz, como era tocado nos bairros negros de Nova York naquela década. O compositor Daniel Pemberton foi o responsável pela excelente trilha sonora - talvez a melhor parte da produção. Ele faz um dueto com o trompetista Wynton Marsalis na bela "Woman in Blue". Thom Yorke (Radiohead) convidou Flea (Red Hot Chili Peppers) para interpretar com ele a música-tema "Daily Battles", que também ganhou uma versão instrumental com Marsalis.


Norton entrega um personagem solitário - Lionel Essrog, um dos integrantes da agência de detetives particulares chefiada por Frank Minna (Bruce Willis), que se envolve com pessoas erradas para faturar um dinheiro a mais e acaba morto. Lionel sofre de Síndrome de Tourette e passa o filme todo se explicando e pedindo desculpas pelos ataques e tiques nervosos incontroláveis que aparecem nos momentos mais inoportunos. No início os muitos "Se" e frases desconexas são até engraçadas, mas depois de um tempo se tornam cansativas, apesarem de fazer parte do personagem, o que não desmerece o trabalho do "faz tudo" Norton.


Solitário e obstinado, Lionel é considerado uma aberração pelos colegas. Apesar da doença, ele tem uma rara capacidade de guardar informações, nomes e rostos e sairá em busca dos assassinos de seu chefe e mentor. Só não esperava acabar envolvido numa sórdida trama política, que envolve troca de favores, racismo e especulação imobiliária, cujos principais alvos a serem exterminados ou expulsos de suas casas são os negros e imigrantes.


Alec Baldwin faz o papel do inescrupuloso Mose Randolph, um mafioso do colarinho branco que controla o prefeito e seus assessores e tudo o que acontece na cidade. É ele quem define o que será construído e o que será colocado abaixo para atender a seus interesses e a sua obsessão por poder. E para conseguir o quer, não se preocupa em eliminar quem atravessa seu caminho, sejam moradores, ativistas de direitos humanos, como a advogada Laura Rose (papel de Gugu Mbatha-Raw), ou de investigadores xeretas.


Baseado no romance homônimo escrito em 1999 por Jonathan Letherm, "Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe" tem um ponto ruim: o ritmo, muitas vezes, é lento demais e leva a uma dispensável duração de 2h24. Esticou muito para correr e resolver tudo nos 40 minutos finais. Falha de um roteiro muito longo que se perde em algumas partes. 


Além da trilha sonora, destaque para a fotografia, que explora os ambientes escuros, assim como a iluminação. Uma cena chama a atenção pela beleza plástica - o mergulho de Norton induzido pela heroína que ele fumou. Os figurinos e a ambientação da Nova York daquela época também merecem aplausos e fecham bem o pacote da produção. Vale a pena conferir a produção em grande estilo, com o novo cardápio gastronômico da Sala 1 Premier do Net Cineart Ponteio.


Ficha técnica:
Direção, Roteiro e Produção: Edward Norton
Produção: Class 5 Films / Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 2h24
Gêneros: Drama / Policial
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #BrooklynSemPaiNemMãe, #EdwardNorton, #AlecBaldwin, #WillemDafoe, #NetCineartPonteio, #cineart_cinemas, #drama, #policial, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

26 novembro 2019

"Ford vs. Ferrari" - Velocidade e ambição em uma grande produção de arrepiar

Matt Damon e Christian Bale formam a dupla principal do filme que mostra a mudança na forma de disputar uma corrida (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas

Dois grandes atores numa mesma paixão: carros e velocidade. Matt Damon ("A Grande Muralha" - 2017 e "Perdido em Marte" - 2015) e Christian Bale ("Trapaça" - 2014) e "Vice" - 2019) estão juntos e espetaculares na produção "Ford vs. Ferrari", ambientado na década de 1960 sobre a disputa entre duas grandes marcas para provar quem era melhor nas pistas de corrida. De um lado, a montadora norte-americana Ford, uma das maiores do mundo na produção de carros convencionais, mas sem tradição nas pistas de corrida, que agora precisa aumentar seu prestígio e, claro, as vendas. Do outro, a sempre lendária escuderia italiana, vencedora da maioria das disputas de velocidade e beleza no design de seus modelos, mas que sofre com a possibilidade de uma falência.


