19 julho 2020

“O Tempo Com Você”: Animação de Makoto Shinkai tem tudo para agradar aos fãs


Romance anime sobre um jovem que foge de casa para tentar a sorte em Tóquio e conhece uma garota especial (Fotos: Divulgação)

Jean Piter Miranda

Quem gosta de animações e de mangás (histórias em quadrinhos japonesas) certamente já ouviu falar no nome de Makoto Shinkai, artista de mangá, diretor, produtor e roteirista de cinema. O japonês de 47 anos é conhecido mundialmente por suas belas animações, com destaque para “Your Name” (2016). A obra mais recente do autor é “O Tempo Com Você” ("Tenki No Ko" // "Weathering With You"), de 2019, mas que, pra desespero dos fãs, ainda não chegou ao Brasil.

“O Tempo Com Você” conta a história de Hodaka Morishima, um adolescente de 16 anos que morava uma pequena ilha até fugir de casa para tentar a vida sozinho em Tóquio. E se morar em uma das maiores metrópoles do mundo não fosse um grande desafio com essa idade, o rapaz ainda conta com pouco dinheiro. Pra piorar, a cidade é castigada por chuvas ininterruptas. Nesse caos, ele conhece a jovem Hina Amano. E é aí que tudo muda na vida dos dois.


É um romance sim. A história gira em torno do casal na maior parte do tempo. Mas, diferente das outras de Shinkai, nessa outros personagens ganham mais espaço e importância na trama. Hina é órfã e vive com o irmão mais novo, Nagisa. Hodaka vai trabalhar e morar com Reisuke Suga, um homem que ele conheceu no navio quando viajava para Tóquio. Na casa também mora a jovem Natsumi.

O tempo do título não é relativo à cronologia. Todo mundo que já conhece Shinkai vai logo fazer essa associação, uma vez que o tempo é matéria prima e personagem em suas obras. Mas aqui não. Aqui é sobre meteorologia. Uma ambiguidade que não é considerada em outros idiomas. Inclusive, o título internacional ficou como “Wheatering With You”. A mudança de tempo entre sol e chuva é o que dá alma ao filme.


Hina é uma “garota-sol”. Coisa da mitologia japonesa. Ela faz uma prece e o céu se abre onde ela está por um curto período de tempo. Um dom. Algo mágico. Ela e Hodaka se juntam e começam a vender esse serviço de levar o sol para onde as pessoas estão. Como está chovendo sem parar em Tóquio, claro, aparecem muitos interessados, mesmo incrédulos. E o negócio dá certo e a dupla vai juntando seu dinheirinho. Mas claro, usar esses poderes místicos tem um preço. E é aí que mora o problema.



O filme é bem bonito como todas as obras de Shinkai. As cores, os detalhes dos desenhos, tudo bem realista. O sol, a luz, as flores, o vento, a chuva, o barulho dos trens, os prédios, as nuvens, as vidraças... Os movimentos das câmeras. É tudo muito agradável, até quando os ambientes são sombrios.

“O Tempo Com Você” é também mais dinâmico, se comparado com outros filmes do autor. As cenas de silêncio, muito presentes em seus filmes, são mais raras. Nessa nova animação há muito mais diálogos e os acontecimentos são mais rápidos. Tem muito do mundo de hoje e das tradições e lendas japonesas. Passado e futuro. Nada é mais japonês que isso. 


Shinkai trata outra vez de temas comuns em suas obras. A relação do homem com o meio ambiente, as dificuldades dos jovens em relação ao mercado de trabalho, a transição para a vida adulta, a construção de relacionamentos, os medos, anseios e necessidades, o não saber lidar bem com sentimentos. Tudo muito bem explorado de forma sutil no desenrolar da história. Que passa rápido e prende bem a atenção. É um filme gostoso de ver e tem tudo para agradar aos fãs do gênero.

Música
Outro ponto que agrada muito é a trilha sonora de “O Tempo Com Você”, em especial a música tema - “Is There Still Anything That Love Can Do?”, da banda japonesa Radwimps.



Comparações
É inevitável que os fãs que já conhecem as animações de Shikai façam comparações de “O Tempo Com Você” com outras obras do autor, em especial, “Your Name”. Há muitos pontos em comum sim. Qual será o melhor? É uma pergunta que vai ser bem difícil de responder. 

