Ficção dirigida por Denis Villeneuve conta no elenco principal com Timothée Chamalet e Rebecca Ferguson (Fotos: Warner Bros. Pictures) |
Maristela Bretas e Jean Piter Miranda
Como dividiu "Duna" ("Dune") em duas partes, resolvi fazer esta crítica do filme em dupla com meu amigo e colaborador Jean Piter. Afinal esta grandiosa ficção científica do premiado diretor canadense Denis Villeneuve ("A Chegada" - 2017) merecia, apesar de alguns pontos que deixaram a desejar. "Duna" é espetacular em visual, locações, fotografia e elenco. Certamente será indicado a diversas premiações, inclusive o Oscar. O longa tem estreia prevista na HBO Max no Brasil já no final deste mês.
O quesito locação é fantástico e se deve a uma exigência de Villeneuve de que as cenas fossem gravadas em locais reais para retratar o desértico planeta Arrakis. E a escolha ficou para os desertos de Wadi Rum, na Jordânia, e Rub' al-Khali, em Abu-Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, cujas areias douradas foram palco da maioria das cenas de dunas.
O mesmo aconteceu com os fiordes de Standlander, na Noruega, para a locação das montanhas e praias onde a família Atreides vivia. Já as filmagens de estúdio foram feitas em Budapeste, na Hungria. Realmente um filme internacional.
Mas se a parte visual garante o sucesso de "Duna", o desenrolar da história é o ponto fraco. Dividido em duas partes - o segundo filme foi confirmado para 2023 -, o longa se arrasta em explicações e disputas de gabinete cansativas. O elenco caro e de primeira é pouco aproveitado, e até o casal principal - Timothée Chamalet ("Me Chame Pelo Seu Nome" - 2018 e "Adoráveis Mulheres" - 2020), como Paul Atreides, e Zendaya (“Homem-Aranha: Longe de Casa” (2109), como Chani, a guerreira do deserto de Arrakis - até o momento, não tem química nem graça).
O personagem de Chamalet não mostrou a força esperada como herói. A expectativa é que o potencial de atuação para um filme de ação seja apresentado no segundo filme. Zendaya ficou para a segunda fase, uma vez que pronunciou uma meia dúzia de palavras e uns cinco minutos de rápidas aparições. Vai ter trabalho dobrado para mostrar a que veio.
O destaque na atuação fica para sempre ótima Rebecca Ferguson ("Doutor Sono" - 2019) como Lady Jessica, mãe de Paul, que domina as cenas em com uma presença marcante. Outro que também está muito bem é Oscar Isaac ("Star Wars - O Despertar da Força" (2015), como o duque Leto Atreides, pai de Paul. Mas como ele, o talento de muitos integrantes do elenco caro e de qualidade é pouco explorado.
Isso aconteceu com Javier Bardem ("Todos já Sabem" - 2019) como Stilgar, o guerreiro do deserto; Jason Momoa (“Aquaman” - 2018) e Josh Brolin ("Vingadores: Ultimato" - 2019), como os guerreiros do duque Atreides, Duncan Idaho e Gurney Halleck; Stellan Skarsgard ("Vingadores: Era de Ultron" - (2015), no papel do barão Harkonnen; Dave Bautista ("Guardiões da Galáxia” - 2014), como Rabban Harkonnen, que apesar de ser guerreiro, praticamente não luta) e Charlotte Rampling (“Assassin's Creed” (2107), interpretando a Reverenda Mohiam, entre outros atores.
A história de "Duna" se passa em um futuro distante, com planetas comandados por casas nobres que fazem parte de um império feudal intergaláctico. Paul Atreides é filho do duque Leto Atreides e de Lady Jessica. Sua família toma o controle do planeta Arrakis, também conhecido como Duna, produtor de uma especiaria alucinógena - o melange. Na disputa com outras famílias pela extração da substância, ele é forçado a fugir para o deserto com a ajuda de sua mãe e se junta às tribos nômades.
Não podemos esquecer a trilha sonora, outro ponto forte do filme, sob a responsabilidade do premiado compositor Hans Zimmer ("Blade Runner 2049" - 2017). São 41 músicas, com destaque para a versão de "Eclipse", da banda Pink Floyd, de 1973.
A avaliação de Jean Piter
O elenco é maravilhoso, bem estrelado, sendo que Rebecca Ferguson é a que mais destaca no quesito atuação. Timothée Chalamet "manda bem", uma vez que o papel pede que ele seja mais introspectivo para depois se tornar um herói, embora se espere muito dele no filme. Mas não brilha tanto quando se esperava. O mesmo acontece com Zendaya, que teve uma participação muito pequena, não permitindo que ela seja avaliada.
Outros no elenco que não estão em sua praia são Josh Brolin e Javier Bardem, que não está ruim, mas causa estranhamento vê-lo neste tipo de filme. Dave Bautista também muito pouco aproveitado no filme. Esperava muitas cenas de ação com ele e elas não vieram. Talvez venham no filme dois. Jason Momoa também está muito bem, mas a aparência dele ainda lembra muito o Aquaman, principalmente nas cenas de ação.
Sobre as cenas de lutas, elas têm muitos cortes e são muito distantes, deixando a desejar, especialmente nos combates corporais. Em "Duna", você sente que as lutas estão numa velocidade mais baixa, bem lentas, se comparamos a filmes como "John Wick", em que elas e mostram mais dinâmicas e reais, com a coreografia bem ensaiada.
Quanto ao filme, eu também tenho receio que, por terem deixado toda a solução para o segundo filme, a produção não queira acelerar demais e acabe ficando corrido e estragando alguma coisa.
Enfim, ficou para a continuação a narrativa com mais ação e o melhor aproveitamento dos personagens que sobreviveram às batalhas deste primeiro filme. Uma coisa é quase certa: o visual continuará sendo o maior destaque. Vamos aguardar.
Curiosidades de "Duna"
- O filme é uma adaptação da renomada obra da ficção científica homônima, escrita por Frank Herbert em 1965.
- Para suportar o calor de 50 graus dos desertos, os atores precisavam gravar durante a madrugada, com horário restrito.
- "Duna" já ultrapassou a marca de US$ 300 milhões nas bilheterias de todo o mundo, sendo que no Brasil, mais de 520 mil pessoas foram ao cinema, arrecadando mais de R$10 milhões.
Ficha técnica
Direção: Denis VilleneuveProdução: Legendary Pictures / Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros Pictures
Gêneros: Ficção científica / Drama
Classificação: 14 anos
País: EUA
Nota: 4 (0 a 5)