Com ótimas atuações, muita adrenalina, momentos emocionantes de corrida - com direito a batidas à altura de um grande prêmio - "Ford vs. Ferrari" ainda oferece ao público a oportunidade de acompanhar os bastidores da criação, montagem, treinos e disputa de um grande carro nas pistas - o Ford GT40. Mas também aborda o lado obscuro das negociações que ocorrem nesse seleto grupo do setor automobilístico, onde o glamour é só para atrair fãs e compradores.


No filme, a Ford resolve apostar nas pistas para conquistar o glamour da concorrente e campeã Ferrari. E não mede esforços (e dinheiro) para chegar em primeiro. Para conseguir, em três meses, construir o carro dos sonhos que vai chegar ao primeiro lugar do pódio é chamado um vencedor - Carroll Shelby (Matt Damon), ex-piloto e construtor de carros, dono da Shelby-American (marca que foi sucesso naquela época).


Com o apoio do então executivo de marketing, que despontaria anos depois como o homem que reergueu a Chrysler Motors, Lee Iacocca (papel de Jon Bernthal), ele consegue trazer para a equipe o genioso, mas excepcional piloto e engenheiro Ken Miles (Christian Bale). Shelby, no entanto terá de enfrentar os executivos burocratas da Ford, especialmente Leo Beene (Josh Lucas), que não aceitam a decisão do presidente de investir nesta categoria de carros esportivos.


Ambição se mistura a velocidade, tanto de pilotos e construtores quanto de empresários, cada um querendo ser a peça principal de uma disputa que pode representar uma derrota para a imagem de uma importante marca ou sua entrada triunfal para uma nova categoria. Os empresários Henry Ford II e Enzo Ferrari têm ambições diferentes, mas o mesmo objetivo - chegar em primeiro lugar. 


Ford pode e quer investir muito para conquistar isso, enquanto o italiano já é um vitorioso há anos, especialmente na tradicional prova anual das 24 Horas de Le Mans, na França. A marca do cavalinho rampante é sinônimo de beleza, potência e glamour, mas os gastos para manter tudo isso a levaram a uma crise financeira, que pode colocar fim à escuderia.

Nesta briga de quem vai vencer ou perder, correm as histórias de bastidores. Cada personagem é apresentado com seus dilemas e sonhos. Shelby é um amante das pistas que não pode mais correr, mas não abandonou o automobilismo. Muito respeitado por sua trajetória, inclusive como campeão, ele é chamado para chefiar a equipe da Ford. 


Já Miles é um homem difícil, mas um gênio para pilotar e tornar um carro vencedor. Casado e pai de Peter (o fofo Noha Jupe), ele aceita integrar o grupo, mesmo sabendo que está sendo usado pela empresa que só quer prestígio, ao contrário dele que só quer vencer como o melhor piloto dirigindo o melhor carro.

Esta ótima produção, baseada em fatos reais e dirigida por James Mangold - o mesmo de "Logan" (2017) -, contou um pouco do que foi a entrada da Ford nas corridas, a construção e lançamentos de grandes carros da montadora, as falhas que alguns deles apresentavam. Apresentou também pilotos que se tornaram grandes nomes no meio automobilístico como Ken Miles, Carroll Shelby, (vencedor de Le Mans em 1959), Bruce McLaren (fundador da escuderia McLaren), Lorenzo Bandini (Ferrari). Com certeza vai agradar aos amantes da velocidade e das corridas.


Ficha técnica:
Direção: James Mangold
Produção: 20th Century Fox / Chernin Entertainment
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h33
Gêneros: Biografia / Drama
Nacionalidade: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #FordVsFerrari, #MattDamon, #ChristianBale, #Ferrari, #FordGT40, #Ford, #20thCenturyFox, #FoxFilmdoBrasil, @cineart_cinemas, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

25 novembro 2019

"Bate Coração" entrega boa trilha sonora e interpretações divertidas

Comédia leve traz temas importantes como doação de órgãos, homofobia, família e claro, a 
alegria de viver (Fotos: Downtown Filmes/Divulgação)
               
                                  

Maristela Bretas


Quando o diretor Glauber Filho resolveu apostar na comédia Bate Coração, baseado na peça homônima,ele fez uma boa escolha do elenco para abordar um tema ainda pouco discutido nas telonas: a doação de órgãos. De maneira divertida, mas sem perder a seriedade quando se fala na importância deste ato para salvar vidas, o filme tem em seu personagem principal, o pernambucano Aramis Trindade, muito conhecido por seus papéis em novelas, a grande estrela. 