Enquanto o novo filme de Shinkai não estreia no Brasil, vale a pena aproveitar o tempo pra conferir outras produções de Shikai. O curta “Vozes de Uma Estrela Distante” (2002) pode ser visto aqui: https://vimeo.com/156345760

Os outros filmes podem ser encontrados em plataformas de streaming na web:
2016 - Your Name - na Netflix
2013 - O Jardim das Palavras - no Youtube
2007 - Cinco Centímetros por Segundo - no Youtube
2004 - O Lugar Prometido em Nossa Juventude - na Netflix


Ficha técnica:
Direção, roteiro e montagem:
Makoto Shinkai
Duração: 1h52
Exibição: Youtube
Gêneros: Animação / Fantasia
País: Japão
Classificação: 12 anos


Tags; #OTempoComVocê, #MakotoShinkai, #mangá, #animação, #WheateringWithYou, #TrailersBR, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

15 julho 2020

"The Old Guard" faz sucesso na Netflix e pode virar franquia


Charlize Theron comanda um grupo de mercenários que passa a ser perseguido por causa de suas habilidades especiais (Fotos: Aimee Spinks/Netflix)

Jean Piter Miranda


Quatro guerreiros imortais que se passam por pessoas normais. Eles vivem fazendo missões militares, como mercenários. Até aí, tudo bem. O problema aparece quando o segredo deles é descoberto e passam a ser perseguidos. Essa é a história de "The Old Guard", filme de ação com Charlize Theron, baseado na HQ de Greg Rucka, que também é roteirista da produção, em exibição na Netflix.

Desde o seu lançamento no dia 10 de julho, "The Old Guard" vem fazendo grande sucesso nacional e internacional, tendo recebido 80% de aprovação no Rotten Tomatoes. A direção de Gina Prince-Bythewood ("A Vida Secreta das Abelhas" - 2008) e a atuação de Charlize vêm recebendo elogios de fãs dos quadrinhos e de pessoas do meio artístico, como a diretora de cinema Patty Jenkins ("Mulher Maravilha" - 2017) e a atriz Mindy Kaling ("Oito Mulheres e Um Segredo" - 2018).


Tudo começa quando o grupo pega um novo serviço. Do tipo que é só mais um pra eles. O contratante é Copley (Chiwetel Ejiofor), um agente secreto. E aí o que parece ser uma missão normal acaba colocando o grupo na mira da indústria, digamos, farmacêutica, comandada por Merrick (Harry Melling). O empresário quer amostras de DNA dos “heróis” para poder descobrir o que eles têm de especial, fazer disso um produto e vender pra todo mundo.


É um filme de ação e, como a maioria, não dá pra fugir muito dos clichês. Algumas coisas ficam previsíveis. Traição, gente que se arrepende e muda de lado. E muita porrada e tiro, é claro. Nisso o longa é bem bom. Tem várias cenas ação, muito bem feita, sem economizar no sangue e na violência, coisa que agrada muito, por ser mais realista, e por não se ver em produções como as dos estúdios  Marvel e DC, por exemplo.


Charlize Theron manda muito bem na interpretação de Andy, a líder do grupo. Seja nos diálogos ou nas cenas de ação. O filme é dela, mesmo que muito da história gire em torno da personagem Nile Freeman (Kiki Layne). Charlize já se destacou em outros filmes de ação/futurista como "Mad Max: Estrada da Fúria" - 2016, "Aeon Flux" -2005 e o recente "Atômica" - 2017 (o segundo estreia em breve). A atriz que já ganhou um Oscar por "Monster" (2003) segue muito bonita, jovem e extremamente talentosa, aos 44 anos. Dá gosto de ver.


Voltando a "The Old Guard", o filme deixa muitas questões em aberto, como a origem dos personagens e o que poderia ser o ponto fraco deles. Certo é que vai ter continuação. Tem cena pós-crédito, bem fácil de entender. Ao que parece, se der sucesso, pode até virar franquia, mesmo que um ou outro ator deixe o elenco nas sequências.


