Muitas batalhas, grandes efeitos e histórias detalhadas dos personagens menos conhecidos (Fotos: HBO Max/Divulgação) |
Maristela Bretas
Esqueça a primeira versão de "Liga da Justiça"
dirigida por Joss Whedon. Apesar das quatro horas de duração, a que vale é a
tão esperada de Zack Snyder que entrega um filme com muita ação, emoção e
batalhas épicas, apesar de exagerar nas cenas em slow motion. Virou até piada
entre alguns fãs, que alegam que a longa duração foi por causa da câmera lenta
em várias lutas.
"Snyder Cut" entrega o que se esperava de uma boa
produção de super-heróis da DC Comics, depois de algumas decepções como
"Batman vs. Superman: A Origem da Justiça" (2016), do mesmo Snyder, e
da famosa frase "Salve Martha". Não fosse a batalha final, com a
participação da Mulher Maravilha, o estrago seria ainda maior.
Na sequência, "Liga da Justiça" (2017) alivia a
decepção, mas assistindo "Snyder Cut" é que a gente percebe como o
anterior ficou com cara de filme de heróis bonzinhos, com final feliz e sem
impacto. Até as cenas do epílogo são mornas perto das novas. Faltou no primeiro um
"smash, smash" que até o Hulk fez melhor com Loki em "Os Vingadores" (2012), da
Marvel, dirigido também por Whedon.
Aí chega Zack Snyder com sua versão inicial e arrasa
quarteirão desde a abertura até a última cena, sem dó de mostrar lutas
sangrentas, heróis complexos e com dramas, sempre familiares e mal resolvidos,
mas que se unem em defesa da Terra contra os vilões Steppenwolf (Lobo da Estepe), De Saad e o
líder Darkseid.
Aquaman (Jason Momoa), Ciborgue (Ray Fisher) e até mesmo o
Flash (Ezra Miller), com seu humor e simpatia, se mostram mais sombrios e
atormentados por questões particulares mal resolvidas. Até a Mulher Maravilha
(Gal Gadot) expõe seu lado de guerreira amazona e se iguala em participação e
poder aos personagens masculinos.
Se no primeiro filme, o colorido das roupas dela e de Flash
quebram a escuridão do mundo de Batman, neste os tons escuros predominam,
retomando uma característica mais dark do Universo DC. Outro ponto que foi
perdido na edição de 2017 com a mudança de direção.
O Batman de Ben Affleck mudou pouco, manteve seu lado
sombrio e, apesar de ser o líder da Liga, ficou quase como um coadjuvante na
produção de Snyder. Quem dá show é o Superman de Henry Cavill com o traje preto
e sangue nos olhos. Espetáculo em todos os sentidos. E olha que ele só apareceu
mais no final para fechar a fatura. Algumas cenas são de arrepiar. Por sinal,
Cavill, Affleck e Momoa formam um time de tirar o fôlego.
Na nova versão, Flash e Ciborgue ganham mais espaço que os
heróis mais famosos e suas histórias são contadas com mais detalhes, assim como
de outros, um segundo ponto importante que faltava. Isso ajuda a entender a
origem de cada um e facilita para quem não assistiu aos filmes-solo de alguns
deles, como "Mulher Maravilha" (2017) e "Aquaman".
Flash
também vai ganhar seu próprio filme, com estreia prevista para 2022, com Ezra
Miller retornando ao papel do homem mais rápido do mundo. Já o Ciborgue perdeu
em tudo, a começar pelo ator Ray Fisher que deixou o papel, e até o momento os
estúdios estão descartando uma produção para breve sobre o herói cibernético.
"Liga da Justiça - Snyder Cut", mesmo utilizando
muitas partes da versão anterior, é quase um filme novo, muito melhor, mais bem
feito, sem saltos que deixam o espectador sem entender como surgiram algumas
situações. Vendo este agora fica parecendo que o primeiro foi feito por Whedon
para cumprir tabela e acabar logo, depois de pegar o carro andando. E acabou
impondo seu estilo "Vingadores" de ser, o oposto de Zack Snyder que
se afastou da direção por problemas familiares.
Mas faltou falar sobre os efeitos visuais de "Snyder
Cut". Simplesmente incríveis, o filme é o melhor de todos do diretor, pois
conseguiu aproveitar e explorar bem os superpoderes e as histórias de cada
herói, especialmente os menos conhecidos, destacou o lado emocional de cada um.
O que o diretor fez foi um novo filme, acrescentou não só muitas e melhores
cenas, mas também mais personagens, deu uma nova perspectiva e criou uma
narrativa mais envolvente, apesar de mais pesada.
Foram quatro horas bem aproveitadas em frente à telinha da
TV, com um filme dividido em seis partes. O diretor Zack Snyder pode dormir
tranquilo, pois realizou uma de seus melhores trabalhos, talvez o melhor com os
super-heróis do universo DC, respeitando os quadrinhos e os fãs. E apontou para
o que seria o último filme da trilogia planejada inicialmente pelo diretor e
que, em princípio, está adiada.
"Liga da Justiça - Snyder Cut" pode
ser alugado em várias plataformas digitais: Now, AppleTV, Claro, Google Play,
Playstation, Sky Play, UOL Play e Vivo Play. Inesquecível e imperdível.
Ficha técnica:
Direção: Zack Snyder Exibição: Plataformas digitais por aluguel
Produção: HBO Max / DC Comics
Duração: 4h02
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Ação / Aventura / Fantasia
Nota: 4,8 (de 0 a 5)