Com ótimas piadas, caras e bocas, ele é o coração do longa, literalmente. E é com o talento que ele consegue evitar que a produção cearense caia numa comédia comum, com personagens caricatos, apesar do ótimo trabalho de alguns atores, como os mineiros Maurício Canguçu e Ílvio Amaral. O roteiro da comédia foi inspirado em duas peças de Ronaldo Ciambroni – "O Coração Safado" e no fenômeno de bilheteria bem conhecido por todos nós, sucesso de anos e anos na Campanha de Popularização do Teatro e da Dança de BH, "Acredite, Um Espírito Baixou em Mim", estrelada por Amaral e Canguçu.


Amaral interpreta Cassandra, companheira e duplade show da transexual Isadora Sunshine (Aramis). Ela quer tudo o que era da amiga morta porque acha que fez dela uma grande estrela. Já Canguçu, é Dolores, um trans, muda e admiradora incontestável de Cassandra. Ela é o braço direito e o esquerdo, estando sempre ao seu lado em todas as tramoias.


Contra o preconceito

A história se resume à vida de duas pessoas: IsadoraSunshine (com ótima interpretação de Aramis) e Sandro (papel de André Bankofi), um publicitário conquistador e machista. Mas um atropelamento põe fim à vida de Isadora, uma alegre e amada dona de salão de beleza na periferia de Fortaleza em plena noite de Réveillon. Em outro ponto da cidade, durante as festividades, um infarto quase mata Sandro. A salvação vem do coração da transexual, transplantado para o preconceituoso playboy garanhão.


O que nenhum dos dois esperava era que este transplante fosse mudar a trajetória de ambos. Isadora não se conforma com a morte e por ter deixado pessoas que amava sem amparo. A começar pela esposa Vera (Germana Guilhermme) e o filho Davi (Brenno Leone). Já Sandro começa a refazer sua vida com um pouco mais de cuidado, até descobrir a origem de seu coração. Nesta hora, o preconceito fala mais alto. Ele se sente enganado e não aceita carregar no peito o órgão de uma mulher trans.



"Bate Coração" poderia ter explorado melhor essa questão da homofobia, assim como o tema principal, cuja abordagem ficou fraca, uma vez que a intenção era fazer com que as pessoas despertassem para a necessidade da doação de órgãos. Já o espiritismo entra para explicar a passagem para um plano superior e também para ajudar as pessoas a aceitarem melhor seus destinos.

Mas aí muda o filme e o foco. A história passa a mostrar uma família moderna, com a esposa que aceita o marido transexual e ainda formam um casal feliz e muito bem resolvido. Eles vivem em uma comunidade em que esta situação é bem aceita, inclusive pela vizinhança idosa do salão de beleza onde Isadora trabalhava.



A comédia conta também a história do filho de Isadora, que ainda não sabe a condição do pai. Além de várias histórias paralelas dos demais personagens. Mas o melhor é ver Sandro reavaliar sua postura preconceituosa, machista e também a de Isadora, que mesmo do plano espiritual, começa a influenciar o transplantado, fazendo-o se interessar por coisas femininas e tentando transformá-lo em uma pessoa do bem, sem preconceitos.

O diretor, também responsável pelos longa "Bezerra de Menezes - O Diário de Um Espírito" (2008) e "As Mães de Chico Xavier" (2011), lança a mão de várias informações e acaba não aprofundando em quase nenhuma deixando o filme meio que uma Sessão da Tarde animada. Já o roteirista buscou, além das duas peças de Ciambroni, referências em filmes famosos como "A Gaiola das Loucas" (1978/1996), "Ghost: Do Outro Lado da Vida", (1990), "Do Que As Mulheres Gostam" (2001) e "O Sexto Sentido". Cada um deles ganha uma referência em "Bate Coração", como a expressão “São Patrick Swayze” dita em alguns momentos do filme.