Pra quem é mais exigente, mais detalhista, e mais chato mesmo, os clichês podem incomodar. Você vê uma e outra situação e tem certeza de já ter visto cenas iguais. É a receita que dá certo para a indústria do cinema, então não dá para arriscar muito. Para quem vai assistir como mero entretenimento, o filme é bem bom. Está consideravelmente acima da média. E tem Charlize, o que já conta muito.


Ficha técnica:
Direção:
Gina Prince-Bythewood
Produção: Skydance Productions / Denver and Delilah Productions
Exibição: Netflix
Duração: 1h59
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Ação/ Fantasia

Tags: #TheOldGuard, #NetflixBrasil, @CharlizeTheron,@KikiLayne, @GunaPrinceBythewood, @ChiwetelEjiofor, #cine, #filme, #ação, #fantasia, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho


11 julho 2020

Impossível não se comover com “Adú”, o menino refugiado que busca um lugar no mundo

O fio condutor é o drama dos refugiados, que fogem dos seus próprios países (Fotos: Manolo Pavón e Netflix)


Mirtes Helena Scalioni


História 1: dois irmãos, Adú e Alika, – ele com sete, ela com nove anos – vivem numa aldeia em Moçambique e um dia, voltando da escola de bicicleta, testemunham o assassinato de um elefante numa reserva ambiental. O objetivo dos caçadores é extrair o marfim.

História 2: Gonzalo, um próspero empresário espanhol, é um ativista ambiental e coordena uma ONG de preservação dos elefantes. Desiludido e em conflito com os aldeões, decide trazer para a África sua filha drogada Sandra, numa tentativa de recuperar a relação entre os dois.




História 3: um grupo de africanos tenta ultrapassar a fronteira entre Marrocos e Espanha na cidade de Melilla. Um conflito com os soldados acaba na morte de um refugiado, mudando a vida de um dos guardas, Mateo.

História 4: aos 15 anos, cansado de ser abusado em algum lugar da Somália onde vivia, o adolescente Massar, de 15 anos, foge de casa a pé. Atravessa o deserto do Saara, passa pela Líbia e chega ao Marrocos, onde tenta viver de pequenos furtos.


Foi apostando no entrelaçamento dessas histórias carregadas de dramas que o diretor espanhol Salvador Calvo criou “Adú”, o mais novo sucesso retumbante do Netflix, depois do comovente “O Milagre da Cela 7”. Em ambos, há uma criança como protagonista, o que já garante boa dosagem de emoção. Impossível não se comover.

O fio condutor de “Adú” é o drama dos refugiados, tão em voga no mundo atual. A saga e o sofrimento dessas pessoas que fogem dos seus próprios países em busca de uma vida digna foram a inspiração do diretor, ele próprio um ex-voluntário de um serviço de ajuda e acolhimento na Espanha. Segundo conta, são terríveis os relatos de adultos e crianças nessa trajetória de buscar asilo.



Não dá pra negar que o grande trunfo do longa é o estreante Moustapha Oumarou, o pequeno que faz Adú. De Benin, ele parece ter nascido para atuar. Seus olhos grandes e expressivos falam direto ao coração do espectador. Sem dúvida, um achado. Difícil não se enternecer com a saga do menino e sua irmã Alika (Zayiddiy Dissou) que, escapando da violência e da miséria da palafita onde moram, saem sozinhos mundo afora em busca de um lugar seguro para viver.



Na verdade, todo o elenco está irrepreensível. De Adam Nourou como o atormentado e generoso adolescente Massar, a Álvaro Cervantes como o soldado Mateo, passando por Anna Castillo como a drogada Sandra, ou Luis Tosar como o empresário benfeitor Gonzalo, assim como o restante do elenco, todos dão seu recado com maestria.



Pelo andamento do filme, enquanto as histórias ameaçam se tocar, espectadores mais experientes acabam por esperar um entrelaçamento óbvio, para o qual parece caminhar a trama. Surpreendentemente, o esperado não acontece. Mais um ponto a favor do diretor de “Adú”, que não se rendeu às obviedades.