Mas ele acerta em alguns diálogos divertidos, na fotografia e no figurino, com muito brilho, plumas e paetês como deveria ser. Também a escolha da excelente trilha sonora que nos remete aos bons tempos, a começar pela música-tema "Bate Coração",  de Elba Ramalho, além de "Dancing Days", com As Frenéticas entre outros sucessos. Mesmo com essas falhas visíveis, "Bate Coração" ainda consegue passar uma mensagem interessante e positiva, tanto no âmbito social (com o tema da tolerância, da não discriminação e da doação de órgãos), quanto na esfera pessoal, com recados sobre doação, perdão, recomeços e até mesmo sobre espiritualidade. 


Ficha técnica:
Direção: Glauber Filho
Produção: Estação Luz Filmes
Distribuição: Downtown Filmes
Duração: 1h34
Gêneros: Comédia / Drama
Nacionalidade: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

Tags: #BateCoração, #GlauberFilho, #MauricioCanguçu, #AramisTrindade, #DowntownFilmes, #drama, #comedia, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

24 novembro 2019

Animação "O Reino Gelado - A Terra dos Espelhos" agrada como aventura e pelas belas mensagens

Gerda e a Rainha da Neve se juntam para salvar o reino do malvado rei Harold (Fotos: Peppermint Enterprises e Central Partnership/Divulgação)

Maristela Bretas


Até o nome é semelhante - "O Reino Gelado - A Terra dos Espelhos" ("The Snow Queen - Mirror Lands") e "Frozen - Uma Aventura Congelante" (sucesso de bilheteria da Disney de 2013). O roteiro também parece muito. Mas o que importa é que a animação russa atinge seu objetivo de divertir o público infantil. O conto de fadas, mesmo com grandes referências a outras produções de sucesso, foi bem desenvolvido.



Mas apesar da comparação, o que muitos não sabem é que o longa que deu origem à franquia Reino Gelado estreou em 2012, quase um ano antes de "Frozen" e completa quatro filmes com este que está em cartaz. A história é baseada no conto "A Rainha da Neve", escrito por Hans Christian Andersen. "A Terra dos Espelhos" dá continuação ao terceiro filme, "o Reino Gelado - Fogo e Gelo", de 2016.



No passado, Gerda (que lembra  Anna) aprisionou a Rainha do Gelo na Terra dos Espelhos e conseguiu salvar seus pais, levados pelo Vento do Norte. Agora, a jovem terá de se unir à vilã para novamente salvar os pais e todas as criaturas com poderes mágicos, ameaçados pelo rei Harold, que quer se vingar daquela que um dia o congelou, junto com o filho e todo o reino. Para isso, ele planeja banir todos para a "Terra dos Espelhos". Gerda vai precisar contar com a ajuda de seus amigos e de estranhos para impedir que ele faça isso.



"O Reino Gelado - A Terra dos Espelhos", como nos demais da franquia, tem uma bela mensagem para a família e passa boas lições aos pequenos: de amizade, união e amor entre pais e filhos, ajuda ao próximo, perdão àqueles que um dia lhe fizeram mal e reconhecimento de que um ser humano, quando quer, pode mudar para melhor. O diretor concentra em Gerda e nas personagens femininas todas as mensagens da animação: o drama da jovem que se sente excluída por não ter poderes mágicos como os pais e o irmão, a capacidade de perdoar, a força para lutar pelo que é justo e correto. A jovem vai contar com a ajuda de outras duas mulheres, a Rainha da Neve e a amiga Alfida.



A animação é bem colorida, com um belo visual especialmente nos voos sobre as nuvens e as aldeias, reproduzindo bem o estilo de conto de fadas de Hans Christian Andersen. O diretor também se preocupa em reforçar a importância de se acreditar na magia que um bom livro pode proporcionar ao colocar um conto de fadas nas mãos do pequeno príncipe herdeiro. O que desagrada ao rei, seu pai, que detesta a magia e acredita apenas na força da ciência para mudar o mundo. 



Um ponto negativo da produção é a versão dublada para o português, que perde a sincronia em alguns momentos, possivelmente uma questão mais técnica do que uma falha dos dubladores. Um deles é a atriz Larissa Manoela, que empresta a voz à jovem Gerda. Mas a aventura supera isso e apresenta ingredientes que estimulam a imaginação dos pequenos, com direito a voos de balão, navios voadores, piradas, robôs gigantes, personagens divertidos e atrapalhados. Uma animação para ser assistida em família.