Ficha técnica:
Direção:
Salvador Calvo
Exibição: Netflix
Duração: 1h59
Classificação: 12 anos
Nacionalidade: Espanha
Gênero: Drama


Tags: #Adú, #drama, @MoustaphaOumarou, @SalvadorCalvo, @Netflix, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho, #JuntosPeloCinema

10 julho 2020

"Escritores da Liberdade" - Escola de vidas e aprendizado

Hillary Swank interpreta a professora Erin Gruwell, que incentiva os alunos a superarem seus medos e preconceitos (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)

Silvana Monteiro - Especial para o blog


"Escritores da Liberdade" é um filme que te faz acreditar na humanidade e, mais ainda, no poder da educação. É uma história muito propícia aos tempos atuais. Apesar de ter sido lançado em 2007, somente há pouco tempo passou a compor o catálogo da Netflix. O filme é baseado no best-seller "The Freedom Writers Diaries", que reúne relatos reais da professora americana Erin Gruwell e de seus alunos.



No drama, Erin Gruwell é uma jovem professora, representada pela premiada Hillary Swank. Cheia de vontade de ensinar, ela encontra uma turma de alunos indispostos aos estudos. O comportamento deles acaba se revelando uma consequência da complexidade de suas histórias de vida. Os estudantes vivem em guetos e têm problemas que vão desde a questão socioeconômica à privação de direitos, preconceito racial e abandono afetivo.


Ela acaba se envolvendo com a história pessoal de cada um deles. Essa relação fica mais profunda quando ela pede que eles façam um diário de suas vidas. E os incentiva a superar seus medos e problemas por meio da escrita, da leitura e do conhecimento de outras culturas.

Além de lidar com o desafio de conquistar os alunos, cuja conduta é indisciplinada e arredia, a Sr. G., como é chamada por eles, vai ter que vencer a descrença do marido, a má vontade da diretora da escola e a distância dos próprios pais. 

 
Além de Hillary Swank, o elenco conta ainda como nomes conhecidos como Patrick Dempsey, Scott Glenn e Imelda Staunton. Se você gosta de obras como "Ao Mestre Com Carinho" e "Sociedade dos Poetas Mortos" vai gostar desse filme. Se deseja assistir a uma história animadora, cheia de superação e esperança, aperte o play.



Ficha técnica:
Direção e roteiro:
Richard LaGravenese
Exibição: Netflix
Duração: 2h03
Produção: Paramount Pictures
Classificação: 12 anos
Gênero: Drama


Tags: #baseadoemfatosreais, #baseadoemlivros, #literatura, #professores, #alunos, #educação, #esperança, #superação, #JuntosPeloCinema, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

07 julho 2020

Campanha #JuntosPeloCinema une setor e lança site e vídeo, enquanto as salas estão fechadas



Da Redação


Pela primeira vez no mercado brasileiro, exibidores, distribuidores, produtores, criativos e parceiros da indústria estão envolvidos em um projeto único com o intuito de preparar e implementar a retomada do cinema no Brasil, num movimento chamado #JuntosPeloCinema. É uma ação inédita que, respeitando a individualidade de cada empresa e mantendo a livre concorrência, busca ações para manter acesa a magia do cinema.

Colaborando desde final de março, o grupo de profissionais voluntários envolvidos no projeto tem como meta retomar o diálogo entre a experiência da sala de cinema e o público, de agora até o momento de reabertura das salas pelas autoridades, respeitando os protocolos aplicáveis de segurança e bem-estar já determinados ou em elaboração pelos governos locais.

Veja abaixo o vídeo, concebido pela agência e produtora La Unión, que estreia hoje. A campanha se inicia agora e segue pelas próximas semanas. Para acessar o site do movimento: https://www.juntospelocinema.com.br/.



A ideia nasceu dos profissionais que atuam no meio audiovisual visando auxiliar o segmento de mercado de exibição no Brasil a reencontrar seu público. As ações concretas são mediadas pela Flix Media, empresa especializada em comercialização de espaços publicitários no cinema.

Neste momento, o que importa é uma coisa: relembrar a experiência incomparável da exibição nas salas de cinema. Esse esforço coletivo e pro bono de mais de 200 profissionais do mercado em prol do cinema é fundado no propósito de oferecer um ambiente de segurança e bem-estar para o público e de preservar milhares de empregos ligados à indústria cinematográfica, do set de filmagem à sala de exibição.


E quando as salas de cinemas abrirem? O movimento #JuntosPeloCinema ainda irá ajudar a esclarecer as possíveis dúvidas dos espectadores, comunicará os filmes em cartaz ou a estrear e oferecerá um conteúdo muito especial: o Festival De Volta para o Cinema, idealizado pelo crítico, curador e apresentador Érico Borgo em parceria com distribuidores e exibidores, um projeto único na história do nosso cinema.

O Festival está programado para estrear junto com a reabertura das salas. Distribuidores nacionais e estrangeiros conseguiram os direitos e as cópias digitais de filmes que emocionaram os brasileiros. São clássicos, sucessos de bilheteria e crítica que integrarão comas estreias a programação de filmes nas duas primeiras semanas após a abertura. Uma pesquisa de opinião realizada pelo movimento apontou o interesse do moviegoer em rever filmes que marcaram a história do cinema.

Tags: #JuntosPeloCinema, @SonyPicturesBrasil, @WarnerBrosPicturesBrasil, @EspazoZ, #FestivalDeVoltaParaOCinema, @ParamountPicturesBrasil, @FlixMediaLab, @ParisFilmes, @GaleriaDistribuidora, @UniversalPicturesBrasil, @Cinemark_oficial, @cinemanoescurinho

05 julho 2020

"22 de Julho" uma história real de superação vencendo o ódio e a intolerância racial

Produção é baseada no maior ataque terrorista da Noruega, ocorrido em 2011 (Fotos: Netflix/Divulgação)

Maristela Bretas


Triste, revoltante e envolvente. Este é "22 de Julho" ("22 July"), produção de 2018 da Netflix feita a partir do maior atentado terrorista ocorrido na Noruega em 2011. No massacre, 77 pessoas foram mortas e mais de 200 feridas em dois ataques - um a bomba na sede do governo em Oslo, e outro a tiros contra um grupo de jovens num acampamento na ilha de Utoya. Ambos feitos por um fanático de extrema-direita, contrário à política de igualdade social do governo.


Baseado no livro "Um de Nós: A História de um Massacre na Noruega e suas Consequências", de Asne Seierstad, "22 de Julho" recebeu a excelente direção do indicado ao Oscar Paul Greengrass ("Capitão Phillips"- 2013, "Voo United 93"- 2006). O filme parte da experiência real - física e emocional - vivida por um dos sobreviventes, sua luta para superar as sequelas do trauma sofrido e a busca por justiça contra o autor do massacre.


Viljar Hanssen (interpretado por Jonas Strand Gravli, da série "Ragnarok", também da Netflix) é um estudante de 18 anos que estava na ilha com o irmão e levou cinco tiros do terrorista. A partir dos atentados, a produção mostra sua longa trajetória de recuperação até o reencontro no tribunal com o autor do massacre, Anders Behring Breivik (vivido por Anders Danielsen Lie), um norueguês com ideais fundamentalistas cristãos e anti-islâmicos.


Segundo declarações do terrorista apresentadas no filme, ele escolheu os alvos por considerá-los "marxistas", jovens da elite que faziam parte da Liga da Juventude. O movimento estudantil era ligado ao Partido Trabalhista, que governava a Noruega e tinha uma política de acolhimento de imigrantes. Breivik não concordava com isso e considerava tudo uma conspiração para destruir os valores da sociedade.

O verdadeiro Anders Breivik e o ator Anders Danielsen Lie,
que o interpreta no filme (Reprodução Internet)

Paul Greengrass é bem meticuloso, assim como o terrorista, contando cada detalhe da preparação dos atentados até o ataque. Tudo começa com explosão da bomba na sede administrativa do Governo, no centro da capital Oslo. Na sequência, o assassino, disfarçado de policial, segue para a ilha de Utoya onde mata dezenas de jovens com tiros de metralhadora. O estudante Viljar está com o irmão mais novo e alguns amigos participando do acampamento e se torna um dos alvos durante a fuga.


As cenas da caçada aos jovens e do massacre são bem violentas e causam revolta com o desprezo de Breivik pela vida humana. Ele é frio, sádico e tem plena consciência do que está fazendo. Durante todo o processo tenta manipular a opinião pública e até mesmo seu advogado de defesa, em favor de sua causa extremista.

O diretor também aproveitou bem as belezas naturais da Noruega, como as florestas bem verdes da região onde o terrorista morava e a mata da ilha de Utoya, palco do maior massacre. As montanhas cobertas de neve no inverno foram o fundo escolhido para a solidão de Viljar.


"22 de Julho" é uma produção feita pelos EUA, Noruega e Islândia e foi rodada no idioma inglês, apesar de todos os atores serem noruegueses, a maioria desconhecidos, mas que cumpriram bem seus papéis. O longa serve de alerta para o crescimento, em todas as partes do mundo, dos movimentos radicais extremistas, que pregam a intolerância racial, o nazismo, o fascismo e a violência, especialmente contra as mulheres. Vale a pena ser conferido.

Outra produção

Também em 2018 foi lançada outra produção sobre o mesmo tema, desta vez totalmente norueguesa, "Utoya: 22 de Julho", dirigida por Erik Poppe. A história é encenada num único plano sequência, pelo ponto de vista da personagem Kaja (interpretada por Andrea Berntzen), que brincava com a irmã minutos antes do ataque ao acampamento na ilha de Utoya. Mas por ter escolhido essa opção de filmagem, o diretor deixa de lado explicações importantes sobre o atentado, tornando a produção bem fraca em conteúdo.


Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Paul Greengrass
Exibição: Netflix
Duração: 2h24
Classificação: 16 anos
Gêneros: Ação / Drama
Países: Noruega / EUA / Islândia
Nota: 4 (0 a 5)

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02 julho 2020

"A Comédia dos Pecados" - Imagina se as paredes do convento falassem

Alison Brie, Aubrey Plaza, Kate Micucci são as freiras nada convencionais (Fotos: Sundance Institute/Divulgação)

Silvana Monteiro - Especial para o blog


Misturar o sagrado e o profano é uma receita  antiga pra mexer com a cabeça dos telespectadores. Em "A Comédia dos Pecados" ("The Little Hours"), mais um entre os top 10 da Netflix, outros ingredientes são acrescentados para esquentar a trama. Um convento habitado por jovens freiras com os nervos e os desejos à flor da pele. Erguido no meio da mata, é um lugar bucólico acessado apenas por uma ponte. Agora, imagine um jovem fugitivo - Massetto (Dave Franco), boa pinta, que até então, para elas, não ouve e nem fala, indo morar ali como criado?


O padre Tommasso (interpretado por John C. Reilly), responsável pelo local, e a Madre Superiora (vivida por Molly Shannon) tentam parecer  livres de qualquer suspeita para  manter as moças firmes na doutrina. Ah! Mas essa história de desejos sexuais reprimidos todo mundo já imagina no que pode dar.


E por falar em dar, as freiras Alessandra, Fernanda e Ginevra - papéis de Alison Brie, Audrey Plazza e Kate Micucci - não vão deixar barato. A fortaleza divina, neste caso, fica restrita às grossas paredes do castelo, pois nesse enredo tem de escravo sexual a rituais secretos na floresta e homossexualidade. O longa "A Comédia dos Pecados" é baseado na obra "Decameron" uma coleção de 100 novelas escritas pelo poeta renascentista Giovanni Boccaccio entre 1348 e 1353. Foi exibido, inicialmente, no Festival Sundance, de 2017.


Além disso, as freiras enclausuradas contam com a ajuda de um animal, que nessa história, pra sorte delas, não recebeu o dom da fala. As insaciáveis religiosas não se intimidam diante da confissão e da penitência, pelo contrário vão fazer de tudo pra viver seus pecados.

O filme tem uma boa fotografia, graças às locações feitas na bela região da Toscana, na Itália. Com leves pitadas de humor, o enredo beira a fragilidade. Mas se você quer ver uma história que mistura sensualidade, humor, sexualidade e cenas de romances sórdidos, se joga!


Ficha técnica:
Direção e roteiro
: Jeff Baena

Distribuição: Netflix
Duração: 1h30
Gêneros: Comédia / Sexo
Países: EUA / Canadá
Classificação: 16 anos

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