Ficha técnica:
Direção: Aleksey Tsitsilin
Produção: Cinema Fund Russia / Wizart Animation / Central Partnership
Distribuição: Galeria Distribuidora
Duração: 1h26
Gêneros: Animação / Família / Aventura
País: Rússia
Classificação: Livre
Nota: 2,5 (0 a 5)

Tags: #OReinoGeladoATerraDosEspelhos, #animaçãorussa, #aventura, #família, #WizartAnimation, #GaleriaDistribuidora, #EspaçoZ, @cinemanoescurinho, @cinemaescurinho

22 novembro 2019

"Um Dia de Chuva em Nova York": Mais Woody Allen, impossível

Selena Gomez e Timothée Chalamet estão no elenco principal desta comédia romântica de encontros e desencontros (Fotos: Mars Films/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


"Um Dia de Chuva em Nova York" ("A Rainy Day in New York") reúne todos os ingredientes que não podem faltar em um filme assinado por Woody Allen: o diretor de cinema atormentado e excêntrico que, em crise, ameaça parar de trabalhar; o jovem universitário burguês que, para tentar negar sua origem, cultiva gostos e hábitos singulares e antigos; a loira lindíssima e meio caipira que, para ascender intelectualmente consome obras que nem sempre compreende; o roteirista que, em nome de salvar um filme, se transforma numa espécie de babá do diretor e esquece a própria família. 


E, claro, tem também o inusitado, detalhe primordial nas histórias de Allen, cuja marca mais característica é a surpresa. Junte-se a isso tudo o cenário que não pode faltar: ruas, trânsito, táxis, metrô, parques, restaurantes, hotéis e bares de Nova York, a cidade preferida do cineasta. 

O longa demorou um pouco para ser lançado devido a problemas de Allen com seus produtores após o escândalo das denúncias de sua própria filha envolvendo-o num caso de abuso sexual. Demorou, mas chegou. E entra em cartaz em Belo Horizonte com todos os requisitos para agradar aos fãs do diretor. No elenco, um equilíbrio de estrelas de diferentes portes: Timothée Chalamet como o universitário Gatsby; Elle Fanning como a estudante Ashleigh; Liev Schreiber como o cineasta Roland Pollard; Jude Law como o roteirista Ted Davidoff; Diego Luna como o ator canastrão Francisco Vega; Selena Gomez como Chan, entre outros.


Estudantes de uma universidade no interior, Gatsby e Ashleigh planejam passar um fim de semana em Nova York. Aluna de Jornalismo, ela tem uma entrevista marcada com Rolland Pollard, diretor que admira e de quem já viu todos os filmes. Por sua vez, o jovem vê, nessa oportunidade, a chance de mostrar à namorada a cidade como ele concebe e gosta: restaurantes e recantos antigos, onde não faltam pianos bem tocados e cantores à meia-luz. Imprescindível para Gatsby é não se encontrar, em hipótese alguma, com seus pais, tradicionais figuras da sociedade nova-iorquina dos quais ele quer manter distância.


Os desencontros começam a partir da primeira crise do diretor excêntrico assim que ele recebe a estagiária para a entrevista. A partir daí, é uma sucessão de acasos e surpresas, todas, claro, agravados com a chuva que não para de cair na cidade. Dessa vez, pode ser até que Woody Allen tenha exagerado nas tramas. 


Algumas situações ficaram com cara de trapalhadas, o que pode prejudicar a credibilidade. Um exemplo: a moça que tem que sair fugida e praticamente nua da casa do rapaz porque a mulher dele chega antecipadamente de uma viagem. Parece comedinha barata. Outro detalhe: Jude Law merecia uma participação maior. Enfim, é Woody Allen. É o de sempre. Mas convém assistir.
Classificação: 14 anos
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 1h33


Tags: #UmDiaDeChuvaEmNovaYork, #WoodyAllen, #TimotheeChalamet, #ElleFanning, SelenaGomez, #JudeLaw, #comedia, #romance, #ImagemFilmes, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho